Um novo clube brasileiro está posicionado no cobiçado hall de campeões da Libertadores da América. Fazendo valer o privilégio de jogar “em casa”, o Fluminense foi empurrado intensamente pela torcida no Maracanã, no Rio de Janeiro, bateu o Boca Juniors, por 2 x 1, na prorrogação, e conquistou a Glória Eterna pela primeira vez na história neste sábado (4). Mantra durante a campanha, a música com o verso “chegou a hora, vamos ganhar a Libertadores”, agora embala o sentimento por, de fato, os tricolores estarem vivendo o momento mais aguardado na história do time.
+ Leia mais notícias no portal Amazônia Sem Fronteira
A conquista não poderia passar por outros pés. Artilheiro isolado do torneio, Germán Cano marcou pela 13ª vez na atual temporada do torneio continental. O gol de Advíncula, no segundo tempo, provocou receio. Mas coube a Jhon Kennedy garantir a taça. Cria de Xerém e amuleto em vários momentos da campanha tricolor na Libertadores (o atacante marcou em todas as fases do mata-mata), o camisa 9 anotou o gol do título na prorrogação. Um chute forte, assim como o desejo dos tricolores pela Glória Eterna.
Cano sempre, ele
Boca Juniors e Fluminense não fugiram da máxima imposta pelas finais únicas de Libertadores. Nos primeiros minutos de jogo, as equipes equivaleram forças e jogaram uma partida truncada por faltas. No mantra do técnico Fernando Diniz de ficar mais tempo com a bola no pé, o tricolor rodou atrás de espaço. A primeira finalização, porém, veio somente aos 13 minutos. Romero encaixou bem cabeçada de Cano. Os argentinos responderam com chute Merentiel, aos 15. Fábio demonstrou segurança e segurou firme.
Teimoso, o equilíbrio reassumiu o controle logo depois. Embora não ameaçasse, o Fluminense parecia mais seguro nas tentativas de construção com grande participação de Ganso. O Boca Juniors apostava as fichas nas jogadas de contra-ataque. E teve bons lances de velocidade não aproveitados. Barulhenta, a torcida tricolor cantava na tentativa de ampliar a força do elenco no gramado. Inquieto, Fernando Diniz orientava os jogadores a todo tempo para mostrar o caminho mais efetivo.
E ele sempre passa pelos pés de Germán Cano. O artilheiro tricolor jamais escondeu ter sentimentos com o Boca Juniors, mas a tarde era de castigar os compatriotas. Aos 35, o camisa 14 recebeu passe rasteiro de Keno e, de primeiro, fez o 13º dele na Libertadores. Com o tradicional “L” nas mãos em homenagens aos filhos Lorenzo e Leonella, provocou a explosão dos milhares de tricolores com o sonho de conquistar a competição com a mesma letra.
Ressuscitado pela mística
A necessidade de buscar pelo menos um gol para forçar os pênaltis – forma preferida pelo Boca Juniors para aniquilar os rivais na atual edição da Libertadores -, fez o time xeneize voltar ao segundo tempo mais propositivo. A equipe argentina passou a jogar de frente e mais próxima para o barulho da própria torcida. O maior tempo na zona ofensiva, porém, não resultou mais finalizações ao gol. A mais perigosa foi de Advincula, rente ao gol de Fábio. Na inversão de propostas, a arma tricolor virou a velocidade e o poder de reter a bola nos momentos necessários.
André, Ganso, Árias e Keno eram as principais armas nesses momentos. Ruindo e envolvido, o Boca passou bons minutos caindo na pilha tricolor e, por consequência, errando decisões. Seguro, o tricolor causou os xeneizes na posse de bola, muitas vezes em zonas curtas do gramado. Os chutes eram raros. Aos 24, André arriscou de fora da área e Romero encaixou. No minuto seguinte, Equi Fernández respondeu na mesma moeda. Fábio pegou.
A mística do Boca, porém, ousou em ressuscitar o time. Também de longe, veio o empate. Advíncula aproveitou o espaço e, de canhota, encontrou o canto direito da rede: 1 x 1. O Flu sentiu o golpe, o crescimento dos argentinos e os espaços não fluíram mais naturalmente. Fernando Diniz sentiu os sintomas e mexeu em massa. As alterações, porém, serviram apenas para devolver o equilíbrio o jogo. Outra vez à distância, Merentiel tirou o “uhhh” da torcida xeneize. Diogo Barbosa teve, nos acréscimos, a chance final. Mas cruzou forte demais.
Kennedy faz a América tricolor
A margem mínima de erro provocou um nervosismo gigante na prorrogação de Boca Juniors e Fluminense. Além de todo o peso de uma decisão de Libertadores, o cansaço se abateu sobre os jogadores dos dois times e provocou uma série de erros. Fábio e Romero trabalhavam apenas em lances esporádicos. Era preciso raça e o tricolor encontrou em uma cria de Xerém.
Acionado do banco de reservas, Jhon Kennedy aproveitou ajeitada de Keno e mandou um balaço para devolver a alegria ao torcedor do Flu. O camisa nove foi comemorar perto dos tricolores, na mureta do estádio, recebeu o segundo amarelo e deixou o time brasileiro na agonia de jogar com um a menos. Com o Boca no tudo ou nada, o tricolor se fechou como deu e usou a catimba como artimanha. E ela teve um resultado tão bom quanto gol quando Fabra foi expulso por tapa no rosto de Nino.
• Siga o AmSemFronteira no Facebook acessando aqui
• Siga o AmSemFronteira no Instagram acessando aqui
Em igualdade numérica, o Fluminense tinha a confiança da vantagem no resultado para levar bem os 15 minutos finais de partida. O duelo ataque x defesa se concentrou com todos os jogadores no campo do tricolor. O Boca manteve a bola no pé, mas não criou. Os caminhos estavam todos fechados. O único disponível foi responsável por provocar a apoteose no Maracanã e levar o tricolor, definitivamente, à Glória Eterna.
(Por Danilo Queiroz)
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE