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Violência contra mulheres aumenta em dias de jogos de futebol: ‘Potencializa agressividade’

Violência contra mulheres aumenta em dias de jogos de futebol: 'Potencializa agressividade'

Agressões sobem 21%, e ameaças, 24%. Esporte pode intensificar uma ‘masculinidade irritadiça e violenta’, aponta pesquisadora

Quando times de futebol entram em campo, cresce a violência contra a mulher. É o que aponta um estudo do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) e do Instituto Avon. Os dados revelaram o aumento expressivo nos boletins de ocorrência de ameaça e agressão contra meninas e mulheres nos dias de jogos em cinco capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Os registros de ameaça quando o time da cidade joga aumentam 23,7%, e os de lesão corporal dolosa, 20,8%.

Se o futebol é compreendido como um espelho da sociedade, a máxima vale também para comportamentos nocivos. “É mais um sintoma do que uma causa”, diz ao R7 Beatriz Accioly, coordenadora das áreas de pesquisa e impacto e enfrentamento às violências contra as meninas e mulheres do Instituto Avon.

O esporte mais popular do país pode funcionar como uma espécie de catalisador das desigualdades de poder entre homens e mulheres, pondera a pesquisadora.

“Entendemos que ele [futebol] ainda está muito relacionado à exaltação de uma determinada masculinidade competitiva, irritadiça, agressiva e violenta, e por isso ainda é necessário um movimento nesse meio que encare esse assunto incômodo”, afirma Beatriz.

Somado a isso, prossegue ela, a rivalidade entre os clubes e os resultados negativos terminam por potencializar emoções como a frustração, “que explodem em forma de comportamentos agressivos contra meninas e mulheres no espaço doméstico”.

Quando a equipe é mandante e joga no próprio estádio, a alta nos casos de lesão chega a 25,9%: “Quando um time joga em casa, naturalmente há uma maior concentração de torcidas e, consequentemente, uma maior mobilização para acompanhar os jogos, seja em estádios, bares ou em encontros com amigos em casa, criando um efeito de efervescência e ebulição de emoções”.

O fenômeno não é isolado: a Inglaterra e os Estados Unidos mostram resultados na mesma direção. Em 2012 e 2013, em dias de jogo da seleção inglesa as situações de violência doméstica cresceram 26% e chegaram a uma alta de 38% quando o time saía derrotado.

Uma pesquisa feita nos Estados Unidos em 2011 mostrou o aumento de 10% nos registros de violência doméstica nas datas de partidas de futebol americano.

Fonte: R7.COM

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