Feirantes comercializam entre 30% e 50% menos produtos durante a semana; há risco de fechamento de alguns pontos
Quem gosta de comprar frutas e legumes frescos, vindos diretamente do produtor, ou colhidos no dia, já deve ter percebido que a feira não é mais a mesma: há menos barracas, menos produtos e menos pessoas circulando e fazendo compras. “Estamos trazendo uma quantidade reduzida de produtos”, conta o feirante Rosivaldo Araújo Oliveira, que vende verduras. “Logo que os preços dispararam, as vendas caíram, houve uma resistência do consumidor”, lembra.
Paulo dos Santos Vieira, que tem uma barraca de frutas, diz estar enfrentando a mesma dificuldade. “A maior mudança que eu tive de fazer foi na quantidade de mercadorias que eu trago para vender. Se antes eu pegava 100 abacaxis, hoje eu só trago 50. O pessoal de casa diminuiu os gastos, e coisas que eram necessidades hoje viraram supérfluo”, avalia o comerciante. Para ele, a pandemia não atrapalhou os negócios. “O que mais prejudica o feirante, hoje, é o aumento do diesel; a pandemia, não, ela virou desculpa para tudo, todo mundo quis tirar proveito.”
O que os dois profissionais revelam é reflexo, principalmente, da inflação, que acumula alta de 4,29% nos primeiros quatro meses de 2022, ou de 12,13% nos últimos 12 meses, de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esses são os maiores índices registrados em 19 anos.
O que os números indicam os consumidores vêm sentindo no bolso mês a mês: o preço do tomate, por exemplo, praticamente dobrou em um ano, teve alta de 94,55% de março de 2021 a março de 2022, segundo o IPCA. O quilo do tomate, que já custou algo em torno de R$ 5 a R$ 8, hoje não sai por menos de R$ 15. O aumento da cenoura no mesmo período foi ainda maior: 166,17%.Feirante há 20 anos, Adriano Mariano, que vende legumes, foi outro a notar que as feiras onde trabalha estão mais vazias. “Só não estou em feira nas segundas. Um dia vou para o Itaim Bibi, em outro, estou no Ipiranga, depois é na rua Frei Caneca, na Brigadeiro [Luiz Antônio], no sábado é no AE Carvalho, e domingo, na Consolação. As vendas caíram mais na feira de AE Carvalho, que fica em uma região onde as pessoas têm menos condições financeiras”, conta.
Fonte: R7.COM