Estudo realizado por pesquisadores da UFMG, com base na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar de 2019, mostrou que quase metade dos jovens entrevistados não sabiam da existência do imunizante
O HPV (Papilomavírus Humano) é um vírus silencioso, mas que pode ser prevenível por uma vacina segura e eficaz. Disponível tanto na rede pública quanto privada, a desinformação sobre a existência e importância do imunizante é um desafio extra para que o país alcance a meta de imunização de 80% do público eletivo para o imunizante. É o que mostra um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, que revelou que o principal motivo alegado pelos adolescentes para não terem se vacinado contra o HPV foi a desinformação.
De acordo com o levantamento, realizado a partir de dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2019, que entrevistou 159.245 estudantes brasileiros de 13 a 17 anos, quase a metade (46,8%) dos entrevistados respondeu que “não sabia que tinha que tomar”.
Segundo o infectologista do Sabin Medicina e Saúde, Marcelo Cordeiro dos Santos, o dado é bastante preocupante, e deve ser enfrentado através de campanhas de conscientização da população sobre a importância da vacina, e principalmente sobre o risco que o HPV representa para a saúde das pessoas. “A vacina e o uso de preservativos nas relações sexuais são as maneiras mais seguras e eficazes para prevenção contra o HPV. Por isso, é fundamental, que haja a conscientização sobre a sua importância para o enfrentamento à doença”, explica o médico.
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Embora a incidência da infecção por HPV (Papilomavírus Humano) seja bastante comum na população mundial, segundo o especialista, o que muitas pessoas não sabem é que o vírus pode causar câncer. Dos mais de 200 tipos, 13 deles possuem relação com o aparecimento de tumores malignos de colo do útero – terceiro mais frequente na população feminina – e também na vulva, vagina, ânus, pênis, boca e orofaringe, região posterior à boca.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estudos internacionais sugerem que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial estejam infectadas pelo HPV. Contraída principalmente através de relações sexuais, a maioria das infecções por Papilomavírus Humano é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imune, regredindo entre seis meses e dois anos após a exposição, principalmente entre as mulheres mais jovens. No entanto, segundo o infectologista, o número de casos nos quais a infecção persiste, pode ocorrer o desenvolvimento de lesões precursoras, que se não forem identificadas e tratadas podem progredir para o câncer”.
Além da imunização e do uso de preservativos, o médico recomenda a realização de exames e check-ups regulares para possível diagnóstico precoce da doença. “A principal forma de contágio é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. O uso de preservativo é sempre recomendado, porém não abrange totalmente as regiões do corpo que podem ser infectadas. Por isso, é fundamental o acompanhamento médico periódico, para possível detecção e tratamento da infecção”, explica o médico.
Sintomas de infecção por HPV – Estimativas do INCA indicam que cerca de 5% das pessoas infectadas pelo HPV desenvolvem alguma forma de manifestação – o que faz com que pessoas infectadas transmitam o vírus sem saber. Sendo assim, a doença pode se apresentar na forma clínica com lesões aparentes ou subclínicas, quando os sinais não são perceptíveis.
Na forma clínica, é possível perceber verrugas, tecnicamente denominadas condilomas acuminados e popularmente chamadas “crista de galo”, “figueira” ou “cavalo de crista”. Têm aspecto de couve-flor e tamanho variável.
Nas mulheres, podem aparecer no colo do útero, vagina, vulva, região pubiana, perineal, perianal e ânus. Em homens podem surgir no pênis (normalmente na glande), bolsa escrotal, região pubiana, perianal e ânus. Essas lesões também podem ocorrer na boca e na garganta em ambos os sexos. Já as infecções subclínicas (não visíveis ao olho nu), podem ser encontradas nos mesmos locais e não apresentam nenhum sintoma ou sinal.
O diagnóstico de HPV é feito através de técnicas de biologia molecular (PCR), que detectam a presença do DNA do vírus. Não há medicamento específico para eliminar o vírus, no entanto, o tratamento das verrugas genitais é individualizado, dependendo da extensão, quantidade e localização, e será indicado pelo médico do paciente. Podem ser usados laser, eletrocauterização, ácido tricloroacético (ATA) e medicamentos que melhoram o sistema de defesa do organismo.
Vacina contra HPV – A Vacina Quadrivalente 6, 11, 16 e 18 contra HPV é indicada para meninas e mulheres de 9 a 26 anos de idade e meninos de 9 a 14 anos. Também devem fazer uso do imunizante pessoas transplantadas, na faixa etária de 9 a 45 anos, e pessoas portadoras de HIV. A meta do Ministério da Saúde é vacinar 80% da população elegível, mas os números estão abaixo do esperado no Brasil, pois mesmo com a disponibilidade da vacina, o índice de vacinação contra o HPV de meninas brasileiras atinge apenas 57% e, nos meninos, não chega a 40%, sendo que o ideal para prevenir a doença é uma cobertura de 90%.
Fonte: REPERCUSSÃO ASSESSORIA