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Inpa populariza conhecimento em São Gabriel da Cachoeira sobre impactos das mudanças climáticas na biodiversidade Amazônica

Inpa populariza conhecimento em São Gabriel da Cachoeira sobre impactos das mudanças climáticas na biodiversidade Amazônica

Com desenhos, jogos, palestras e exposição de amostras de espécies de anfíbios (sapos, rãs e pererecas) e répteis (serpentes, lagartos e tartarugas), cientistas e bolsistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) compartilham conhecimento com estudantes, professores e comunitários de São Gabriel da Cachoeira, distante a 852 quilômetros de Manaus e o município com maior população indígena do Brasil. De forma lúdica e criativa, crianças, jovens, professores e comunitários aprendem sobre os impactos das mudanças climáticas na biodiversidade amazônica e na sociedade em geral, além de ações climáticas que possam contribuir para a mitigação desses impactos.

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Durante duas semanas (de 14 a 28 de março), integrantes do projeto BioClimAmazônia desenvolvem atividades de popularização da ciência em escolas municipais, estaduais e instituições federais, tanto da região urbana como da periurbana e de comunidades de São Gabriel da Cachoeira, com expectativa de atingir milhares de pessoas. O BioClimAmazônia é um projeto coordenado pela pesquisadora Fernanda Werneck, líder do Laboratório de Ecologia e Evolução de Vertebrados (LEEVI) do Inpa, e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam/Edital Biodiversa). 

Iniciado no primeiro semestre de 2022, o projeto BioClimAmazônia atua na socialização do conhecimento de resultados de pesquisas sobre emergências climáticas e seus impactos sobre a diversidade amazônica, principalmente sobre a herpetofauna, ramo da zoologia que estuda os anfíbios e répteis. Os anfíbios e répteis são organismos que dependem da variação ambiental local para controlar suas temperaturas e funções corpóreas, e por isso são altamente vulneráveis às mudanças climáticas, já que as altas temperaturas e alterações de umidade podem afetar o metabolismo e ciclo de vida, incluindo a reprodução. 

O projeto BioClimAmazônia utiliza espaços estratégicos para agregar inovação à divulgação científica e educação ambiental, com vivências que buscam despertar no participante o sentimento de cidadania ambiental em prol da preservação da biodiversidade frente às ameaças das emergências climáticas. A principal causa das emergências climáticas é a ação humana que leva ao aumento da concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera, como o gás carbônico e o metano, e à consequente elevação da temperatura média do planeta, além de outras alterações climáticas, como alterações nos padrões de precipitação e eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.

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Segundo Werneck, a iniciativa do projeto promove a troca de saberes entre a instituição científica e os conhecimentos tradicionais aumentando a percepção coletiva sobre a urgência de engajar diversos setores da sociedade em ações climáticas que visem mitigar os impactos das emergências climáticas e da crise de perda de espécies. O Brasil é um dos países com a maior diversidade de espécies da herpetofauna do planeta, com cerca de 1.250 espécies de anfíbios e 850 de répteis conhecidas até o momento. No entanto, é também o país com maior potencial de descoberta e descrição de novas espécies de anfíbios e répteis do planeta, revelando que muito dessa diversidade ainda está em fase de descoberta, apesar das elevadas ameaças que sofrem.

“As emergências climáticas e a extinção de espécies são crises ambientais e humanitárias interligadas, cujas ações de enfrentamento são também interligadas. Portanto, trocar saberes e engajar jovens cientistas, estudantes, professores e moradores locais é essencial para uma ação coletiva de mitigação sobre os ecossistemas amazônicos e as próprias comunidades”, destacou Werneck, que é coordenadora do Programa de Coleções Científicas e Biológicas do Inpa, considerada a quinta Coleção mais importante do Brasil.

Ações na Cabeça do Cachorro

Estudantes de escolas de diferentes níveis de São Gabriel – da educação infantil ao ensino superior – participam de oficinas, exposições, dinâmicas, jogos, palestras e rodas de conversa. Entre os destaques estão o jogo de tabuleiro “Corrida da Herpetofauna contra as mudanças climáticas” e a oficina “Colorindo a Herpetofauna Amazônica”, na qual os participantes aprendem conceitos sobre mudanças climáticas e seus impactos em anfíbios e répteis.

Entre as instituições visitadas em São Gabriel estão o Centro Educacional infantil Turminha da Mônica, o Colégio São Gabriel, o Instituto Federal do Amazonas (Ifam), a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e o Centro Missionário Salesiano, onde a equipe se encontrou com professores da Escola Municipal Indígena Dom Miguel Alagna. A equipe esteve ainda numa escola da comunidade indígena Duraka, ação viabilizada pela parceria com a Secretaria Municipal de Educação de São Gabriel.

Após as atividades, os estudantes são convidados a celebrar um compromisso com a conservação da Amazônia, com a valorização da ciência e atuar como uma liderança contra as mudanças climáticas. “A conservação da sociobiodiversidade é um compromisso intergeracional que deve ser celebrado entre todos. Dessa forma, ao final das nossas atividades, os participantes são convidados a fazer um Juramento para celebrar este acordo”, disse o bolsista de pós-doutorado, o biólogo e educador ambiental Felipe Zanusso.

Além de Werneck e Zanusso, participam da expedição outros bolsistas do projeto, Jordana Ferreira e William Nascimento, e estudantes de mestrado e doutorado de programas de pós-graduação do Inpa e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Em paralelo com as atividades de extensão e popularização da ciência, a equipe coletou dados ecológicos e amostras biológicas para subsidiar projetos de pesquisas.

Mais informações sobre projeto BioClimAmazônia podem ser acompanhadas pelo Instagram  @werneck.lab

Saiba Mais:

São Gabriel da Cachoeira está localizado na tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Venezuela, e há um ano se tornou a Capital Estadual dos Povos Indígenas do Amazonas, conforme a Lei Estadual nº 5.796/2021, sancionada em janeiro do ano passado. Também conhecido como Cabeça do Cachorro, o município abriga 23 etnias indígenas e 90% da população é composta de indígenas e descendentes.

Fonte: ASCOM/INPA

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