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Filantropia no Brasil tem espaço para crescer

Estudo do Instituto Beja faz um retrato do setor no país

Filantropia no Brasil tem espaço para crescer
Filantropia no Brasil tem espaço para crescer

A filantropia no Brasil tem oportunidade para crescer seu nível de investimento em pelo menos seis vezes. Hoje, o total estimado é de US$4 bilhões em doações anuais, cerca de R$20 bilhões. Com base no número de bilionários, 54 conforme dados da Forbes, o país teria potencial para chegar a US$28 bilhões em apoios. A conclusão faz parte do estudo “O Futuro da Filantropia no Brasil: Contribuir para a Justiça Social e Ambiental”, elaborado pelo Instituto Beja, organização de impacto social para uma filantropia colaborativa.

O estudo faz um panorama da filantropia no Brasil. Para montar esse retrato, 21 filantropos brasileiros e 21 profissionais ou especialistas atuantes no setor foram entrevistados entre setembro e dezembro de 2022. Segundo o relatório, a doação é comum em todos os níveis socioeconômicos da população. A classe média é vista como a mais consciente e empática por conviver mais diretamente com os problemas sociais. Entre os mais ricos, porém, essa prática está aquém da capacidade financeira desse grupo. A percepção é de que existe receio em contribuir de forma mais significativa.

“Quando a doação envolve dinheiro, a relação de confiança é menos estabelecida”, avalia o relatório. De acordo com Cristiane Sultani, fundadora e presidente do Instituto Beja, para aumentar a cultura da filantropia, é preciso conquistar espaços em políticas públicas com o governo federal, melhorando o sistema fiscal das doações, e garantir que os ‘endowments’ (fundos patrimoniais filantrópicos) tenham mais segurança jurídica.

A apresentação do estudo foi realizada em abril, em São Paulo, e contou com a presença de filantropos, instituições e ONGs do setor. O evento marcou também o início do movimento “Filantropando – Oxigenando boas ações”, idealizado pelo Instituto Beja. O objetivo é promover um ambiente de trocas e discussões sobre a filantropia, alinhando comunicação e estratégias em busca de aprimoramento do setor.

O relatório também aponta que a forma como as fundações operam no Brasil está mudando. Entre 20% e 30% são de iniciativas subsidiadas, ou seja, de fundações que apoiam projetos desenvolvidos por outras instituições. A mudança é impulsionada por fatores como o impacto da pandemia da Covid-19 e o reconhecimento do valor do fortalecimento da sociedade civil. Já em relação às causas, a filantropia se mantém focada em temas tradicionais, com destaque para a educação e saúde, mas com tendência para ações voltadas aos direitos humanos e à justiça social.

Há ainda um crescente apoio financeiro internacional às questões ambientais e de mudanças climáticas. “O governo brasileiro atual parece estar mais inclinado na área de proteção ambiental. Pelo menos, há um otimismo internacional para esse setor”, avalia a consultora independente de filantropia estratégica Silvia Bastante de Unverhau, autora do estudo e parceira da Braymont Philanthropy Advisory.

Mudança sistêmica

O relatório sugere reflexões da chamada “mudança sistêmica” e de que forma esse conceito pode desenvolver ainda mais a prática de filantropia. “Mudança sistêmica é ver a causa real de um problema. Se você tem uma população passando fome, é preciso entender o porquê. É dar um passo adiante na filantropia”, explica Peter Drobac, diretor da Skoll Centre for Social Entrepreneurship da Universidade de Oxford. Ele explica que a filantropia reúne todos os atores que lidam com a mesma causa para promover um futuro melhor.

Para essa mudança ocorrer, na opinião da filantropa americana Peggy Dulany, é importante a filantropia ter estratégia e pensar a longo prazo. Dulany é presidente e fundadora da Synergos, organização sem fins lucrativos que visa reduzir a pobreza global e acompanhou o lançamento do relatório. “Ter um grupo de pessoas discutindo a filantropia, como esses profissionais presentes na divulgação desse estudo, é essencial. Questões de equidade e de inclusão são necessárias para um Brasil mais inclusivo, participativo e colaborativo”, avalia.

Mais informações no site http://institutobeja.org/filantropando/

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