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Gêmeos siameses unidos pela cabeça são separados em cirurgia inédita no SUS

Gêmeos siameses unidos pela cabeça são separados em cirurgia inédita no SUS
( Foto: Reprodução )

Uma história de sucesso que vai marcar a medicina no Brasil. Os gêmeos siameses, Arthur e Bernardo, de 4 anos, que nasceram unidos pela cabeça foram separados após uma cirurgia inédita e muito delicada feita pelo SUS. Os bebês compartilhavam um pedaço do cérebro e a principal veia que leva o sangue de volta ao coração.

Um caso muito raro e gravíssimo. Eles passaram por nove cirurgias. Um procedimento extremamente complexo, feito todo pelo Sistema Único de Saúde após quase quatro anos de espera, contaram os pais Adriely e Antônio. “Eles já passaram por tanta coisa, já sofreram tanto. Eles são muito guerreiros. Nosso coração é só gratidão”, afirmou a mãe dos gêmeos.

“Esses gêmeos se enquadraram na classificação mais grave, mais difícil e com mais risco de morte para os dois. Quando você tem 1% de chance, você tem 99% de fé”, disse o neurocirurgião Gabriel Mufarrej.

Bernardo e Arthur nasceram unidos pelo crânio e pelo cérebro. Os irmãos chegaram ao Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer quando tinham oito meses de idade.

Os irmãos compartilhavam cerca de 15% de cérebro e dividiam também uma veia grande e muito importante que conduzia o sangue de retorno aos corações dos dois.

Eles passaram mais de três anos internados.

Cirurgia do medo

A primeira cirurgia dos meninos foi batizada de “cirurgia do medo”, do desconhecido. As seguintes foram acontecendo com intervalos de três a quatro meses.

Em cada procedimento, os médicos conseguiam desconectar, aos poucos, a veia do cérebro de um dos irmãos e dar tempo desse cérebro recompor as veias do sistema circulatório.

A equipe médica fez inúmeras ressonâncias magnéticas e tomografias nos gêmeos para tentar entender a estrutura cerebral tão diferente e as veias que eles compartilhavam.

Para ajudar a entender melhor, os neurologistas decidiram fazer também modelos cerebrais em 3D e essas réplicas foram fundamentais durante as cirurgias.

“A gente queria que eles aprendessem a andar, a desenvolver a linguagem, eles estavam no hospital e os instintos são precários. Mas a gente colocava eles no chão, cortou o cabelo deles, fez festa de aniversário, ensinou eles a falar… A gente se sente parte da família”, destaca a médica pediatra Fernanda Fialho.

Ajuda de especialista inglês

Foi após a sétima cirurgia que o neurocirurgião decidiu buscar ajuda para a separação total e recorreu ao médico inglês Owasi Jeelani, de Londres, a pessoa que, no momento, tem mais experiência em separação de craniópagos pelo mundo.

Cada detalhe da grande cirurgia foi ensaiado e os médicos foram divididos em dois grupos: para cuidar de Bernardo, os profissionais formaram a equipe vermelha. E para o Arthur, a equipe era azul.

“A cirurgia começou às seis horas da manhã e demorou treze horas, terminou de noite. As crianças ficaram mantidas em coma induzido, sedadas e na UTI”

Ao todo, foram nove cirurgias e a última durou 23 horas.

Referência

As cirurgias no Instituto Estadual do Cérebro foram todas custeadas pelo SUS e o hospital foi convidado a ser um parceiro da Fundação Gemini Untwined, criada pelo doutor Owase Jeelani.

Agora, a equipe do médico Gabriel Mufarrej será referência para futuras cirurgias de separação de gêmeos unidos pela cabeça na América Latina.

“O maior sonho é ver eles [sic] recuperados, com saúde e até com uma vida social como as outras crianças. Poder estudar, poder jogar bola”, disse o pai, cheio de esperança!

Fonte: SNB

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