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Emails mostram que Mauro Cid tentou vender relógio recebido em viagem oficial de Bolsonaro

O valor negociado do objeto seria de US$ 60 mil; a peça é descrita como um modelo de ouro, platina e diamantes

Em novo depoimento, Mauro Cid fala sobre joias e tentativa de golpe

Os emails trocados por Mauro Cid em que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) tentou vender um relógio da marca Rolex recebido em uma viagem oficial do ex-presidente à Arábia Saudita estão entre os documentos da CPMI do 8 de Janeiro.

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R7 teve acesso a esses emails. Nos registros, constam informações de que Cid recebeu da diplomata Maria Farani uma mensagem que expressava interesse na compra da joia. Ainda não se sabe se ela estaria intermediando o negócio. Na época, a diplomata assessorava o Gabinete Adjunto de Informações do ex-presidente Jair Bolsonaro.  A reportagem procurou as defesas de Mauro Cid e de Jair Bolsonaro e não obteve retorno.

A troca de mensagens foi feita em inglês, e, nelas, uma pessoa não identificada agradece pelo interesse em vender a joia. “Obrigado pelo interesse em vender seu Rolex. Tentei falar com vc por telefone mas não consegui contato. Pode me dizer se você tem a garantia/certificado desse relógio? Quanto você queria conseguir nele? O mercado pra Rolex usados tem diminuído bastante, especialmente de platina e diamante (já que o valor de varejo é tão alto). Só quero confirmar que nós estamos na mesma página antes de fazermos muita pesquisa. Ansioso para ouvir sua resposta”, diz a pessoa. 

Mauro diz que não existe um certificado e que foi um presente. “Não temos o certificado do relógio, já que foi um presente recebido em uma viagem oficial de trabalho. O que nós temos é o selo verde que vem junto com o relógio. E eu também garanto que o relógio nunca foi usado. Eu pretendo conseguir algo no valor de 60 mil dólares”, afirmou. 

O relógio da marca Rolex é descrito como um modelo de ouro, platina e diamantes, em estado de conservação bom, em caixa de madrepérola e diamantes.

Kits de joias entregues à Caixa

Em abril deste ano, a defesa de Jair Bolsonaro entregou um kit de joias árabes doadas ao ex-presidente em 2019. A informação foi compartilhada nas redes sociais por Fabio Wajngarten, que foi chefe da Secretaria de Comunicação de Bolsonaro. O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que os itens fossem deixados no banco.

O ex-presidente ganhou os presentes da Arábia Saudita. O estojo — que traz o símbolo verde do brasão de armas do país — inclui um relógio da marca Rolex de ouro branco e diamantes, uma caneta da marca Chopard com pedras incrustadas, um par de abotoaduras de ouro branco e diamantes, um anel de ouro branco, também com diamantes, e uma masbaha, uma espécie de rosário árabe, feita de ouro branco e com pingentes de brilhantes.

O valor estimado do relógio Rolex é de R$ 364 mil. Os outros itens, quando comparados a peças similares, valem cerca de R$ 200 mil. Os presentes foram recebidos em mãos por Bolsonaro durante uma viagem oficial.

Os primeiros presentes árabes recebidos por Bolsonaro que vieram a público foram avaliados em R$ 16,5 milhões. O conjunto tem um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes. Essas joias foram retidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em outubro de 2021, com um assessor do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, e também eram destinadas à Presidência da República. Elas continuam no aeroporto.

O segundo grupo inclui duas armas — uma pistola e um fuzil que o ex-presidente ganhou de representantes dos Emirados Árabes, em 2019 — e joias masculinas, doadas pelo regime saudita em 2021. O TCU determinou que as armas fossem entregues à Diretoria de Polícia Administrativa da Polícia Federal, em Brasília, e as joias, na mesma agência da Caixa. Esse segundo kit foi devolvido em 24 de março.

Fonte: R7.COM

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