O surgimento de soluções tecnológicas para problemas e dificuldades corriqueiras se tornou fato recorrente para os brasileiros, especialmente depois da popularização dos smartphones. As tecnologias se tornaram parte indispensável da sociedade, e não poderia ser diferente com situações relacionadas ao desenvolvimento das populações e de problemas sociais. Nesse cenário, as tecnologias sociais têm ganhado espaço e protagonismo.
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O termo “tecnologia social” foi criado na década de 1980 para descrever a atuação de empreendimentos que buscavam na economia solidária uma forma de melhorar a qualidade de vida de populações em situação de vulnerabilidade, apoiando a construção de alternativas para lidar com os problemas sociais. Atualmente, diversos projetos de organizações não governamentais promovem um impacto social positivo em todo o planeta, buscando gerar inovações capazes de promover o desenvolvimento social, além de melhorias no meio ambiente, na educação, saúde, e na economia de diversas comunidades, além de auxiliar grupos minoritários como a população negra, feminina e LGBTQIAP+.
No Brasil, um dos projetos que oferece um impacto positivo na vida de centenas de pessoas é a ONG Luta Pela Paz, uma iniciativa de impacto global que atua no país desde o ano 2000 e contribui para a segurança, inclusão e desenvolvimento pessoal de crianças e adolescentes que vivem em situações de risco social e econômico. Baseada em cinco pilares de atuação (artes marciais, educação, acesso ao trabalho, suporte social e liderança juvenil), a Luta Pela Paz promove o acolhimento dos jovens e ajuda na construção de sociedades mais seguras e inclusivas, reconhecendo na juventude os agentes de mudança.
Voltada para melhorias na saúde, a BeOne Technologies se dedica a ampliar o acesso à saúde e ao bem-estar para pessoas com diabetes, doença que já atinge mais de 5 milhões de pessoas no mundo. Utilizando a biotecnologia e a fotobiomodulação (aceleração metabólica das células pelo estímulo da luz), a BeOne desenvolveu um tratamento de úlceras de Pé Diabético, uma das principais complicações decorrentes da diabetes, que pode causar graves lesões nos nervos dos pés até alterações na anatomia óssea, quando em estado avançado. Pensando em melhorar a qualidade de vida das pessoas, o projeto criou uma forma de utilizar ondas de luz modificadas com propriedades anti-inflamatórias, antifúngica, bactericida e cicatrizante, em uma solução eficiente capaz de curar feridas avançadas em apenas 90 dias, levando qualidade de vida para as pessoas e diminuindo drasticamente a quantidade de amputações decorrentes da doença.
Já no universo do artesanato, a Artesol, ONG que atua há 25 anos promovendo o fomento, pesquisa e valorização do artesanato cultural brasileiro, além da capacitação de artesãos por todo o país, desenvolveu a iniciativa Rede Nacional do Artesanato Cultural Brasileiro, plataforma pioneira de mapeamento e conexão da cadeia do artesanato do Brasil. Disponibilizando um catálogo online com aproximadamente 10 mil artesãos mapeados por todo o território nacional, a iniciativa os conecta a lojistas, pesquisadores, instituições culturais, entre outros polos da cadeia produtiva, de forma a gerar oportunidades para os artesãos e associações, e ampliando as possibilidades de negócios para comunidades em que estão inseridos, registrando e difundindo a memória de mestres e artesãos no meio digital. “Nossa missão é catalisar e promover toda a potência dos saberes e fazeres presentes nessa produção artesanal, apoiando a salvaguarda desse patrimônio brasileiro”, comenta a presidente da ONG Sônia Quintella. Em 2021, a rede foi certificada como tecnologia social pela Fundação Banco do Brasil.
O projeto também foi indicado como um dos três finalistas para receber o Prêmio de Tecnologia Social na categoria Inovação Digital da Fundação. A indicação leva em conta o compromisso da Rede com cinco dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, a capilaridade geográfica das ações e o uso da tecnologia para conectar e articular a cadeia do artesanato no país. A premiação, criada em 2001, é realizada a cada dois anos e auxilia na identificação, certificação e difusão de tecnologias sociais já implementadas de forma local, regional ou nacional, tidas como referência em suas comunidades. O Prêmio, ainda, investe no aprimoramento das tecnologias sociais vencedoras, ampliando cada vez mais a ação dos projetos.