Uso do dispositivo no Brasil é quase três vezes maior entre jovens, na comparação com a média geral da população
Neste 31 de maio, Dia Mundial sem Tabaco, especialistas fazem um alerta: o Brasil corre o risco de perder todos os avanços conquistados na luta contra o tabagismo diante da disseminação dos cigarros eletrônicos.
O uso desses dispositivos se popularizou nos últimos anos, principalmente entre o público jovem e os adultos que veem nos produtos uma possibilidade de eliminar a dependência do tabaco. Apesar da proposta positivista, de abandono do vício, os chamados e-cigarettes, assim como os cigarros tradicionais, causam diversos malefícios aos usuários e às pessoas expostas indiretamente a eles.
Os efeitos do cigarro tradicional no organismo de não fumantes já foram evidenciados e estampam a embalagem dos produtos. A OMS (Organização Mundial da Saúde) apontou a PTA (poluição tabagística ambiental) como a maior fonte de poluição em ambientes fechados, e o tabagismo passivo, a terceira maior causa de morte evitável em todo o planeta.
Em razão disso, a lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011, proibiu categoricamente até mesmo produtos não derivados de tabaco, como é o caso dos cigarros eletrônicos.É proibido o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo fechado, privado ou público“, diz o texto.
Todos os vapers usados no Brasil são clandestinos. Isso porque a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivo eletrônico para fumar estão proibidas por decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2009.
Os DEFs (dispositivos eletrônicos para fumar) podem utilizar muito mais nicotina que os cigarros tradicionais.
Para a oncologista Andreia Melo, chefe da Divisão de Pesquisa Clínica do Inca (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva), os e-cigarettes foram criados para induzir os usuários ao tabagismo, apesar dos sérios prejuízos à saúde que ele causa, por meio da queima ou vaporização.
“O dispositivo eletrônico para fumar foi realmente criado para ser a porta de entrada para o tabagismo” alega.
Um passo para trás
Uma pesquisa conduzida pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e pela organização internacional Global Strategies mostra que a prevalência de adultos tabagistas caiu de 14,7%, no período pré-pandemia, para 12,2%, nos primeiros três meses de 2022.
Por outro lado, o estudo traz números que acendem um alerta. Entre jovens de 18 a 24 anos, quase 20% declaravam ter experimentado cigarro eletrônico entre janeiro e março deste ano. Na população geral, foram 7,3%.
Outro estudo, publicado no último dia 16 na revista científica Addiction, mostra que, mundialmente, um em cada 12 adolescentes de 13 a 15 anos havia consumido cigarro eletrônico no período de 30 dias anterior ao questionário
O pneumologista Flávio Arbex considera que a difusão do cigarro eletrônico está fazendo com que a sociedade perca tudo o que conquistou com as leis antitabagismo, pois as pessoas estão utilizando-os em locais inadequados, prejudicando outros indivíduos e a si próprias.
O vapor dos e-cigarettes pode, por exemplo, estimular o consumo desses produtos. O médico afirma que, a depender da proximidade, do tempo de convívio, da carga e do tipo de exposição, o fumante passivo pode desenvolver uma dependência.
Fonte: R7.COM