O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) encerra 2024 com conquistas que reforçam seu papel como referência científica sobre biodiversidade e mudança climática na Amazônia. Em um ano de desafios e oportunidades, a instituição alcançou avanços em pesquisas, gestão e sustentabilidade, reafirmando o compromisso com o desenvolvimento sustentável e a conservação ambiental da maior floresta tropical do planeta, a Amazônia, e seus povos.
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“Este ano foi um ano de muitos desafios que marcaram a todos nós, foi um ano também de muita aprendizagem. O primeiro ano da gestão, mudanças de comando na instituição, uma reorganização. Cumprimos nossa promessa de ter uma gestão mais transparente e participativa junto a comunidade do Inpa”, pontua o diretor Inpa, o professor Henrique Pereira.
Em 2024, foram disponibilizados no Repositório Digital do Inpa 553 trabalhos científicos, entre artigos, teses, dissertações e livros. A instituição também avançou na produção científica de obras. Pela Editora Inpa foram publicados 13 livros e cartilhas sobre biodiversidade, conservação da floresta, tecnologias sociais e alimentação. O material está disponível de forma gratuita no Repositório.
Além disso, o Inpa deu um passo importante na preservação e disseminação do conhecimento científico ao digitalizar e disponibilizar o acervo completo da revista científica Amazoniana que circulou entre 1965 e 2007. Com isso, pesquisadores, estudantes e o público em geral têm acesso a uma vasta coleção de artigos e estudos que abordam temas fundamentais para a ciência na Amazônia.
De acordo com dados da Coordenação de Capacitação (Cocap), neste ano, 134 pós-graduandos foram titulados, dos quais 90 são mestres e 44 doutores, distribuídos em 11 Programas de Pós-Graduação (PPGs) do Inpa e parcerias associadas.
Um importante avanço foi o lançamento do primeiro edital de seleção para o curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Úmido (PPG-ATU), após 20 anos de formação de mestres na área. O programa busca fortalecer a pesquisa em agricultura sustentável, promovendo o equilíbrio entre alta produtividade e conservação ambiental.
O Inpa continuou avançando na compreensão sobre o funcionamento da Amazônia e na produção de tecnologias e inovações para auxiliar o desenvolvimento da região e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Um aporte importante nessa direção foi a submissão de projetos que resultaram em captação de recurso externo na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) de quase R$ 100 milhões, valor que é quase 2,5 vezes o orçamento recebido pelo Instituto.
Investimento e modernização
Reconhecido por sua atuação de destaque em pesquisas sobre biologia tropical, com ênfase na biodiversidade amazônica, ecossistemas e mudanças climáticas, o Inpa tem fortalecido e ampliado parcerias estratégicas com instituições regionais, nacionais e internacionais.
Neste ano, foi criada a Rede Bioamazônia – Institutos de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade, uma iniciativa pioneira composta por oito institutos científicos da Pan-Amazônia, abrangendo Brasil, Colômbia, Peru, Bolívia e Equador. O lançamento oficial foi feito na COP-16 da Biodiversidade, em Cali, na Colômbia. O diretor do Inpa é o vice-presidente da Rede, projeto que conta com o aporte de US$ 2 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) destinados ao desenvolvimento de tecnologias, pesquisas e soluções inovadoras para o uso sustentável dos recursos da biodiversidade amazônica.
Além disso, o Inpa firmou um convênio com a Finep para a ampliação e modernização do Herbário. O investimento de R$ 10 milhões prevê a construção de um novo Herbário, visando modernizar as instalações e promover maior integração entre a ciência e a sociedade, por meio de uma das maiores coleções de plantas da Amazônia.
“A conquista dos recursos para o Herbário Inpa em 2025 também é uma prioridade: a construção do Herbário e uma reformulação de todo esse setor. Esperamos agregar ao herbário outras coleções, como a de Pólen e a Xiloteca, e que o herbário, no futuro, passe a ser também uma das atrações abertas ao público. Pode ser um dos pontos para que as pessoas possam visitar e conhecer como parte da nossa atividade de educação científica”, frisa Pereira.
