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Especialistas apontam habilidades que reduzem “medo da IA”

Inteligência artificial pode assustar trabalhadores que temem ser substituídos, mas competências puramente humanas são consideradas indispensáveis no futuro do trabalho, segundo especialistas em transformação digital

Especialistas apontam habilidades que reduzem "medo da IA"
Especialistas apontam habilidades que reduzem "medo da IA"

A inteligência artificial (IA) está transformando o mercado de trabalho, automatizando processos e redefinindo modelos de negócios. No entanto, mesmo em um cenário cada vez mais tecnológico, habilidades humanas seguem valorizadas. O Relatório sobre o Futuro dos Empregos, do Fórum Econômico Mundial, destaca que competências como pensamento crítico e criatividade são consideradas prioridades maiores para as empresas do que o treinamento em IA e big data.

À medida que a automação avança, muitos profissionais podem temer que a tecnologia tome seus lugares, sobretudo em atividades antes vistas como exclusivamente humanas. Andrea Iorio e Ricardo Rocha, palestrantes especializados em transformação digital, apresentam outra visão. Para eles, a IA, longe de substituir as pessoas, amplia as possibilidades de inovação e colaboração ao combinar tecnologia e competências únicas dos indivíduos.

A importância das habilidades comportamentais 

Palestrante, escritor e professor da Fundação Dom Cabral, Andrea Iorio acredita que o diferencial humano na era da IA está nas soft skills (habilidades comportamentais). Ele argumenta que, mais do que buscar respostas, os profissionais precisam desenvolver a capacidade de fazer perguntas que estimulem o pensamento crítico e extraiam o máximo da tecnologia. “O que faz um bom profissional hoje não é saber todas as respostas, mas sim fazer as melhores perguntas”, explica. 

Além disso, ele destaca a confiança como uma competência indispensável. Embora eficiente, a IA ainda enfrenta desafios relacionados à transparência e à ética, o que reforça o papel humano na construção de relações ligadas à credibilidade e confiabilidade. Andrea também aponta a antifragilidade — a habilidade de aprender com erros e crescer a partir deles — como crucial em um ambiente onde a automação assume tarefas rotineiras. Segundo ele, “a IA nos libera para experimentar e inovar mais, o que inclui aprender com nossos erros, algo exclusivamente humano”. 

Andrea ressalta que a preparação para aderir à IA deve ir além da parte técnica: “As empresas que compreenderem que a capacitação em inteligência artificial exige também um preparo comportamental terão uma vantagem significativa na integração dessa tecnologia”. Essa abordagem une habilidades humanas e tecnológicas para criar equipes mais completas.

Nova era: IA já é ferramenta indispensável 

Para Ricardo Rocha, executivo que liderou o projeto de digitalização Parceiro Magalu, a IA deve ser vista como parte da infraestrutura de trabalho moderno, assim como computadores e celulares. “Dominar as ferramentas de IA será tão indispensável quanto operar essas tecnologias já consolidadas no ambiente corporativo”, afirma. Ele acredita que as empresas precisam investir na capacitação das equipes para que compreendam a tecnologia tanto em termos técnicos quanto estratégicos, nunca como um inimigo.

A liderança desempenha um papel crucial nesse processo. “A decisão de que a IA é uma infraestrutura de trabalho, e não apenas uma questão técnica, precisa vir do CEO e das lideranças. É essencial que todos na empresa, e não só o pessoal de tecnologia, entendam seu impacto e aprendam a integrá-la em suas funções”, observa Ricardo.

Equilíbrio entre automação e humanização 

A automação de tarefas rotineiras não reduz a relevância do papel humano; pelo contrário, ela o amplia. Andrea explica que a IA permite que os profissionais se concentrem em atividades mais estratégicas, como a inovação e o fortalecimento das relações humanas. “O tempo liberado pela automação de outras tarefas pode ser direcionado ao que fazemos de melhor: pensar criticamente e criar valor”, pontua. 

Ricardo destaca o conceito de inteligência híbrida, que combina habilidades humanas e capacidades da IA para potencializar resultados. “A IA é excelente na execução e no processamento de grandes volumes de dados, mas são as pessoas que dão sentido a essas informações, traduzindo-as em ações estratégicas e experiências marcantes”, afirma. 

Para Ricardo, a técnica de mimetismo é uma ferramenta valiosa, pois ensina a IA padrões de comportamento humano que tornam as interações mais fluidas e empáticas. “Quando uma IA é capaz de entender o comportamento humano e replicá-lo em jornadas como atendimento ou suporte, a experiência do cliente se torna mais natural e eficiente. Ainda assim, o toque humano permanece indispensável para resolver situações que exigem empatia genuína”, observa.

Quatro pilares para implementação da IA 

Ricardo Rocha detalha quatro etapas fundamentais para implementar a IA com sucesso nas empresas: 

Organização dos dados: informações bem estruturadas são essenciais para alimentar a tecnologia. 

Definição de processos: documentar e otimizar fluxos garante governança e eficiência. 

Automação: processos automatizados criam a base para uma integração eficiente. 

Integração de IA: após essas etapas, a tecnologia interage de maneira assertiva com clientes, colaboradores e fornecedores. 

Para ele, “sem dados organizados e processos bem definidos, a IA não atinge seu verdadeiro potencial. A base é tão importante quanto a tecnologia em si”.

O futuro é da inteligência híbrida 

À medida que a IA avança, as competências humanas tornam-se ainda mais relevantes. Capacitação, integração estratégica e equilíbrio entre automação e humanização são fundamentais para um futuro de sucesso. Andrea Iorio resume: “A IA não substitui o que é essencialmente humano. Ela potencializa o que fazemos de melhor, nos desafiando a sermos mais criativos, estratégicos e resilientes”.

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