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Mulheres à frente do mercado de cannabis medicinal

É grande o contingente de mulheres no segmento, seja no comando das empresas, diante de associações e entidades de pacientes, como mães, incentivadoras e advogadas; elas estarão presentes no principal evento B2B que apresentará as diferentes soluções da planta para variadas necessidades patológicas

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(Foto: Reprodução)

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022, as mulheres representam 51,1% da população brasileira e estão presentes nas universidades e no universo empresarial.

Dentre os espaços que carregam a experiência feminina, destaca-se o mercado de cannabis medicinal, que, segundo o Instituto Kaya Mind, em 2022 atingiu a cifra de R$ 363 milhões e este ano deve chegar a R$ 655 milhões, com mais de 200 mil pacientes e 400 marcas.

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Uma dessas mulheres do setor canábico é Thaise Alvarez, advogada, fisioterapeuta e fundadora e CEO da Alma Lab, empresa de produtos 100% orgânicos que propõe facilitar o acesso a terapias canabinoides no país. Ela será uma das expositoras da segunda edição da Medical Cannabis Fair e do Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal. Organizado pela Sechat – plataforma de conhecimento e negócios voltada ao uso medicinal e mercadológico da planta – o evento vai acontecer, no Expo Center Norte, São Paulo (SP), em 4 e 5 de maio de 2023, reunindo cerca de 8 mil profissionais do setor, mais de 60 estandes e 100 marcas de negócios medicinais e industriais.

Na opinião da Thaise, a feira fomenta o mercado cientificamente, além de ser uma maneira de marcar presença entre os melhores do setor: “Momento para difundir o conhecimento sobre os produtos para o público e de mostrarmos aos pacientes e prescritores a nossa atuação”.

A Alma Lab conta com um grupo de mães de autistas com espaço para depoimentos, desabafos e compartilhamento das experiências. “Fazemos um monitoramento mensal e tiramos dúvidas. Uma enfermeira traz segurança aos pacientes e realiza a ponte com o médico quando é preciso ajustar a dosagem ou diante de algum sintoma não desejado”, detalha Thaise.

Ana Luiza Rios, CEO da Just Hemp Brasil atribui às mulheres a existência do mercado da cannabis.  “Mães lutaram para trazer uma vida melhor aos seus filhos, tanto na questão do Habeas Corpus de cultivo caseiro como na importação do produto, são pioneiras, e isso incentiva outras mulheres a entrarem neste segmento pelas mais diversas vias”. O sexo feminino ocupa lugares de destaque em áreas como: pesquisa, jurídico, empresarial, jornalismo, saúde e poder público do mundo canábico. “Reunir representantes para discutir pautas importantes dá a segurança de se estar caminhando no sentido correto”, enfatiza Ana Luiza.

Maria Eugênia Riscala, CEO e co-fundadora da Kaya Mind, empresa especializada em coletar informações do setor da cannabis e transformá-los em dados, vê vantagens para a mulher nessa área. “Outros segmentos, como o de construção civil, carregam preconceitos históricos. Já no de cannabis as mulheres têm a chance de se posicionarem de maneira pioneira”, destaca Maria Eugênia que também é expositora da feira. Ela destaca o evento como um ambiente de networking: “Dá a oportunidade de quem ainda não está no mercado conhecer quem está e conhecer outros players, ou novos prospects, clientes e parceiros comerciais”.

A doutora Mariana Maciel, da Thronus Medical, biofarmacêutica canadense de DNA brasileiro constituída 80% por mulheres, acredita que a importância feminina se dá na planta em si, já que as flores fêmeas são responsáveis pela produção dos canabinoides. “A figura feminina da mãe no papel como reivindicadora do direito de tratamento para seus filhos marcou a luta pela legalização do acesso. Muitas mulheres tornaram-se idealizadoras de projetos e associações”, detalhe a doutora Mariana.

Para ela a cannabis medicinal é uma terapia holística e a mulher sempre foi em sua grande maioria mais espiritualizada que o homem, fazendo com que muitas das profissionais prescritoras e empreendedoras valorizassem os relatos dos pacientes. “A paixão pelo que faço é meu maior motivador. Eu acredito que, como mulher, mãe e médica, essa foi a minha missão para atingir uma multidão por meio da medicina”, aponta a médica.

Cidinha Carvalho, presidente da Cultive, Associação de Cannabis e Saúde, espera que o futuro trague inclusão. “Desejo que mais mulheres sejam reconhecidas e respeitadas no mundo canábico, onde encorajamos a classe médica e autoridades com a informação e a dor, gerando a transformação, mesmo com um proibicionismo que muitos ainda morrem enquanto outros lucram, em um mundo ainda muito machista.  E que tantas mães possam ver seus filhos empreenderem com a cannabis em vez de serem presos ou mortos por fazerem o que hoje a indústria já faz”.

Sem fins lucrativos, a Cultive é formada por pessoas que se uniram solidariamente, com autorização judicial para cultivar e extrair óleo aos associados, realiza atividades educativas e pedagógicas com o objetivo de disseminar os benefícios terapêuticos da planta e ampliar o acesso e autossustentabilidade para aqueles que poderiam se beneficiar da substância para o tratamento das enfermidades.

Para Jamila Rocha, CEO da BCure, empresa 100% orgânica e com uma linha de dermocosméticos e tinturas derivados de cannabis, a mulher diferencia-se no setor pela maior sensibilidade relacionada aos benefícios terapêuticos da planta e reforça a gratidão àquelas que ergueram essa bandeira no Brasil. “Se não fossem elas, em 2013 e 2014, levantando essa pauta, ainda não teríamos nenhuma regulamentação da Anvisa [Agência de Vigilância Sanitária] que autoriza a importação de produtos”, comenta Jamila e ainda reforça: “A projeção no mercado nacional que a cannabis está tomando tem sido de evolução, principalmente quando se fala de qualidade de produto, de novas tecnologias e de educação”.

Thaise, Ana Luiza, Maria Eugênia, a doutora Mariana, Cidinha e Jamila têm também em comum a convicção de que o acesso a cannabis no Brasil melhorou, mas ainda o processo é burocrático e na farmácia o preço do produto é alto, com dificuldades que vão desde regulamentação, preconceito, à falta de incentivos econômicos. O principal desafio é a burocracia para acessar o medicamento.

Serviço

Evento: Medical Cannabis Fair 2023 e Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal 2023

Data: 4 e 5 de maio de 2023 – das 9h às 19h

Local: Expo Center Norte

Endereço: Rua José Bernardo Pinto, 333 – Vila Guilherme – São Paulo – SP – Brasil

Inscrições para a Feira: www.medicalcannabisfair.com.br

Inscrições para o Congresso: www.congressocannabis.com.br

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