Alterações no vírus H5N1 da gripe aviária encontrado em animais da América do Sul parecem indicar que esse patógeno está se adaptando melhor aos mamíferos, mas os casos humanos ainda são esporádicos e “não há motivos para pânico”, disse nesta quinta-feira (27) uma especialista da OMS (Organização Mundial da Saúde).
O vírus H5N1 detectado na América do Sul tem “pequenas diferenças genéticas” em relação ao da Ásia, onde os primeiros casos foram encontrados décadas atrás, “mas isso não significa que seja mais transmissível aos humanos”, disse durante entrevista coletiva Sylvie Briand, diretora da OMS para preparação para pandemias.
Por enquanto, os únicos casos humanos confirmados na América do Sul – um no Equador e outro no Chile, ambos em meses recentes – “são esporádicos, por isso não enfrentamos o risco de surtos, por enquanto é um problema de saúde animal”, garantiu.
“A OMS, com a colaboração de outras agências, está monitorando de perto os casos para encontrar possíveis sinais de que o vírus se tornou mais perigoso, mas agora não é hora do público se preocupar ou entrar em pânico”, acrescentou a especialista francesa.
Briand explicou que o vírus está se espalhando geograficamente através de aves migratórias, com casos já em todo o mundo, e também estão sendo registrados surtos em outras espécies, como golfinhos ou leões-marinhos, que preocupam a OMS.
A organização está especialmente preocupada com a disseminação do vírus para populações de pequenos mamíferos, como o vison, “já que seu trato respiratório contém receptores semelhantes aos dos humanos”, disse a especialista.
Em duas décadas foram registrados cerca de 900 casos de gripe aviária H5N1 em seres humanos, com um índice de mortalidade de mais de 50%, principalmente no leste da Ásia e no Oriente Médio.
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Na entrevista coletiva de hoje, organizada pela ACANU (Associação de Correspondentes das Nações Unidas), a especialista citou a gripe aviária como um dos patógenos que a OMS mais acompanha pelo risco de gerar futuras pandemias como a atual da Covid-19, em cujo combate Sylvie Briand tem sido uma figura importante.
Outro vírus seguido de perto por especialistas da OMS e outras instituições é o da varíola dos macacos, depois de um surto no ano passado, o primeiro fora de sua área endêmica na África, ter causado 87 mil infecções e 130 mortes em mais de 100 países.
A OMS, acrescentou, também acompanha de perto a evolução dos arbovírus (vírus transmitidos por insetos), como febre amarela, dengue, zika ou chikungunya.
As mudanças climáticas estão aumentando a disseminação geográfica de insetos transmissores dessas arbovírus, como o mosquito Aedes, dificultando o combate aos surtos associados, que muitas vezes são várias dessas doenças ao mesmo tempo, dificultando o combate e a prevenção, explicou Sylvie Briand.
Fonte: R7.COM