Eliana e o filho Hiury têm um daqueles casos de amor, dedicação e companheirismo que enchem a gente de orgulho. Ela se inscreveu na faculdade para apoiá-lo e, agora, os dois acabam de se formar em Psicologia e vão abrir um consultório! A história dos dois daria até um livro!
Dona de casa, Eliana Fátima Souza Reis Pires, de 46 anos, sempre apoiou em tudo o filho Hiury Ariel de Souza, um jovem de 24 anos que ficou cego após um erro médico. E quando ele decidiu cursar uma faculdade, lá estava a mãe ao seu lado.
Além de ser inspiração para o filho, Eliana encontrou mais um motivo para continuar o curso, que era a realização de ter seu próprio diploma. Agora, eles estão vibrantes, formados e, mais do que nunca, unidos!
Vida de lutas
Hiury foi diagnosticado com microcefalia e mielomeningocele, logo quando nasceu. Os dois problemas de saúde provocam acúmulo de líquido nas cavidades internas do cérebro e defeitos na coluna vertebral e na medula espinhal.
Segundo Eliana, com apenas um dia de vida, ele foi submetido a duas cirurgias e chegou a passar cerca de 14 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O jovem chegou a ser desenganado pelos médicos, que chegaram a afirmar, literalmente, que ele não sobreviveria.
“Mas sempre tive fé e nunca me abalei com essas previsões absurdas”, conta, lembrando que, desde então, o filho foi submetido a oito cirurgias delicadas, até que, aos 8 anos, perdeu a visão dos dois olhos em decorrência de um erro médico.
Dificuldades surgiram
Por três longos anos, Eliana e Hiury enfrentaram uma dura rotina diária de viagens de ônibus, percorrendo 160 quilômetros de ida e volta entre Vianápolis, onde moram, e Anápolis, onde estudavam.
Eliana conta que chegou a cogitar a ideia de mudar com a família pra Anápolis, mas o próprio Hiury não concordou com a proposta, porque o pai dele mantém uma barbearia tradicional na cidade natal.
“Disse a ele que seria muito cansativo, desgastante, que dependeríamos de transporte público, mas meus argumentos foram em vão.”
Eliana lembra que, entre idas e vindas, os dois enfrentaram estrada malconservada, muita chuva, ônibus quebrado e frequentes alagamentos no câmpus da Faculdade Anhanguera.
“Por várias vezes tinha que deixá-lo dentro do ônibus, com o motorista, enquanto assistia e gravava as aulas para depois repassar as matérias. Mas ele sempre foi muito bom de ouvido e sempre assimilou tudo com muita facilidade”, lembra a mãe.
Ansiedade e depressão
O período mais crítico, segundo a mãe, foi no auge da pandemia, quando, por dois longos anos, tiveram que estudar em casa.
“Principalmente para mim, que tenho muita dificuldade com as novas tecnologias”, admite. Nesse período, Hiury passou a ter crises de ansiedade e depressão, chegando até mesmo a cogitar em desistir do curso, mas o apoio da mãe, mais uma vez, o fez mudar de ideia.
“Antes era eu quem esmorecia e ele me empurrava pra frente. Parecia que ele era o pai e eu filha. Depois, já havíamos investido muito dinheiro e sacrifício e disse que não era justo jogar tudo no lixo. Para seguir em frente, usamos todo o ensinamento que aprendemos nas aulas de psicologia.”
Fonte: SNB