Milton Nascimento, 80 anos. Nesta quarta, 26 de outubro, um dos maiores compositores da história da MPB é motivo de festa! Com um legado musical incrível, que vai das belíssimas canções de amor à língua afiada das músicas de protesto, Milton levantou multidões e perpetuou muitas mensagens nos últimos 60 anos com sua voz ímpar.
Também considerado um dos maiores intérpretes da música brasileira, Bituca, como é chamado pelos amigos, era um dos autores preferidos da igualmente brilhante Elis Regina. Aliás, cabe um vice-versa aqui por Elis era a cantora preferida de Milton, que a chama de “divina”.
Desde a metade dos anos 1960, esse carioca de alma mineira produziu verdadeiras pérolas, boa parte delas em parceria com amigos como Fernando Brant (1946 – 2015), Marcio Borges, Ronaldo Bastos, Ruy Guerra, Chico Buarque e Caetano Veloso
O Blog do Mauro Ferreira separou algumas das maiores canções de Milton Nascimento e a gente reproduz 30 delas abaixo, em ordem cronológica, para você relembrar um pouco da arte desse brasileiro único, que a gente reverencia:
- Canção do sal (Milton Nascimento, 1965) – Primeiro registro da música que Elis Regina lançaria no ano seguinte, projetando o compositor. A gravação foi feita por Milton com o Aécio Flávio Sexteto para o álbum coletivo Música Brasileira em Expansão.
- Travessia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1967)
- Três pontas (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1967) – Título inaugural da parceria com o poeta e letrista fluminense Ronaldo Bastos.
- Sentinela (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1968) – Título sagrado lançado em single um ano antes de abrir o terceiro álbum do cantor.
- Clube da Esquina (Milton Nascimento, Marcio Borges e Lô Borges, 1970) – Retrato da noite que chega nas esquinas de Belo Horizonte e do Brasil.
- Aqui é o país do futebol (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1970) – Recado político no samba gravado para filme sobre um craque dos gramados.
- Nada será como antes (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1971) – Com o pé na estrada em gravação do mesmo single coletivo de 1971.
- Cais (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1972) – No porto da poesia em canção emblemática do álbum gregário Clube da Esquina.
- San Vicente (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1972) – Minas desemboca na América Latina com sabor de vidro e corte.
- Clube da Esquina 2 (Milton Nascimento, Marcio Borges e Lô Borges, 1972) – Manifesto dos sonhos que não envelhecem.
- Fé cega, faca amolada (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1974) – Canção com o brilho cego da paixão.
- Ponta de areia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1974) – O velho maquinista com seu boné lembra que a Maria Fumaça não canta mais.
- Bodas (Milton Nascimento e Ruy Guerra, 1974) – Um recado para a corte.
- Paula e Bebeto (Milton Nascimento e Caetano Veloso, 1975) – Porque qualquer maneira de amor valerá.
- Maria Maria (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976) – Um hino de exaltação às mulheres que têm fé na vida.
- Raça (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976) – Ode à força e à magia do povo preto.
- O que será (À Flor da Terra) (Milton Nascimento e Chico Buarque, 1976)
- O cio da terra (Milton Nascimento e Chico Buarque, 1977) – Afago na terra na primeira fecunda parceria com Chico Buarque.
- Cigarra (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1978), música feita para Simone e gravada por Milton somente em disco da cantora, em 2005.
- Canção da América (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1979) – Porque amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito.
- Bola de meia, bola de gude (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1980) – O menino salta do coração.
- Nos bailes da vida (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1981) – O hino de quem vai aonde o povo está.
- Coração civil (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1981) – Teimosia do coração que bate com a esperança de ver realizado sonho nacional.
- Encontros e despedidas (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1981) – Na estação da vida.
- Vevecos, panelas e canelas (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1981) – Canção alegre de bem com a vida.
- Ânima (Milton Nascimento e Zé Renato, 1982) – A alma do compositor.
- Certas canções (Milton Nascimento e Tunai, 1982) – Canções que chegam como o amor.
- Essa voz (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1982) – Réquiem para Elis, essa mulher.
- Coração de estudante (Milton Nascimento e Wagner Tiso, 1983) – Bate outra vez a esperança juvenil de um Brasil mais justo.
- Menestrel das Alagoas (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1983) – Homenagem a Teotônio Vilela (1917 – 1983).
Isso sem falar da interpretação impecável de Milton Nascimento em Cálice (que pode ser interpretada como Cale-se), música escrita em 1973 por Chico Buarque e Gilberto Gil, e lançada apenas em 1978 quando foi liberada censurada pela ditadura civil-militar. Ouça e veja como eles usavam a inteligência e driblavam palavras para registrar o que acontecia naquela época monstruosa e covarde que o Brasil viveu:
Fonte: SNB