Um estudo publicado nesta segunda-feira (25) na revista científica Hypertension, da Associação Americana do Coração, relaciona as sonecas regulares a um risco maior de desenvolver pressão alta e de sofrer um derrame.
Os pesquisadores analisaram dados de 360 mil indivíduos, entre 40 e 69 anos, que viviam no Reino Unido e não tinham histórico de hipertensão ou AVC.
Durante 11 anos, eles forneceram amostras de sangue, urina e saliva e informações sobre o estilo de vida. Em quatro ocasiões, entre 2006 e 2009, foram questionados sobre o hábito de cochilar durante o dia.
Além do critério observacional, os autores do estudo também usaram uma validação de risco genético para investigar se as sonecas estavam associadas aos problemas de saúde investigados.
Todos os indivíduos estudados foram divididos em grupos com base na frequência com que relatavam cochilar: “nunca/raramente”, “às vezes” ou “geralmente”.
Ao analisar os dados, os autores descobriram que as pessoas que costumavam cochilar apresentaram, em média, uma probabilidade 12% maior de desenvolver pressão alta e 24% maior de ter um derrame do que as que relatavam nunca tirar soneca.
Entretanto, o risco de ter pressão alta foi ainda maior (20%) entre indivíduos com menos de 60 anos que geralmente cochilavam, em relação aos que nunca o faziam. Após os 60 anos, a chance desta doença foi 10% mais alta.
A hipertensão e o acidente vascular cerebral não têm uma única causa, e isso foi também destacado no estudo.
Percebeu-se, por exemplo, que um maior percentual de participantes que relatavam cochilar com frequência também eram pessoas com hábitos que contribuem para essas doenças, como tabagismo e consumo diário de álcool. Outros também diziam sofrer de insônia ou roncar.
“Embora tirar uma soneca em si não seja prejudicial, muitas pessoas que tiram sonecas podem fazê-lo por causa do sono ruim à noite. Dormir mal à noite está associado a problemas de saúde, e cochilos não são suficientes para compensar isso”, explica em um comunicado o especialista em sono Michael A. Grandner, diretor do Programa de Pesquisa em Saúde do Sono e da Clínica de Medicina do Sono Comportamental e professor de psiquiatria da Universidade do Arizona em Tucson (EUA).
Para Grandner, o estudo “ecoa outras descobertas que geralmente mostram que tirar mais sonecas parece refletir o aumento do risco de problemas com a saúde do coração e outros problemas”.
Mas isso não significa que tirar sonecas seja uma sentença de que você terá pressão alta ou sofrerá um derrame. O estudo serve mais como um fio condutor para futuras pesquisas científicas que venham a ser desenvolvidas.
Os próprios autores admitem que a duração dos cochilos não foi analisada, além de os participantes serem europeus de meia-idade, o que cria limitações em relação aos dados.
Fonte: R7.COM