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Estrela do cinema descobriu uma que tem duas cópias do gene APOE4, mas médicos salientam que isto não é uma sentença de que pessoa desenvolverá a doença

Estrela do cinema descobriu uma que tem duas cópias do gene APOE4, mas médicos salientam que isto não é uma sentença de que pessoa desenvolverá a doença

Estrela do cinema descobriu uma que tem duas cópias do gene APOE4, mas médicos salientam que isto não é uma sentença de que pessoa desenvolverá a doença
( Foto: Reprodução )

Durante a produção da série “Limitless”, da Disney+, o ator Chris Hemsworth, responsável por dar vida ao personagem Thor, do Universo Marvel, descobriu que tinha duas cópias de um gene ligado ao Alzheimer, o APOE4.

O ator de 39 anos contou à revista americana Vanity Fair que o programa, focado na exploração da longevidade, tornou-se ainda mais importante e comovente para ele após a descoberta. Porém, a surpresa também trouxe algumas inseguranças.

“Eu tinha um monte de perguntas, mas ninguém as respondeu. Eu gostaria de ter feito um acompanhamento mais intenso porque realmente não sabia o que pensar. Eu estava tipo, ‘eu deveria estar preocupado? Isso é preocupante?’”, contou ao site.

De acordo com o neurologista Raphael Spera, especialista em neurologia cognitiva e do comportamento e membro titular da ABN (Academia Brasileira de Neurologia), o risco é algo para se preocupar, mas não é um diagnóstico definitivo.

“Alzheimer, em pacientes após 65 anos, 95% das vezes, ou até mais, é esporádico, não é geneticamente determinado. Esporádico quer dizer que há uma associação de fatores de risco que incluem o ambiente, o seu estilo de vida…”, explica Spera.

O APOE4 é uma mutação, um gene de risco. Quem tem uma cópia, tem de três a quatro vezes mais chance de ter a doença. Aqueles que têm duas cópias, classificados como homozigoto, como o ator de Thor, têm de 8 a 12 vezes mais risco de desenvolver Alzheimer.

“Mas, isso não quer dizer que a pessoa vai ter a doença, ele não é um gene determinante”, conta o especialista.

O neurologista e chefe do setor de neurologia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Paulo Bertolucci deixa claro como o gene de risco funciona na prática.

“Se eu pegar dois grupos, um grupo tem gente que é APOE4 e o outro grupo não tem nenhum APOE4, eu sei que daquele grupo com APOE4 vai sair mais gente com doença de Alzheimer, mas eu não posso saber quais dessas pessoas vão desenvolver de fato, porque tem outros fatores”, exemplifica Bertolucci.

A característica de incerteza da mutação genética APOE4 também se dá por dois pontos importantes. O primeiro, é que mais ou menos 50% das pessoas que têm Alzheimer não têm a presença desse gene. Portanto, apesar de ele aumentar o risco, não é condição para o desenvolvimento da doença.

“[O segundo ponto é que] esse alelo também é encontrado na população em geral, mais ou menos, de 10% a 15% da população. Tem muitas pessoas que têm o alelo, seja um, ou sejam dois, e que não vão desenvolver a doença”, diz Spera.

Herança

Em entrevista à revista Vanity Fair, Chris também contou que o avô tem Alzheimer.

“Não tenho certeza se ele ainda se lembra muito. Ele entra e sai do holandês, que é sua língua original”, revelou.

Apesar de ser um parente próximo, o diagnóstico não impacta de forma direta a vida do ator ou de pessoas que vivem uma situação semelhante.

“Você ter um parente, dois, com uma fase tardia [de Alzheimer] aumenta um pouco o risco de ter a doença, mas de forma não muito impactante, porque vai entrar mais nessa questão esporádica”, relata o neurologista.

A situação se torna, de fato, preocupante quando há ao menos dois familiares de primeiro grau, com menos de 65 anos e de gerações consecutivas (pai e filho, por exemplo) diagnosticados com Alzheimer.

O que determina de forma mais precisa a chance de ter ou não a doença são os fatores de risco. Pessoas hipertensas, diabéticas, analfabetas, sedentárias, com déficit auditivo não corrigido ou com alguma dificuldade visual, por exemplo, estão incluídas no grupo mais propenso ao Alzheimer.

Indivíduos que sofrem com distúrbios do sono, principalmente a apneia, também estão mais em risco.

“Aquela pessoa que ronca e o ronco vai ficando cada vez mais alto e, de repente, a pessoa para de roncar – fica um período de alguns segundos. Esse período que ela fica em silêncio está em apneia. Mas não é a apneia o problema, o problema é que esse sono fragmentado facilita a deposição da proteína beta-amiloide, a proteína da doença de Alzheimer – quando você fragmenta o sono ela deixa de ser eliminada”, detalha Bertolucci.

Fonte: R7.COM

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