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Morte de ex-miss: entenda o que pode dar errado em uma cirurgia simples como a de amigdalite

Morte de ex-miss: entenda o que pode dar errado em uma cirurgia simples como a de amigdalite

Especialista explica que doenças associadas a problemas de coagulação podem representar riscos durante o procedimento

A miss Brasil Continentes Unidos 2018, Gleycy Correia, morreu aos 27 anos após ficar dois meses em coma em consequência de uma cirurgia de amigdalite. Apesar de o procedimento ser considerado simples, problemas de coagulação sanguínea podem causar complicações ao paciente.

Ao R7, o otorrinolaringologista Danilo Sguillar, da BP — A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que as amígdalas estão localizadas em uma região com muitos músculos e vasos sanguíneos, o que aumenta o risco de um sangramento no local.

“A cirurgia de amigdalite é uma das mais realizadas dentro da otorrinolaringologia. As complicações inerentes ao procedimento normalmente estão associadas ao sangramento das amígdalas, além de ser uma cirurgia bem dolorosa, em que o paciente normalmente fica com dor durante cinco dias a uma semana, o que é controlado com analgésico”, afirma o médico.

Apesar de a possibilidade de um sangramento excessivo na região ser considerada um risco, Sguillar ressalta que são raros os casos em que a cirurgia para retirada das amígdalas pode causar a morte do paciente. Isso porque, segundo o especialista, os exames pré-operatórios costumam identificar doenças que envolvem alterações da coagulação.

“O coagulograma é o exame que identifica se a pessoa tem alterações na coagulação. Mas existem distúrbios que muitas vezes não são vistos, então é importante fazer um detalhamento maior de exames e correlacioná-los com a avaliação clínica do paciente. Durante a consulta costumamos perguntar se quando o paciente tem um corte no dedo o sangramento coagula rápido ou demora para estancar”, destaca o otorrinolaringologista.

Não é possível afirmar o que pode ter causado a morte da ex-miss, já que o boletim médico não detalhou os motivos que a deixaram em coma após a cirurgia.

“Pode ser uma complicação da cirurgia, mas pode ser uma complicação inerente ao paciente, de que a cirurgia na verdade foi uma potencializadora, uma capitalizadora de um processo que iria evoluir mal. Só mesmo com um boletim médico para saber se ela entrou em coma por um choque séptico, por uma infecção por choque hipovolêmico, o que significa que ela sangrou e a pressão se reduziu”, afirma Sguillar. 

O médico ressalta que entender a condição prévia do paciente, como o histórico de comorbidades, é fundamental para o sucesso da cirurgia. “É uma cirurgia relativamente simples, mas a avaliação do paciente tem que ser bem estabelecida para entender os potenciais riscos fatais.” 

Quando a cirurgia de amigdalite é necessária?

Em geral, a cirurgia de retirada das amígdalas é recomendada para pacientes que sofrem com infecções recorrentes na região, a chamada amigdalite de repetição, ou para os quadros de amigdalite crônica caseosa, quando resíduos de alimentos ficam retidos nas amígdalas e acabam causando a infecção. Segundo o especialista, o procedimento dura de 40 minutos a uma hora.

“Pessoas que têm a amígdala muito grande têm um risco potencial de ter uma patologia chamada apneia obstrutiva do sono. Nesses casos, quando o paciente dorme, as amígdalas podem encostar uma na outra e fechar a passagem de ar para a via aérea superior, então a cirurgia também pode ser recomendada”, explica o otorrinolaringologista.

Fonte: R7.COM

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