Eventos
Em 2024, o Inpa realizou e foi sede de importantes eventos, como o 1º Workshop Brazil Verde, que discutiu a saúde dos povos originários e de comunidades negligenciadas, e o I Congresso Nacional de Pesquisas sobre a Amazônia: contribuição da Pós-Graduação Brasileira para a Emergência Climática e o Futuro da Região, que celebrou os 50 anos de atuação da Pós-Graduação do Inpa. Um evento de destaque foi a Conferência Livre “Sistemas de Conhecimentos: Tradicional indígena e Científico – Diálogos Possíveis”, etapa preparatória para a Conferência Nacional.
Outro marco foi o Seminário Internacional G20 sobre Amazônia e Florestas Tropicais realizado no Inpa, um evento de grande relevância que reuniu especialistas, autoridades e líderes globais. A iniciativa reforçou o papel do Inpa como referência científica na conservação e no uso sustentável da biodiversidade amazônica.
Um ponto marcante e participativo foi a realização da I Assembleia Geral com a comunidade do Instituto, bem como reuniões específicas para tratativas com os técnicos e bolsistas do Inpa. Este ano, pela primeira vez, a direção incluiu nas eleições para os quatro focos de pesquisa a possibilidade de servidores de nível técnico com doutorado concorrerem à consulta interna, com voto universal.
Atualmente, a Coordenação em Biodiversidade, a maior entre os focos da instituição, é liderada pelo técnico Geângelo Calvi, e para as demais foram eleitos pesquisadores: Coordenação de Dinâmica Ambiental (Codam), Paulo Maurício Alencastro; Coordenação de Sociedade, Ambiente e Saúde (Cosas), Francisca Souza; e na Coordenação de Tecnologia e Inovação (Cotei), Liege de Abreu.
Na retomada dos Seminários da Amazônia, o Inpa realizou 15 edições do tradicional evento que acontece desde a década de 1970, de forma cíclica, com algumas interrupções ao longo dos anos. Os Seminários da Amazônia se consolidaram como um espaço de diálogo e debate sobre temas relacionados à Amazônia e às pesquisas científicas na região. Na nova fase, os Seminários estão organizados em ciclos temáticos, com prioridade para a apresentação de cientistas da instituição.
Os eventos de integração, lazer e bem-estar se fizeram presentes na programação anual. Entre eles, Arraiá da Ciência, Dia das Mães, Dia Dos Pais, EcoCaminhada, Novembro Azul & Rosa, além da retomada do projeto Musicalização & Canto Coral que se apresentou na Confraternização de Fim de Ano do Inpa.
Reconhecimento e Honrarias
Na comemoração dos 70 anos de implantação do Inpa, o instituto foi homenageado em cessão de tempo concedida pelo deputado Delegado Péricles na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam). O evento foi marcado pelo lançamento do livro “Inpa 70 Anos – Entre Preservação, Patrimônio e Práticas Científicas”, e pela entrega de uma placa de reconhecimento ao instituto pelos significativos serviços prestados à pesquisa científica e à preservação da Amazônia. Produzida pela Editora Inpa, a obra foi organizada pela pesquisadora do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), a antropóloga Priscila Faulhaber, e pelo diretor do Inpa, o professor Henrique Pereira.
No Dia Estadual do Pesquisador Científico, o Instituto e as pesquisadoras Maria Teresa Piedade e Elizabeth Gusmão receberam homenagem da Fapeam em reconhecimento às significativas contribuições à ciência, tecnologia e inovação. A homenagem foi entregue pelo governador do Estado, Wilson Lima, em uma cerimônia comemorativa.
O orgulho transbordou com a pesquisadora Neusa Hamada, referência em estudos com insetos aquáticos, que tomou posse como membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), enquanto os bolsistas de pós-doutorado vinculados ao Grupo de Pesquisa Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas (GP Maua) foram nomeados para o seleto grupo de membros afiliados da ABC. Outra pesquisadora de destaque foi a ecóloga Flávia Costa, que venceu o Prêmio Capes Elsevier 2024 – Mulheres na Ciência, na área de Humanas da região Norte.
Resposta significativa para um problema social e cultural é o teclado de línguas indígenas Linkado que foi finalista do Prêmio Jabuti, o mais tradicional da literatura brasileira. O projeto concorreu no eixo inovação, categoria fomento à leitura.
Visitas Marcantes
Um momento marcante para a instituição foi o diretor do Inpa Henrique Pereira e a pesquisadora Camila Ribas participarem no Museu da Amazônia (Musa) da recepção do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante visita a Manaus. Esta foi a primeira visita de um presidente americano, no exercício do cargo, à Amazônia.
