Quantas espécies brasileiras de Hexapoda (mais conhecidas como insetos) foram descritas em 2020? Quais são os países onde residem os autores? Como foi o papel da mulher na autoria destas espécies? Como estão distribuídas as autorias das espécies entre as regiões e instituições brasileiras de pesquisa? Em quais revistas estas espécies foram publicadas? Essas perguntas foram respondidas no “Hexapoda Yearbook (Arthropoda: Mandibulata: Pancrustacea) Brazil 2020: the first annual production survey of new Brazilian species”, o primeiro compilado anual sobre o Hexapoda no Brasil.
Os principais resultados serão apresentados na Live “Desvendando as espécies novas de insetos de 2020: um raio X na produção anual da descrição de novas espécies brasileiras de insetos”, que será realizada nesta quinta-feira (09), às 9h (horário de Manaus), com transmissão pelo canal do Inpa no Youtube/INPAdaAmazonia. A Live será com o entomólogo Alberto Moreira da Silva-Neto, membro permanente da Pós-Graduação em Entomologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e bolsista do Programa de Capacitação Institucional (PCI-MCTI/Inpa/CNPq) e mediação da coordenadora de Tecnologia Social, Denise Gutierrez.
O Anuário foi elaborado por uma equipe de 75 autores, a maioria bolsistas de doutorado e de pós-doutorado de várias partes do país. “Com o artigo, expusemos a força e a cara da nova juventude entomológica do Brasil. Este foi o primeiro anuário Hexapoda Brasil, mas não será o último, pois o de 2021 já está em andamento”, conta Silva-Neto, que é editor-chefe da EntomoBrasilis, revista responsável pela organização do Anuário Hexapoda.
Silva-Neto destaca a precisão e o ineditismo da publicação, que trouxe à tona o estado da arte do esforço da taxonomia brasileira sobre os insetos. “Os resultados são fundamentais para gerar suporte para decisões mais precisas sobre financiamento público para taxonomia, visando diminuir o abismo da falta de conhecimento sobre o Hexapoda no Brasil, que atualmente, segundo estimativas, possui menos de 30% de sua real diversidade de insetos conhecida”, comenta.
A Live integra as atividades do Mês do Meio Ambiente do Inpa. A programação conta ainda com visitas agendadas ao Bosque da Ciência de escolas participantes do I Concurso de Planos de Aula do Programa Ciência na Escola, visitas em escolas com exposição sobre os quelônios da Amazônia e intercâmbio cultural no Inpa entre jovens da RDS Uatumã (núcleo da FAS) com jovens do bairro Coroado. O Bosque continua com as visitas presenciais ao grande público suspensas. Em breve será informada a data de retorno das atividades presenciais.
A inscrição para a Live pode ser feita acessando o endereço https://www.even3.com.br/especies_novas_insetos_2020_raiox/ ou diretamente no evento clicando aqui. Os inscritos na live receberão declaração de participação de 3 horas.
Novas espécies brasileiras de insetos
O Anuário registrou um total de 680 novas espécies brasileiras de insetos descritas em 2020, classificadas em 245 gêneros, 112 famílias e 18 ordens. A ordem com mais espécies descritas foi Coleoptera, que compreende os insetos mais popularmente conhecidos como besouros, seguida da Hymenoptera, representada por abelhas, marimbondos, mamangavas, vespas e formigas. Outras ordens de espécies, como Hemiptera (cigarras, percevejos, pulgões e cochonilhas) e dípteros (moscas, mosquitos, varejeiras, pernilongos, borrachudos e mutucas) também tiveram espécies novas descritas.
As espécies foram publicadas em um total de 2019 artigos com 423 autores diferentes residentes em 27 países, com 73% de autores residentes no Brasil. Em relação ao número de autores por espécie, a maioria das espécies novas teve dois autores e o máximo foi de cinco autores por espécie.
Desigualdades
Em 2020, do total de autores identificados nas publicações, apenas aproximadamente 30% (128) eram do sexo feminino, o que demonstra uma desigualdade nesse aspecto. Em relação ao número total de autoria de espécies, a diferença é ainda maior, com 74% (1176) de autorias masculinas e 26% (411) femininas. “No Brasil, os dados mostram que as mulheres estão sub-representadas na produção de artigos de ecologia e zoologia, independentemente de suas muitas subáreas”, afirma Silva-Neto.
Também foram encontradas desigualdades na produção sobre as espécies descritas em relação às regiões do Brasil, com destaque para Sudeste e Sul. Entre as 10 principais instituições com maior número de publicações sobre novas espécies, quatro estão na região Sudeste, duas na região Sul e uma na região Norte, sendo a discrepante desse padrão.
Instituições com maior número de autorias de espécies novas
O Inpa está na terceira posição entre as instituições brasileiras que mais publicaram sobre novas espécies de insetos descritas em 2020, com 149 autorias, atrás apenas da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Paraná (UFPR). Esse resultado contribui para situar o Amazonas no terceiro lugar entre os estados brasileiros com maior número de autorias.
Além do Inpa ter sido o responsável pelo ponto fora da curva do domínio do eixo Sul-Sudeste na autoria de espécies novas em 2020, do total de 75 autores do Anuário Hexapoda, 25 deles são do Inpa e 24 são bolsistas de diversas modalidades incluindo pós-doutorandos, doutorandos e mestrandos. “Os resultados mostram além da força da nova juventude entomológica do Brasil, também a força do Inpa e de sua Pós-Graduação em Entomologia na formação de novos pesquisadores capacitados. O Inpa, sediado na Amazônia, que é considerada a área com a maior biodiversidade do mundo, mostrou que tem papel-chave na difícil missão nacional de amenizar o abismo do conhecimento da nossa diversidade de insetos”, completa Silva-Neto.
O técnico da Coleção de Invertebrados do Inpa Thiago Mahlmann, um dos autores do artigo, destaca a importância da pós-graduação na formação de profissionais. “Sou mestre e doutorando pela Casa, e o Inpa foi fundamental para tudo que eu sou e também para muitos entomólogos do Brasil. A pós-graduação em Entomologia do Inpa é de excelência”, destaca.
Para acessar o Anuário Hexapoda na íntegra, clique aqui. Mais detalhes serão compartilhados por Alberto Silva-Neto na Live.
Minibio
Alberto Moreira da Silva Neto possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Bahia (2004), mestrado em Ecologia e Biomonitoramento pela Universidade Federal da Bahia (2007) e doutorado em Ciências Biológicas (Entomologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (2017). Foi bolsista DTI2 pela Universidade estadual de Feira de Santana entre 2008-2009 e 2010-2011. Foi bolsista DTI3 pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia entre 2009-2010. Foi bolsista Pós-doc júnior CNPq pelo Inpa entre 2017-2018. Foi bolsista de Pós doutorado Capes pelo INPA 2018-2021. Tem experiência na área de Ecologia Nutricional e comportamento de Insetos em especial com moscas-das-frutas. Atualmente é bolsista do programa PCI-MCTI/INPA/CNPq do Inpa e membro permanente da Pós-graduação em Entomologia do Inpa trabalhando com taxonomia e filogenia de Psocoptera (Psocodea). Coordenador e autor de Psocoptera no Catálogo da fauna do Brasil e editor chefe da EntomoBrasilis.
Fonte: ASCOM/INPA