A missão da cearense Francisca Flávia Ferreira, de 45 anos, é muito nobre. Ela dedica a vida para cuidar de 28 idosos do Lar Cuidar Mais, que fica no bairro Canindezinho, em Fortaleza (CE).
O local é uma casa, que foi alugada pela própria Flávia há 1 ano. Além de abrigar idosos que chegam lá voluntariamente, ela ainda acolhe alguns que viviam em situação de rua.
No espaço, os idosos têm assistência médica, acompanhamento psicológico, alimentação saudável, além de muito amor e carinho.
Ajuda que virou missão
A Flávia conta que ideia de começar o projeto surgiu depois que ela precisou ajudar um idoso que estava sem lar e necessitava de um local para viver.
“Com o valor que ele recebia e o estado [de saúde] que ele se encontrava, não havia lar nenhum que o recebia”, lembra a cuidadora.
Flavia lembra que a situação a deixou muito comovida na época. “Era um idoso que morava só, tinha sofrido espancamento porque assaltaram ele”.
O episódio aconteceu há pouco mais de 1 ano, exatamente o tempo de atividade da casa. Ela abraçou a causa e pediu ajuda para amigos, pois sentia que precisava fazer algo por essas pessoas.
“Com muita dificuldade eu abri a casa. Pedia ajuda a um e a outro. Pedia uma cama, pedia um colchão, panela”, lembra.
Acolhendo idosos em situação de rua
Além de receber os idosos que chegam lá por conta própria, a Flávia também retirou da rua alguns que viviam em situação de vulnerabilidade.
O primeiro que chegou até o lar foi o Seu Genivaldo, que vivia nas ruas de Fortaleza há mais de 10 anos.
“Ele vivia em situação de abandono, bem crítica. Hoje ele se encontra no lar e dar pra ver, bem nítido, a melhora dele. Está um idoso bem cuidado”, conta Flávia.
O segundo foi o Seu Teófilo, que chegou com um câncer de pele. O idoso possuía um ferimento na pele e, como não tinha como comprar curativo, usava folhas de planta para cobrir o local.
“É um idoso totalmente carente. Você olha para os olhinhos dele e ver a carência de amor. Isso é muito gratificante. É muito lindo esse retorno dele. Até um copo d’água ele agradece”, conta Flávia emocionada
O Seu Jurandir foi o terceiro idoso em situação de rua que a Flávia recolheu. Era, segundo a cuidadora, o que estava em uma situação mais crítica.
Ele não anda, é deficiente visual e tinha diversos problemas por viver em vulnerabilidade. Hoje o Jurandir tem casa, alimento e muito amor no novo lar.
Eles podem perder a casa
A maior preocupação da Flávia hoje é perder a casa onde o asilo está instalado e não ter como realocar os idosos em outro lugar.
No caso daqueles que ela tirou da rua, Flávia teme, pois são os que vivem em uma situação mais delicada.
A casa é alugada pela cuidadora, e custa R$ 2500 por mês. O valor do aluguel é custeado voluntariamente por alguns idosos que recebem aposentadoria – que é de apenas 1 salário mínimo – além das doações que a Flávia recebe.
O imóvel precisa passar por uma melhoria. A casa está com uma série de problemas estruturais e sanitários.
Sem ter como reformar, já que ela depende de ajuda financeira para isso, o espaço pode, inclusive trazer vulnerabilidade para a saúde dos moradores.
A cuidadora também precisa de doações de alimentos para os abrigados e, no momento, elas estão muito escassas.
Aparecem muitos anjos bons para tá nos ajudando nessa caminhada, que não é fácil. Mas eu agradeço muito a Deus por mais um dia vencido”, finaliza a cuidadora.
A vaquinha vai ajudar a Flávia a reconstruir o lar desses idosos e poder levar mais conforto para eles.
Fonte: SNB