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Saiba mais sobre o procedimento estético que pode levar a necrose de parte do nariz

Saiba mais sobre o procedimento estético que pode levar a necrose de parte do nariz

Alectomia visa afinar o nariz, mas oferece diversos riscos ao paciente, como cicatrizes inestéticas, necrose de tecidos e bloqueio da passagem de ar  

Resumindo a Notícia

  • Cirurgia afina o nariz por meio da redução dos cantos inferiores da região
  • Procedimento estético oferece riscos
  • Quadros malsucedidos do processo requerem uma correção cirúrgica
  • Apenas profissionais especializados e cadastrados no CFM podem realizar a alectomia

Jovem teve parte do nariz necrosado e ficou com sequelas após realizar a alectomia

A alectomia é uma cirurgia para afinar o nariz, realizada por meio da redução dos cantos inferiores da região — conhecidos como abas nasais. O procedimento é voltado para pessoas que sentem algum tipo de insegurança com a largura da base do nariz.

Ela é uma parte da cirurgia de rinoplastia, porém se popularizou de forma individual porque é feita com uma anestesia local e de forma mais “simples”, sem interferir nas outras áreas do nariz, como a ponta e a região do osso nasal. 

O processo remove um fragmento de pele das laterais das narinas, reposiciona os tecidos e altera apenas os cantos inferiores. 

Apesar de ser uma cirurgia de baixa complexidade, algumas coisas podem dar errado, como no caso da goiana de 27 anos Elielma Carvalho, que compartilhou recentemente no TikTok que teve uma necrose na região e perdeu parte do nariz após a cirurgia.

O cirurgião plástico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e do Hospital Albert Einstein Wendell Uguetto explica que o processo se popularizou, mas não é indicado para todas as pessoas.

“O cirurgião plástico indica a alectomia em casos excepcionais mesmo, em raras exceções. A gente consegue mudar a forma do nariz, seja da ponta ou da asa mesmo, com outros procedimentos dentro da rinoplastia”, explica Uguetto. E acrescenta: “A gente recebe muitas complicações no consultório médico, de procedimentos [alectomias] inadequados”.

Principais riscos

Do ponto de vista estético, o cirurgião afirma que a cicatriz da alectomia é inestética, ou seja, fica visível e outras pessoas conseguem perceber que o paciente realizou a cirurgia. 

O especialista também orienta que estreitar as abas nasais sem dar suporte à parede lateral do nariz pode ocasionar um estreitamento do orifício e prejudicar a passagem de ar. Além disso, caso o profissional não seja devidamente capacitado, pode desencadear uma necrose de tecidos. 

Quando a alectomia é bem-feita, o risco da necrose é baixo. Porém, de acordo com o cirurgião, o nariz tem vasos sanguíneos mais fortes, mais grossos, e, se algum desses vasos é trombosado e leva algum tipo de substância para outra área, essa pele pode morrer. 

Ademais, Uguetto orienta que pessoas que já realizaram algum procedimento estético no nariz não devem nem cogitar a alectomia, pois aumenta o risco de necrose. 

“Um paciente que já fez procedimentos anteriores no nariz, como ácido hialurônico, injeção de PMMA ou fio de aço, aumenta muito o risco de necrose, porque a vascularização já está deficitária, por conta dos outros procedimentos. A partir do momento que você cauteriza dos dois lados, como na alectomia, diminui muito a vascularização do nariz”, informa. 

O procedimento, quando malsucedido, pode deixar diversas sequelas. A principal é o fechamento do introito nasal, que ocasiona uma alteração respiratória — o ar não passa. Segundo o cirurgião, esses quadros são mais comuns do que parecem. 

“Isso é extremamente comum, a gente pega no nosso consultório muitas sequelas de alectomias feitas de modo indevido por profissionais não gabaritados, como dentistas, biomédicos, esteticistas, que acham que o procedimento é banal e acabam retirando pele demais e o paciente fica com uma sequela para sempre, porque a reconstrução dessa região é extremamente difícil”, esclarece o especialista. 

Como corrigir o problema?

Os quadros malsucedidos de alectomia requerem uma correção cirúrgica mais complexa que uma rinoplastia e exigem, muitas vezes, enxertos compostos de pele e cartilagem para abrir novamente o orifício e reconstruir os tecidos danificados. 

Entretanto, vale ressaltar que é uma reconstrução. Sendo assim, ocasiona uma cicatriz e/ou deformidade na área doadora do enxerto e a região que recebeu o retalho não fica perfeita. 

“Conseguimos melhorar a forma e a função, mas a estética sempre vai ficar prejudicada”, alerta Uguetto.

Cuidados

O especialista orienta que, em mãos experientes, a alectomia é um processo de extremo baixo risco, portanto a escolha de um cirurgião capacitado é essencial. O procedimento só pode ser feito por profissionais médicos registrados no CFM (Conselho Federal de Medicina), membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e com gabarito (especialidade) no procedimento.

De acordo com a resolução 230, do CFO (Conselho Federal de Odontologia), de 14 de agosto de 2020, os cirurgiões-dentistas, por exemplo, são proibidos de realizar esse e mais alguns procedimentos. 

“Art. 1º. Fica vedado ao cirurgião-dentista a realização dos seguintes procedimentos cirúrgicos na face: a) Alectomia; b) Blefaroplastia; c) Cirurgia de castanhares ou lifting de sobrancelhas; d) Otoplastia; e) Rinoplastia; e, f) Ritidoplastia ou Face Lifting.”

Sendo assim, os profissionais dessa área que fazem a alectomia estão usando o título de forma indevida. 

Em nota ao R7, o CFO afirma que “a apuração de eventuais excessos ou irregularidades da conduta profissional do cirurgião-dentista é competência do Conselho Regional de Odontologia do estado onde o mesmo está inscrito, ou onde ele tenha realizado o procedimento.  

Os Conselhos de Odontologia, responsáveis pela fiscalização do exercício profissional,  têm atuado de forma rigorosa no controle da regularidade da profissão, observando sempre as garantias individuais do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório.

O Conselho Federal de Odontologia informa ainda que atua somente como instância recursal dos julgamentos já realizados nos Conselhos Regionais dos Estados”. 

Fonte: R7.COM

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