Um estudo pioneiro com cannabis já tratou 28 pacientes com Alzheimer no Paraná e o principal: os quadros clínicos da doença ficaram estáveis por até 6 meses, entre eles, o agricultor Delci Ruver, de 78 anos. (foto acima) Ele conta que voltou a se lembrar de coisas básicas que esquecia.
O trabalho, feito pela Unila – Universidade Federal da Integração Latino-Americana -, em Foz do Iguaçu, acompanha pacientes com Alzheimer para ver o quanto o quadro deles melhora com o uso do óleo da planta. E os resultados do estudo mostram que após 22 meses de acompanhamento, Delci, teve uma reversão dos sintomas com melhoras no humor, sono e memória, além da doença se manter estável durante todo esse período, ou seja, não piorou
Sou outra pessoa agora e todo mundo tem percebido isso. Meu dia a dia mudou em tudo. Eu me esquecia de coisas básicas, saía de casa para ir a um lugar e parava em outro totalmente diferente. Agora não, eu vou e volto, durmo bem, acordo mais disposto e faço meu chimarrão”, contou o agricultor.
Outra vida
Delci mora junto com a mulher Gayer Ruver, de 77 anos, em uma área rural de Planalto, no Sudoeste do Paraná.
Dona Gayer revela que enquanto a doença do marido foi piorando, ela precisou ficar mais ligada nas atitudes dele, com o passar dos anos.
“Era complicado deixá-lo sozinho. Passei a dormir só depois que ele se deitava por medo de ele esquecer o fogão ligado ou sair de casa. Ele esquecia a porteira aberta e não podia mais ficar perto do açude pelo risco de algum acidente. Agora ele já percebe detalhes importantes e dá para levarmos uma vida mais tranquila”, comenta a esposa.
O estudo
E Delci está em muito boas mãos! O estudo que avalia os efeitos do uso diário de um extrato composto por THC (Tetrahidrocanabinol) e CBD (Canabidiol), é feito pela neta e farmacêutica Ana Carolina Ruver Martins.
Ela afirma que a pesquisa se iniciou em 2017 quando Ruver já apresentava um grau moderado de Alzheimer.
Ele passou a fazer uso diário de 500 microgramas de extrato da cannabis, preparada com uma maior concentração de THC. Hoje, ele segue utilizando as gotas do composto todos os dias antes de dormir.
Outros pacientes tratados
No segundo semestre de 2021, outros 28 pacientes diagnosticados com Alzheimer, em estágio leve e moderado, também passaram a ser acompanhados. Metade do grupo fez dosagem de óleo de cannabis, enquanto a outra usou placebo.
Para os cientistas, “os pacientes que fizeram uso de canabinoides durante seis meses se mostraram clinicamente estáveis”.
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, pelo menos um milhão e 200 mil pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano aqui no país.
O Alzheimer atinge principalmente pessoas acima de 65 anos de idade e agora surge essa esperança do tratamento com cannabis. Viva!
Fonte: SNB