Uma comitiva formada por 16 professores dos Estados Unidos que lecionam no Ensino Elementar, o equivalente ao Ensino Fundamental 1 (1° ao 5° ano) no Brasil, visitou a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar do Amazonas, para conhecer o sistema educacional voltado, principalmente, para estudantes da Educação Indígena e Quilombolas. A comitiva chegou ao Brasil, após passagem pela Argentina. Depois do Amazonas, os professores seguem viagem para Mato Grosso e Rio De Janeiro
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Os educadores visitaram o Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena do Amazonas (CEEI-AM), onde tiveram contato também com representantes do Fórum de Educação Escolar Indígena do Amazonas (Foreeia), da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime), além da equipe da Secretaria de Educação e Desporto Escolar e da Fulbright Brasil, entre outras organizações.
Na ocasião, foram debatidas questões a respeito do funcionamento, normatização e desafios existentes na educação escolar indígena no Amazonas. O encontro contou com a fala de importantes membros da luta indígena das diversas organizações presentes, com tradução simultânea.
A presidente recém eleita do CEEI, Ivete Tukano, falou sobre a importância desse diálogo com os professores estrangeiros de acordo com as especificidades indígenas.
“Esse diálogo foi muito importante, porque os professores puderam ouvir as nossas demandas conforme as nossas especificidades e dos nossos povos indígenas do Amazonas. É um intercâmbio que traz a vivência, para que eles consigam observar como a nossa educação escolar indígena no estado está sendo implantada”, disse a presidente.
Experiências
A professora de história, linguista e representante da Gerência da Educação Escolar Indígena (Geei), da Secretaria de Educação, Maria ngela Moura, participou da visita e se emocionou ao falar da importância em representar não só seu povo Tukano, mas também todos os outros povos em ações importantes como esta.
“Quando eu falo sobre nós, populações indígenas, eu não falo só por mim, eu falo por aqueles que estão lá nos territórios indígenas à margem dos rios, igarapés, cabeceiras dos rios e dentro das florestas. Uma vez que conquistamos esse espaço de representatividade; nós, como indígenas que somos, não podemos esquecer que eles estão lá. A gente luta pela educação específica, diferenciada, multilingue e comunitária. Se os professores, profissionais e as escolas da Secretaria estão aqui, são eles que têm que carregar essa bandeira”, afirmou a professora.
O professor de Literatura e História da NorthWest School of Seattle, Erik Szabados, contou o quão se sente honrado e feliz em estar participando dessa experiência, além de dizer que levará estes conhecimentos para os estudantes dele, nos Estados Unidos.
“Estamos aqui para aprender, com os professores indígenas, como ensinar os estudantes e quais os valores eles querem passar aos alunos. Estamos muito honrados em estar aqui, aprender e ver a paixão e a luta dos povos indígenas. Queremos melhorar nossas lições, para ensinar nossos estudantes melhor. Os problemas daqui são semelhantes aos de lá, a respeito de clima e de culturas indígenas. Essa luta é nossa e o programa é muito importante para melhorar o mundo e a cultura mundial”, contou.
Encontro de países e culturas
Os 16 professores foram trazidos pela Fulbright Hays, em parceria com a Fullbright Brasil. Este é um programa financiado pelo Departamento de Educação dos Estados Unidos, que oferece bolsas a professores, artistas, estudantes e profissionais, que desejam compartilhar conhecimento e aprimorar talentos, além de estreitar a relação entre os países.
Com a duração de 30 dias, o intercâmbio ficou dividido entre a Argentina e o Brasil, sendo 15 dias para cada país.
Em Manaus, a comitiva irá visitar ainda a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a comunidade indígena Três Unidos, à margem do Rio Negro. Depois, partirão para Cuiabá (MT), onde visitarão uma comunidade quilombola e, por último, finalizarão o intercâmbio visitando uma escola em Bangu, no Rio de Janeiro.
Fonte: ASCOM/SEDUC