O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a prisão dos influencers bolsonaristas Oswaldo Eustáquio e Bismark Fugazza, ligado ao canal Hipócritas no YouTube.
Apoiadores do ainda presidente Jair Bolsonaro (PL), os dois têm participado e incentivado as manifestações recentes que pedem um golpe militar contra a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A decisão de Moraes é da semana passada e, desde então, a PF procura a dupla.
Eustáquio diz ver o pedido de prisão como uma vingança de Moraes. A reportagem não conseguiu contatar Bismark.
“Se houver um quinto mandado contra mim, sobre uma cadeira de rodas, por emitir opinião será uma vergonha para o Judiciário do Brasil”, afirmou Eustáquio à reportagem. “Será apenas uma vingança de Alexandre de Moraes após minha denúncia à Corte Interamericana de Direitos Humanos.”
O advogado Levi Andrade, responsável pela defesa de Eustáquio, disse que entrou em contato com o bolsonarista e que seu cliente afirmou estar em casa e à disposição da Justiça para ser novamente preso. À coluna de Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, Eustáquio falou em oferecer “bolo, café, chocotone, panetone e pinhão” para agente da PF que for prendê-lo.
O jornalista bolsonarista está na mira de Moraes desde os primeiros desdobramentos dos inquéritos para apurar ataques aos ministro do STF e ameaça antidemocráticas.
Ele chegou a ser preso pela Polícia Federal em 2020, por determinação de uma ordem de Moraes nos autos do inquérito dos atos antidemocráticos ocorridos naquele ano, mas foi colocado em prisão domiciliar pelo ministro.
Em setembro de 2021, por causa da participação dos atos golpistas do 7 de Setembro, Eustáquio voltou a ser alvo de pedido de prisão, revogado depois.
De acordo com informações apuradas pela reportagem, Eustáquio tem descumprido as condições impostas pelo STF para sua liberdade.
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Na última semana, ele afirmou em vídeo que havia protocolado uma denúncia contra Alexandre de Moraes na Corte IDH (Interamericana dos Direitos Humanos).
Segundo a versão do bolsonarista, o ministro estaria usando a máquina do Estado em benefício próprio. No vídeo, Eustáquio aparece em um avião e diz que está indo “cumprir a missão mais importante de sua vida”.
À época, procurado pela Folha de S.Paulo, citou que se tratava da denúncia à Corte IDH.
Já no caso de Bismark, a prisão é pelo que tem feito ostensivamente em favor dos atos golpistas.
Após a derrota do mandatário nas urnas, bolsonaristas promoveram bloqueios de estradas em todas as regiões do país e fizeram peregrinação a unidades das Forças Armadas.
Em Brasília, eles permanecem acampados em frente ao QG do Exército. Nas últimas semanas, têm realizado atos em outros pontos da capital do país.
Os apoiadores do atual presidente acompanharam, por exemplo, uma audiência em uma comissão do Senado na qual fizeram ataques ao processo eleitoral e ao Supremo. Eles pediram a prisão ou impeachment de Moraes —Eustáquio e Bismark participaram do evento.
“A gente está junto com o povo na rua há mais de 30 dias. Há 30 dias, junto com o povo. Eu saí de Itajaí, Santa Catarina, e estou aqui em Brasília, desde o dia 3. Tenho andado até com o Oswaldo Eustáquio, que também sofreu censura, hoje está na cadeira de rodas, até por consequência disso”, afirmou Bismark na audiência.
Ainda em sua fala, o bolsonarista afirmou que a “tirania do Judiciário” está com os dias contados no Brasil e fez uma ameaça sobre a posse de Lula. “O ladrão não sobe a rampa”, disse.
O influenciador digital também acompanhou o protesto que um grupo fez próximo ao hotel onde Lula está hospedado. Xingamentos contra o petista e contra ministros do STF foram proferidos.
A escalada da violência nos atos antidemocráticos liderados por bolsonaristas fez desmoronar o discurso público de Bolsonaro e de seus aliados, que destacavam as manifestações como ordeiras e pacíficas e buscavam associar protestos violentos a grupos de esquerda.
Com casos de violência que incluem agressões, sabotagem, saques, sequestro e tentativa de homicídio, as manifestações atingiram seu ponto crítico e acenderam o alerta das autoridades, que realizaram prisões e investigam até possível crime de terrorismo.
Os responsáveis poderão ser punidos na Justiça com base na Lei Antiterrorismo, legislação que os próprios bolsonaristas tentaram endurecer visando punir manifestantes de esquerda.
Um dos casos mais recentes de violência ocorreu na véspera de Natal, quando um homem foi preso suspeito de ter tentado explodir um caminhão de combustível, em Brasília.
Outro caso aconteceu no dia 12 de dezembro. Horas após a diplomação de Lula, uma ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, contra um indígena bolsonarista acabou em atos de violência em frente à sede da Polícia Federal e em vias de Brasília.
Fonte: ESTADO DE MINAS