Cúpula das Américas foi um indicativo que a relação de alguns países do continente com governo americano não é mais a mesma
A China tornou-se o principal parceiro comercial da América Latina nos últimos anos com grandes investimentos em vários setores econômicos, o que contribui para o aumento de sua influência na região.
O país asiático tem cada vez mais a economia voltada para o exterior e compete em muitos setores com outras grandes potências. Além disso, consegue se projetar para o mundo todo por meio de suas empresas de tecnologia que vão de redes sociais e smartphones de ponta até a rede 5G, a quinta geração da internet móvel de alta velocidade e que está em fase de implantação em vários países. Historicamente muito ligados à política dos Estados Unidos, os países latinoamericanos agora estreitam cada vez mais seus laços com o governo chinês, enquanto a Casa Branca volta seus olhos para a Rússia e para a Ucrânia, diante das tensões da guerra, e para a Europa, com as questões envolvendo a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)
A professora do curso de relações internacionais da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Alana Camoça acredita que a América Latina é um espaço de disputa entre a China e os Estados Unidos.
“Desde o governo do George Bush filho (2001-2008), a política externa dos EUA se voltou para o Oriente Médio, o que gerou um vácuo político na América Latina e acelerou a ascensão da China na região. A atenção americana para os latino-americanos só voltou a partir do governo Obama (2009-2017)”, afirma Alana.
O professor do curso de relações internacionais da ESPM Ricardo Leães completa: “Os EUA deixam a América Latina de lado e só voltam a olhar para nós quando percebem que há realmente um risco de perda de influência. Isso ocorreu nos anos 2000 com a guerra do Iraque e acontece de novo agora, com suas preocupações focadas na guerra na Ucrânia.”
Cúpula das Américas
A Cúpula das Américas, realizada na cidade americana de Los Angeles na última semana, foi um indicativo que a relação entre os EUA e muitos países do continente não é mais a mesma.
O presidente Joe Biden decidiu às vésperas da abertura que não convidaria para o encontro representantes de Cuba, Venezuela e Nicarágua, situação que gerou o descontentamento de outros líderes convidados.
O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, comunicou que não compareceria à cúpula por discordar da postura adotada pela Casa Branca. Pelo mesmo motivo, Bolívia e Honduras também anunciaram que boicotariam o evento.
Fonte: R7.COM