Em momento ímpar, a comunidade do Inpa pode reunir-se no auditório com a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, que veio a Manaus para a abertura da Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação da Região Norte. Santos foi recepcionada de forma calorosa e teve a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a atuação da instituição.
Em visita ao Brasil para fortalecer colaborações nas áreas de biodiversidade, mudanças climáticas e combate à violência de gênero, a Rainha Mary da Dinamarca conheceu as instalações do Inpa, o projeto Peixe-boi da Amazônia, focado no conhecimento e na conservação da espécie ameaçada de extinção, e o Bosque da Ciência.
Popularização da Ciência
O Inpa se destacou em 2024 por suas ações de educação e popularização da ciência, principalmente desenvolvidas no Bosque da Ciência, e participação em eventos nacionais como a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belém (PA), cidade sede da COP-30 em 2025, e a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), em Brasília.
A instituição também realizou e participou de atividades no Bosque da Ciência, como Semana de Aniversário do Bosque da Ciência, Semana do Meio Ambiente, SNCT do Inpa e SNCT em Manacapuru e Novo Airão. No interior, as ações do projeto “Popularizar o Conhecimento Técnico-Científico da Aquicultura no Interior do Amazonas” foram desenvolvidas pelo Laboratório de Fisiologia Aplicada à Piscicultura (Lafap) e financiadas pela Fapeam.
Mais de 20 eventos de educação e divulgação científica foram realizados pelo Bosque, o Programa Ciência na Escola (PCE) e parceiros. O Paiol da Cultura está na segunda exposição do ano, ambas promovidas por parceiros: Amazônia mapeada: Imagens e sons do DNA ambiental (LabVerde), e Aedes e Anopheles: Que mosquitos são esses? (Fiocruz). De janeiro a novembro, o Bosque recebeu 106,3 mil visitantes, cerca de 30% formados por escolares.
O portal do Inpa www.gov.br/inpa recebeu 13 novos sites, como o da Editora Inpa, Programas de Pós-Graduação, Coleções Científicas Biológicas, Nanorad’s, Laboratórios Temáticos e Inovação e Empreendedorismo.
As redes sociais também desempenharam um papel fundamental na conexão do Instituto com o público, com os perfis do Inpa (38,4 mil) e do Bosque da Ciência (49,6) alcançando 88 mil seguidores no Instagram, ampliando o alcance e a interação com a sociedade.
Desafios para 2025
Para o próximo ano, a direção do Inpa espera receber os novos 63 pesquisadores e tecnologistas aprovados no último concurso. Também está em curso o Concurso Público Nacional Unificado que oferece 12 vagas para analista. “A nossa expectativa é muito grande e essa é uma prioridade absoluta. O desafio será integrar esses novos pesquisadores o mais rápido e completamente possível, para que eles se engajem, sejam envolvidos nesse processo e assumam seus postos”, comenta Henrique Pereira.
A direção destaca que continuará empenhada junto ao governo Federal para a realização de concurso para o nível médio para a carreira técnica. “Entendemos que para a recomposição da nossa força de trabalho não será suficiente apenas preencher vagas da carreira de nível superior. Uma equipe de pesquisa também precisa do trabalho do pessoal técnico, esta é uma prioridade”, pontua.
Neste ano, a direção deu andamento ao Projeto Sistema Amazônico de Laboratórios Satélites (Salas) e, em 2025, espera começar a implantação das novas bases. “É um recurso vultoso que vai melhorar significativamente a infraestrutura. A novidade será a criação de uma base no município de São Gabriel da Cachoeira. Essa base tem um significado muito importante para o Inpa nesta gestão, porque intensificará nosso trabalho com as comunidades e os povos indígenas da região”, destaca o diretor.
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A direção do Instituto também pretende implementar medidas de combate ao assédio e outras formas de discriminação racismo na instituição. Além de uma política de trabalho voluntário com a função de estabelecer uma boa relação com os servidores aposentados, para que eles possam continuar prestando serviço de forma voluntária na instituição, em todos os níveis e carreiras.
“A mensagem da direção é de gratidão a todo o apoio e trabalho de todos. Cada um deu sua contribuição. Esperamos que o Inpa se torne cada vez mais um local de trabalho acolhedor, onde as pessoas possam realizar seu potencial. E, como digo sempre, nosso recurso mais estratégico são as pessoas que compõem a instituição”, ressalta o diretor.
Fonte: ASCOM/INPA
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