País suspendeu sua participação depois de acusar a Ucrânia de um ataque ‘massivo’ de drones à sua frota no Mar Negro
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, expressou neste domingo “profunda preocupação” com a interrupção das exportações de grãos por via marítima da Ucrânia depois que a Rússia suspendeu sua participação em um acordo que permite os embarques.
Segundo o porta-voz da autoridade, ele “decidiu adiar sua partida para a Cúpula da Liga Árabe em Argel em um dia para se concentrar no assunto.”
O acordo, assinado em julho entre Rússia e Ucrânia com a mediação da Turquia e da ONU, é essencial para aliviar a crise alimentar global causada pelo conflito.
Esse pacto permitiu a exportação de nove milhões de toneladas de grãos ucranianos e a renovação do acordo, prevista para 19 de novembro.
A Rússia anunciou que suspenderia sua participação depois de acusar Kiev de um ataque “massivo” de drones à sua frota no Mar Negro, que a Ucrânia chamou de “falso pretexto”.
“O secretário-geral continua engajado em intensos contatos com o objetivo de encerrar a suspensão russa de sua participação na Iniciativa de Grãos do Mar Negro”, disse ainda o porta-voz de Guterres.
“O mesmo compromisso também busca a renovação e a plena implementação da iniciativa para facilitar as exportações de alimentos e fertilizantes da Ucrânia, bem como a remoção dos obstáculos existentes às exportações russas de alimentos e fertilizantes”, observou.
A Rússia afirmou neste domingo que recuperou restos de drones que atacaram a sua frota em Sebastopol, afirmando que os dispositivos utilizavam uma “zona segura” do corredor para o transporte de grãos e que um deles poderia ter sido lançado de um “barco civil”
Moscou alegou que algumas das aeronaves tinham “módulos de navegação feitos no Canadá” e que a Ucrânia planejou o ataque à frota com a ajuda de especialistas militares britânicos.
Além disso, afirmou que os dados de um receptor de navegação em um dispositivo mostraram que ele foi lançado “da costa perto da cidade de Odessa”.
Repercussão
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou a decisão russa de deixar o acordo de “indignante” e seu secretário de Estado Antony Blinken afirmou que Moscou “está tentando transformar os alimentos em armas novamente”. Por sua vez, a União Europeia instou a Rússia a “reverter sua decisão”.
O centro que coordena a logística do acordo afirmou em nota que não há tráfego previsto para este domingo. “Não foi alcançado um acordo no Centro de Coordenação Conjunta para a movimentação de embarcações de entrada e saída para 30 de outubro”, disse. “Há mais de 10 navios, tanto de saída quanto de entrada, esperando para transitar pelo corredor”.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, estimou que a Rússia bloqueia “dois milhões de toneladas de grãos em 176 navios todos os dias”, o que é suficiente para alimentar “sete milhões de pessoas”.
Fonte: R7.COM