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Escolas temem que onda de violência e ataques que marcou 2022 continue no próximo ano

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( Foto: Reprodução )

Retorno às aulas presenciais após a pandemia impôs às instituições a necessidade de enfrentar casos de agressão e prevenir ataques

Três anos após o massacre que terminou com dez mortes em uma escola de Suzano, na Grande São Paulo, 2022 devolveu ao país, sobretudo às cidades de Aracruz (ES)Barreiras (BA) e Sobral (CE), a angústia de lidar novamente com a perda de estudantes e educadores.

O retorno integral às aulas presenciais impôs à comunidade escolar a necessidade de enfrentar a escalada de violência entre estudantes que, devido à pandemia de Covid-19, haviam passado boa parte dos últimos dois anos letivos em casa. Como mostram os números e avaliam os especialistas, esse cenário contribuiu para o aumento de registros de agressões físicas, ameaças e humilhações.

Pesquisa recente da Nova Escola revelou que sete em cada dez educadores relataram casos de violência onde trabalham. Ao todo, quase 3.000 disseram ter sido vítimas de violência: estudantes formam a maioria entre os agressores (50,5%), seguidos por familiares de alunos (25,7%), colegas de trabalho e gestores (11,4%) e outros professores (9,4%).

Outro estudo no âmbito do estado de São Paulo comparou os primeiros trimestres de 2019 e 2022, e o resultado foi preocupante: entre cinco critérios de violência avaliados, houve aumento em quatro.

O que no início do ano se desenhava como um problema para o futuro se concretizou no segundo semestre: somados, os atentados no Espírito Santo, na Bahia e no Ceará deixaram 6 mortos, 16 feridos e dezenas de famílias afetadas pela perda e pelo medo.

Casos tornaram-se mais frequentes nos últimos anos

Um levantamento do Instituto Sou da Paz identificou 12 ataques em escolas desde 2002 — o atentado à creche em Saudades (SC), em que o autor utilizou armas brancas, não foi contabilizado.

A quantidade de casos tem evidente relação com a recente facilitação de acesso às armas, afirma ao R7 Carolina Ricardo, diretora-executiva do Sou da Paz. “Mas não é só por isso. Há as questões de saúde mental, muito importantes.”

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Dos 12 registros levantados pelo instituto, 7 ocorrem nos últimos cinco anos. “Um número bastante grande: pelo menos cinco casos de 2019 até agora 2022, se a gente olhar para os quatro anos anteriores a 2019”, afirma a diretora.

A recorrência nos últimos anos reforça a avaliação de estudiosos do tema de que casos de grande repercussão tendem a influenciar potenciais agressores, como os autores do atentado em Suzano, que possuíam inspirações no massacre de Columbine.

“Quem não estava pensando pode começar a pensar, e aqueles que estavam planejando se sentem estimulados a pôr o plano em ação, inclusive estudando os últimos ataques. Então, sim, cada ataque que acontece estimula novos ataques”, pondera Elaine Alves, psicóloga com pós-doutorado em luto, emergências e desastres do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo).

Segundo Alves, esse problema deve ser levado em conta na próxima gestão do governo federal e de outros âmbitos, “porque ele já entrou no Brasil, assim como existe nos Estados Unidos e em outros países”.

Prevenção

Para Elaine Alves, trabalhos de prevenção — dos atendimentos psicológicos às simulações para preparar os alunos para as sinalizações de rotas de fuga e noções básicas de defesa em episódios de transtorno — são essenciais na tentativa de evitar a ação de potenciais autores de atentados e agressores. Os treinamentos devem ser, segundo ela, mais frequentes: mensais ou bimestrais.

“As escolas ainda pecam por não trabalhar na prevenção. É fundamental que invistam, não só em relação aos ataques, mas para alagamento, desabamento, atentado com bombas e outros tipos, e também para o ataque de um atirador. É preciso trabalhar na prevenção e em simulados para que as vidas sejam salvas”, afirma a psicóloga.

Fator basilar para os cuidados com os estudantes, lembra, a saúde mental passa primordialmente pelos potenciais agressores: “Nesse caso, não é com a inclusão que se tem que trabalhar, mas com a exclusão, nas temáticas do bullying, do cyberbullying, da violência”.

Ciente de que, muitas vezes, a linguagem de coordenadores e professores não alcança os estudantes, Alves ressalta que o papel dos profissionais é apoitar e orientar para os próprios alunos trabalharem entre si. “Isso não é de cima para baixo. Não é da diretoria para os professores e dos professores para os alunos, mas uma comunicação feita entre aluno e aluno, dentro da linguagem deles”, diz.

Na mesma direção, Carolina Ricardo afirma que, em muitos casos, os alunos manifestam esses problemas, mas nem a escola nem a família são capazes de identificá-los com antecedência.

“A questão da saúde mental pode ter relação com o bullying, e o aluno acaba abastecido via deep web, com conteúdos dessa natureza e um incentivo a esse tipo de ação ou acesso às armas de fogo”, completa.

Fonte: R7.COM

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