Manifestações acontecem em regiões onde o deposto Pedro Castillo conta com amplo apoio
Os protestos no Peru contra a presidente Dina Boluarte, sucessora de Pedro Castillo, voltaram nesta quarta-feira (4), após uma interrupção devido às férias de fim de ano, com bloqueios de estradas e manifestações em várias regiões.
O governo antecipou na semana passada a retomada, a partir de 4 de janeiro, das mobilizações que exigem a renúncia de Boluarte, o fechamento do Congresso e a convocação imediata de eleições.
As manifestações acontecem em regiões onde o deposto Castillo, professor rural de esquerda, conta com amplo apoio.
Segundo disse o ministro da Defesa, Jorge Chávez, “o grosso das manifestações se concentrou em Puno” (sudeste), onde os moradores queimaram uma cabine de pedágio. A ouvidoria informou sobre mobilizações, greves e bloqueios em 30 das 195 províncias do país.
Em Arequipa (sul), a polícia desbloqueou uma rota com gás lacrimogêneo para dispersar dezenas de pessoas. Houve confronto entre manifestantes e policiais nas proximidades do aeroporto da cidade, informou a ouvidoria.
Os manifestantes também fecharam rotas com pedras e pneus queimados nas regiões de Junín (centro), Cusco e Apurímac (sudeste). Cerca de 30 estradas foram bloqueadas.
Infiltrados terrroristas
Segundo o ministro Chávez, houve apenas alguns feridos após o confronto com as forças de ordem. Em Puerto Maldonado, região amazônica de Madre de Dios (sudeste), manifestantes bloquearam um trecho da rodovia Interoceânica, que liga Peru e Brasil.
“Os aeroportos estão funcionando normalmente”, disse o chefe do gabinete ministerial, Alberto Otárola.
No centro de Lima, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar dezenas de cidadãos que tentavam chegar ao Congresso. Nas brigas, houve alguns jornalistas feridos.
Em declarações à rádio RPP, Chávez disse ter informações sobre a presença de “infiltrados com antecedentes terroristas” nos protestos.
As autoridades denunciaram que pessoas ligadas à proibida guerrilha maoísta Sendero Luminoso, que semeou o terror no Peru entre os anos 1980 e 2000, intervêm nas manifestações.
Mas a maioria dos participantes rejeita essas acusações. “Por que você me chama de terrorista, se tudo o que faço é levantar minha voz em protesto?”, dizia a faixa de um manifestante em Arequipa.
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Chávez também disse que cinco cidadãos bolivianos foram “detectados” ao incentivar as manifestações. Alguns grupos políticos consideram que o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, aliado de Castillo, está alimentando os protestos, e a presidente Boluarte informou que estão avaliando se permitem sua reentrada no país.
Fonte: R7.COM