Com a medida, os integrantes do GT esperam retomar os ganhos da área, que apresentou retração estimada no biênio 2020-2021 de R$ 69 bilhões
Nesta semana, o relatório final do Gabinete de Transição da Presidência da República do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, foi concluído com ampla participação popular. O documento recebeu mais de 13 mil contribuições, que foram coletadas durante a campanha presidencial, por meio de uma plataforma digital especialmente criada para essa finalidade. Além disso, representantes de cerca de 500 organizações e Grupos Técnicos (setoriais e transversais) apresentaram suas contribuições ao longo de 34 dias.
Uma das principais conclusões do amplo raio-X, que envolveu cerca de mil pessoas, foi de que a extinção do Ministério da Cultura pelo presidente Jair Messias Bolsonaro e a transformação do órgão em uma secretaria representou mais do que a perda de status. Em 2019, a estimativa era de que o setor cultural representasse de 1,2% a 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, onde atuavam 5,5 milhões de pessoas em mais de 300 mil empresas. Com a pandemia, o setor teve o faturamento zerado em virtude da proibição dos trabalhadores exercerem seus ofícios. Até hoje, não há comprovação de que as perdas financeiras assim como a renda dos profissionais foram recompostas.
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A falta de recursos tem sido outra barreira difícil de transpor pelos integrantes do setor. A redução brutal do Fundo Nacional da Cultura, principal fonte de recursos da área cultural e a restrição do que é considerado área cultural pelo Pronac (Programa Nacional de Cultura), desde 2021, levou a retração do setor. Paralelo a isso, o engessamento da Lei Rouanet pelo excesso de burocracia, assim como a baixa significativa dos recursos oriundos desta legislação específica, inviabilizaram a utilização deste dispositivo legal como forma de suporte financeiro para a produção de espetáculos, shows, peças teatrais dentre tantas outras expressões e manifestações artísticas.
Os Grupos de Trabalho Cultural contaram com participantes de diversos estados brasileiros, sendo o do Amazonas um dos mais atuantes na elaboração do diagnóstico do setor. Todos concordaram que a retomada do Ministério com dotação orçamentária própria é o ponto de partida da recuperação da área cultural, seguida da pulverização financeira. “Uma das formas de fazer a distribuição equilibrada dos recursos para estados e municípios será através do Sistema Nacional de Cultura (instituído pelo artigo 216 da Constituição Federal), que determina a promoção de políticas públicas de cultura entre os entes da federação. Ele é um regime ágil de contribuição descentralizado e participativo, voltado para a promoção das políticas culturais, desde que sejam cumpridas as regras de ordenamento”, salientou Veridiana Spínola Tonelli
Advogada de artistas, escritora, produtora cultural e pesquisadora.
Participação do Amazonas
O GT de Cultura AM é composto por pesquisadores, professores, artistas, intelectuais e trabalhadores da área no Estado. A participação dos amazonenses teve como base as orientações do GT de Cultura nacional que atuou no processo de transição. O alinhamento das informações foi conduzido por Márcio Tavares, que é secretário de cultura do PT Nacional com o auxílio da coordenadora Chris Ramirez.
O grupo amazonense participou da elaboração com uma avaliação suscinta da cultura no âmbito Federal nos últimos anos e os impactos para o Estado do Amazonas. Também apresentou propostas para o fortalecimento da cultura nortista de modo à contribuir para a construção do novo Ministério da Cultura (MINC), sob a gestão futura da cantora e ministra indicada,p Margareth Menezes.
A esperança dos integrantes é de corrigir seis anos de desmonte de diversos setores culturais e outros ligados a cultura no Brasil que levaram a extinção do próprio Ministério até a desmobilização de conselhos.
Outro anseio da classe é a revisão das mudanças na lei de incentivo à cultura e até mesmo o próprio conceito de cultura que nao contemplam os anseios dos trabalhadores e nem da sociedade em geral.
Com a vitória do presidente Lula, o setor cultural recebeu um sopro de esperança. Na última semana, a ministra indicada para conduzir a pasta, Margareth Menezes, mostrou a linha do próximo governo ao aceitar a ampla participação na composição do diagnóstico. A contribuição (Documento) do grupo amazonense foi enviada por e-mail ao grupo de trabalho (GT) de cultura da transição do presidente Lula e entregue à futura ministra pelo deputado federal José Ricardo (PT/AM).
Participantes amazonenses
Rila Arruda da Costa – Socióloga, Analista de Políticas Culturais, Técnica de Patrimônio Imaterial e Pesquisadora de Museus
Veridiana Spínola Tonelli – Advogada e Gestora de Projetos Culturais
Márcio Braz dos Santos Santana – Ator, diretor, cientista social e professor
Bernardo Thiago Paiva Mesquita – Professor da Universidade Estadual do Amazonas
Ivan Menezes Barreto – Estudante de biologia, coordenador do centro de medicina indígena
Paulo Ricardo de Lima Moura – Artista, produtor, cineasta documentarista, profissional de audiovisual e jornalista.
André Luiz Guimarães Costa – Administrador, professor e Gestor de Projetos sociais e culturais
Fonte: DiaDiaAM