Diferentemente das terapias comuns, a técnica não busca reparar algo na região lombar, mas sim melhorar a comunicação das costas com o cérebro
Cientistas descobriram que retreinar a forma que as costas e o cérebro se comunicam pode controlar a dor na região. A pesquisa, publicada no Journal of the American Medical Association, acendeu uma nova esperança para as pessoas que convivem com dor crônica nas costas.
“O que observamos em nosso estudo foi um efeito clinicamente significativo na intensidade da dor, e um efeito clinicamente significativo na incapacidade. As pessoas ficaram mais felizes, relataram que suas costas se sentiam melhor e sua qualidade de vida era melhor. Também parece que esses efeitos foram sustentados ao longo do tempo”, afirma o professor da Escola de Ciências da Saúde da UNSW (University of New South Wales), James McAuley.
O sistema nervoso das pessoas que têm dor crônica nas costas se comporta de maneira diferente daqueles que desenvolvem uma lesão recente na região lombar, segundo as pesquisas nas quais o estudo foi baseado.
“Pessoas com dor nas costas são frequentemente informadas de que suas costas são vulneráveis e precisam de proteção. Isso muda a forma como filtramos e interpretamos as informações das nossas costas e como as movemos. Com o tempo, elas ficam menos em forma e o modo como se comunicam com o cérebro é interrompido, de maneira que parece reforçar a noção de que as costas são vulneráveis e precisam de proteção. O tratamento que idealizamos visa quebrar esse ciclo autossustentável”, diz o professor.
As terapias tradicionais procuram, na maioria das vezes, consertar algo nas costas, por exemplo, os meios de “soltar” as articulações ou fortalecer músculos. Já o treinamento idealizado pelos pesquisadores leva em consideração todo o sistema, desde o que as pessoas pensam sobre as suas costas, como costas e cérebro se comunicam, as formas que as costas se movem e até mesmo as predisposições da região.
A pesquisa contou com 276 participantes que apresentavam dor lombar crônica por mais de três meses. Os voluntários foram divididos em dois grupos, sendo um de intervenção e outro de controle.
No primeiro, os pacientes realizaram um curso de 12 semanas focado no retreinamento sensório-motor que, em resumo, alterou a forma como eles pensavam o seu corpo, processavam as informações sensoriais da parte atingida pela dor e o modo como moviam suas costas durantes as atividades.
“Este tratamento, que inclui módulos e métodos educacionais especialmente projetados e retreinamento sensório-motor, visa corrigir a disfunção que agora sabemos estar envolvida na maioria das dores crônicas nas costas, e isso é uma perturbação no sistema nervoso”, explica o professor da University of South Australia, Lorimer Moseley.
A terapia tinha como objetivo três metas: alinhar a compreensão do paciente com as descobertas científicas mais recentes sobre a causa da dor crônica nas costas, normalizar a forma que as costas e o cérebro se comunicam e treinar o corpo e o cérebro para voltar a uma relação de proteção comum e com a possibilidade de retomada das atividades habituais.
“Achamos que isso lhes dá confiança para buscar uma abordagem de recuperação que treina tanto o corpo quanto o cérebro”, ressalta o professor da Universidade de Notre Dame e diretor clínico do estudo, Ben Wand.
O outro grupo também passou por sessões clínicas semanais e treinamentos residenciais durante 12 semanas, mas não tiveram destaque na reeducação de movimentos e atividade física. Este percentual passou por sessões de laser, diatermia nas costas (técnica que estimula a produção de calor) e estimulação cerebral, além de técnicas para controlar os efeitos placebos dos tratamentos.
Fonte: R7.COM