Doha — Quem não tem 10 resolve com 5. Casemiro vingou sua geração na vitória por 1 x 0 contra a Suíça nesta segunda-feira, no Estádio 974. Há 13 anos, ele, Neymar e Alisson foram eliminados do Mundial Sub-17 na fase de grupos pela Suíça, de Xhaka, Shaqiri e Seferovic, que conquistaria o título na Nigéria. Os meninos viraram homens. No reencontro, o volante deixou a função de cão de guarda para decidir um jogo enroscado e classificou a Seleção com uma rodada de antecedência para as oitavas de final da Copa.
A Seleção lidera o Grupo G com seis pontos. A Suíça mantém a vice-liderança com três. Sérvia e Camarões dividem o último lugar com um ponto cada. Em 2 de dezembro, Brasil enfrentará Camarões, às 16h, no Lusail Stadium. O empate garantirá o primeiro lugar. No mesmo horário, a Suíça terá pela frente a Sérvia.
No primeiro jogo sem Neymar e Danilo, Adenor Leonardo Bachi deletou o software da vitória por 2 x 0 contra a Sérvia, e instalou o aplicativo daquele Corinthians de 2011, 2012, campeão do Brasileirão, Libertadores e Mundial: forte defensivamente, paciente a ponto de enervar o torcedor, competitivo e letal no contra-ataque com placares magros. Tite voltou a ser Tite e venceu como nos velhos tempos à frente do time paulista, com placar magro.
A vitória por 1 x 0 reforça a tese de que o Brasil segue dependente do contundido Neymar há 12 anos. Faltou quem rompesse o sistema defensivo suíço, como fez Neymar no lance do primeiro gol verde-amarelo nesta Copa. Vinicius Junior arriscou, até finalizou com perigo na etapa inicial, mas não assumiu o protagonismo em um Brasil carente de um fora de série capaz de resolver, como fizeram nesta rodada Lionel Messi, Kylian Mbappé e o atual melhor do mundo Lewandowski. Tite tentou de tudo, até Rodrygo emulando Neymar. Pos foi do atacante do Real Madrid a assistência para Casemiro resolver a partida.
Remodelado depois das contusões de Neymar e Danilo, o Brasil teve dificuldade para se achar no segundo tempo. O vácuo deixado por Neymar ficava evidente a cada tentativa de ação ofensiva. O time olhava para os pontas e sentia carência de uma meia criativo. Adiantado em relação ao primeiro jogo, Lucas Paquetá arriscou alguns passes, porém não tomou conta da faixa de campo na qual estava posicionado. Defensivamente, Éder Militão deu mobilidade tática para alternâncias no 4-2-3-1, 4-4-2. 4-3-3 e até um 3-2-5. Ofensivamente, havia muita dificuldade na criação. Posicionado para contra-atacar, o Brasil viu a Suíça ter a posse de bola por mais tempo e depois recuperou (54% x 46%).
O primeiro lance bem construído pelo Brasil demorou metade do segundo tempo. Aberto na direita, Raphinha cruzou em diagonal para a área à procura de Vinicius Junior. O atacante apareceu sozinho de frente para Sommer, mas finalizou fraco e o goleiro suíço mandou para escanteio. Mais turbinado do que no primeiro jogo, Raphinha incorporou o holandês Robben em outra tentativa. Cortou para dentro e chutou fora, de longe. Sommer defendeu.
Tite acusou a deficiência no setor criativo. Manteve Fred em campo e voltou para o segundo tempo com Rodrygo no lugar de Lucas Paquetá. Em meio aos erros de passe, o melhor atalho para o gol era Vinicius Junior. O ponta chegou à linha de fundo e cruzou. A bola passou na frente da meta de Sommer. No entanto, Richarlison chegou atrasado.
O melhor lance do Brasil na partida começou com uma batalha pela bola no meio de campo, um lançamento de Casemiro, a invasão da área suíça em velocidade por Vinicius Junior e um chute cruzado para o fundo da rede. Apesar do êxtase na torcida, o VAR acusou impedimento de Vini e anulou o que seria o primeiro gol dele na Copa.
Frustrado, Tite partiu para fazer mais mudanças no time. Sacou Raphinha e o protagonista da vitória contra a Sérvia Richarlison para colocar em campo Antony e Gabriel Jesus, respectivamente. Encaixotado na marcação da Suíça, o Brasil continuava errando passes e sem a contundência necessária para chegar ao gol.
Nos minutos finais, a paciência virou chave para furar a retranca da Suíça. Tentativas de drible pelas pontas e jogadas de pé em pé deram resultado da forma mais surpreendente possível. O volante Casemiro saiu lá de trás para receber passe de Rodrygo e disparar um míssil indefensável para o goleiro Sommer no dia em que a camisa 5 brilhou no 974.
Copa do Mundo
Grupo G – 2ª Rodada
Brasil 1 x 0 Suíça
Estádio 974, Doha, Catar
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE