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Amazônia – 38% do que resta da área da floresta sofre com degradação causada por humanos

Ao todo, 35 cientistas de instituições nacionais e internacionais participaram do estudo, entre eles o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Philip Fearnside.

Um estudo divulgado na quinta-feira (26) pela revista Science aponta que cerca de 38% do que resta da área de floresta sofre com algum tipo de degradação, o que provoca aproximadamente a mesma quantidade de emissões de carbono quanto o desmatamento. Ao todo, 35 cientistas de instituições nacionais e internacionais participaram do estudo, entre eles o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Philip Fearnside.

O artigo foca no problema mais difícil de estudar, mas não menos danoso no seu impacto total – a degradação causada por ações humanas – como extração seletiva de madeira, incêndios e as secas extremas, que foram intensificadas pelas mudanças climáticas induzidas pelos humanos. O artigo foi feito com base em dados científicos publicados, baseados em imagens de satélite e dados de chão sobre mudanças na região amazônica entre 2001 e 2018. 

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Conforme o estudo, fatores de degradação podem causar, além da perda de biodiversidade, o próprio desmatamento. Os quatro fatores principais de degradação são o fogo na floresta, a extração seletiva, as secas extremas e o efeito de borda, que são as mudanças nos parâmetros físicos, químicos e biológicos em áreas de floresta ao lado das áreas desmatadas. O artigo mostra que tanto o aquecimento global como o desmatamento amazônico devem ser controlados para frear a degradação da floresta. 

O pesquisador Philip Fearnside, um dos autores, explica que o desmatamento contribui para o aquecimento global, que é um dos grandes motores de degradação florestal. “O desmatamento também contribui para a degradação, por formar extensas bordas quando a floresta é recortada em fragmentos. Estas bordas degradam com mortalidade de árvores, devido ao microclima mais seco e quente e devido à entrada de incêndios a partir das queimadas adjacentes, por exemplo na manutenção de pastagens”, detalha o pesquisador, que é reconhecido internacionalmente por suas contribuições aos estudos de ecologia tropical e serviços ambientais da Amazônia.

Ainda segundo o cientista, o desmatamento também elimina a reciclagem de água pelas árvores, contribuindo para o ressecamento do clima regional e para a mortalidade de árvores por secas e incêndios. “Os incêndios florestais também são favorecidos pela exploração madeireira, tanto por aumentar a área queimada quanto por aumentar a intensidade do fogo e a mortalidade das árvores atingidas. E isso independe se a exploração madeireira for legal ou ilegal”, frisa Fearnside.

A degradação da Amazônia tem impactos socioeconômicos significativos, segundo os autores do estudo, e devem ser investigados de forma mais profunda futuramente. 

Em projeção para 2050, os autores apontam que os quatro fatores de degradação continuarão como uma grande ameaça e uma das principais fontes de emissão de carbono para a atmosfera, independente do aumento ou da diminuição do desmatamento. Uma das soluções propostas pelos cientistas é a criação de um sistema de monitoramento integrado para a degradação da floresta. “O desenvolvimento da tecnologia LiDAR, que é um escaneamento a laser feito por satélite, é uma promessa para poder concretizar esse monitoramento, a exemplo do sistema que já temos no Brasil para monitorar o desmatamento”, afirma o primeiro autor do artigo, o pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas da Universidade de Campinas (Unicamp), David Lapola, que divide com o Inpa a coordenação do Programa AmazonFACE. 

Além de Philip Fearnside do Inpa, o gerente operacional do AmazonFACE e do Projeto ATTO (torre de monitoramento climático) Bruno Takeshi Portela assina o estudo.  

Veja aqui o artigo e a lista completa de autores.

Artigo: TROPICAL FOREST – The drivers and impacts of Amazon forest degradation

Autores

David M. Lapola, Patricia Pinho, Jos Barlow, Luiz. E. O. C. Aragão, Erika Berenguer, Rachel Carmenta, Hannah M. Liddy, Hugo Seixas, Camila V. J. Silva, Celso H. L.Silva-Junior, Ane A. C. Alencar, Liana O. Anderson, Dolors Armenteras, Victor Brovkin, Kim Calders, Jeffrey Chambers, Louise Chini, Marcos H. Costa, Bruno L. Faria, Philip M. Fearnside, Joice Ferreira, Luciana Gatti, Victor Hugo Gutierrez-Velez, Zhangang Han, Kathleen Hibbard, Charles Koven, Peter Lawrence, Julia Pongratz, Bruno T. T. Portela, Mark Rounsevell, Alex C. Ruane, Rüdiger Schaldach, Sonaira S. da Silva, Celso von Randow, Wayne S. Walker.

Fonte: ASCOM/INPA

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