Depois do reforço por terra, tropas de Kiev podem ganhar aviões de combate para enfrentar a invasão russa
A Ucrânia vai receber “entre 120 e 140” tanques pesados, afirmou nesta terça-feira (31) o ministro de Assuntos Exteriores, Dmytro Kuleba, poucos dias depois que os aliados do Ocidente concordaram em repassar esses veículos.
São, principalmente, tanques Leopard 2, fabricados pela Alemanha e largamente usados por países europeus, e de outros modelos. Esses veículos são mais potentes que aqueles que estão nas mãos dos ucranianos e podem revolucionar e até encerrar a invasão russa.
As Forças Armadas ucranianas receberão entre 120 e 140 tanques modernos dos modelos ocidentais”, disse o ministro em um vídeo no Facebook, ao recordar que são unidades Leopard 2 de design alemão, de exemplares Challenger 2 de fabricação britânica e de veículos Abrams, feitos nos Estados Unidos.
Chegada de aviões
Depois de conseguir artilharia e tanques ocidentais, a Ucrânia pede agora aviões de guerra para enfrentar as tropas da Rússia, uma demanda que os Estados Unidos rechaçam, mas que aliados europeus não descartam.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, refutou categoricamente, na segunda-feira (30), a ideia de enviar caças F-16 americanos, fabricados pela Lockheed Martin, para a Ucrânia. Esses aviões são capazes de realizar ataques de longo alcance, o que poderia aumentar as tensões com Moscou.
No entanto, a posição do presidente americano poderia mudar ao levar em conta o que aconteceu nos últimos meses.
Os aliados foram, no início, reticentes a enviar armas para os ucranianos por temerem uma escalada. Mas Washington acabou prometendo a Kiev seu sistema de defesa antiaérea Patriot e, mais recentemente, tanques pesados, assim como vários países europeus.
De acordo com Olivier Schmitt, professor de ciências políticas do Centro para Estudos de Guerra, da Dinamarca, a entrega de aviões de combate também não contribuiria para uma possível escalada do conflito.
“A entrega de tanques pesados à Ucrânia não muda a dinâmica estratégica do conflito: continua dando os meios para resistir a uma agressão da Rússia”, escreveu o especialista na revista Le Grand Continent.
Da mesma forma, “a entrega de caças F-16, que permitiria a Kiev levar a cabo uma campanha ar-terra ainda mais eficaz, também não constituiria uma quebra simbólica que caracterize uma escalada, uma vez que esse tipo de combate ar-terra é típico de operações militares modernas”, completou.
Enquanto isso, o debate sobre o fornecimento de aeronaves de combate à Ucrânia continua. Assim como os Estados Unidos, a Alemanha descarta a entrega de aviões por enquanto.
E a Polônia disse, na terça-feira, que não está tendo “nenhuma conversa oficial” sobre a transferência de alguns de seus F-16 para a Ucrânia.
O presidente francês, Emmanuel Macron, por seu lado, garantiu que “nada está descartado” sobre esse tipo de transferência, mas que os ucranianos não fizeram esse pedido a Paris até o momento.
Pelo contrário, outros se dizem dispostos a entregar aviões, como a Eslováquia, que possui os Mig-29 soviéticos, e a Holanda, que começou a substituir sua frota de F-16 por F-35.
Um lutador ‘versátil’
Assim como o tanque pesado alemão Leopard, “o F-16 é um dos caças mais produzidos no mundo, então existem muitos deles e muitos países europeus os possuem”, diz Olivier Fourt, jornalista especializado em aeronáutica militar.
“É um excelente caça, muito versátil. Teoricamente, inclui todas as armas ar-terra e ar-ar dos Estados Unidos e da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]”, diz, embora alerte que “nos Estados Unidos as regras de reexportação são muito rígidas”.
Segundo especialistas, os caças ocidentais permitiriam o ataque às tropas de Moscou e desencorajariam os russos de bombardear centros urbanos e infraestrutura de energia. Mas, por si só, não seriam uma solução milagrosa para o conflito.
“Os caças ocidentais certamente aumentariam a capacidade de sobrevivência e o desempenho ar-ar das forças ucranianas contra os russos. No entanto, eles ainda estariam expostos às defesas antiaéreas russas, o que limitaria suas opções de ataque terrestre”, observa Justin Bronk, especialista do centro de pesquisa britânico Rusi.
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Por fim, há a questão dos pilotos, explicou à AFP o general reformado francês Jean-Paul Palomeros, que fazia parte do chamado Comando Aliado de Transformação da Otan.
“Seria necessário encontrar pilotos ucranianos para treinar. Mas quantos deles estão operacionais hoje?”, pergunta o ex-oficial sênior.
Em um ano, o exército ucraniano perdeu cerca de 50 caças soviéticos.
“Demora pelo menos três meses para treinar um piloto já qualificado em um avião de combate moderno. Uma força aérea não se constrói da noite para o dia”, disse o general.
( Por: Do R7, com AFP )
Fonte: R7.COM