Os acidentes com queimaduras costumam ocorrer em diversos contextos, a começar por situações rotineiras como cozinhar, acender churrasqueira e passar roupa. Com a chegada de junho, mês marcado pelos tradicionais festejos de Santo Antônio, São João e São Pedro, cresce ainda mais a preocupação diante dos episódios gerados pela utilização de fogos de artifício e fogueiras.
Estima-se que no Brasil, todos os anos, cerca de um milhão de pessoas são vítimas de queimaduras. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, 70% dos casos acontecem em ambientes domésticos – sendo crianças e idosos os mais vulneráveis. As hospitalizações também são frequentes, com registro de 150 mil internações anuais causadas por lesões capazes de afetar a pele, músculos, tendões e ossos.
Segundo o cirurgião plástico do Hospital Mater Dei Premium Goiânia, Sylverson Rassi, esses números revelam a importância da campanha que visa trazer à tona os riscos e prevenir ocorrências, que geralmente são motivadas pelo contato com agentes inflamáveis (álcool, gasolina, etanol, querosene, diesel) e líquidos quentes, choques elétricos e fogo. “Sugiro impedir que as crianças frequentem a cozinha sozinhas ou nos horários de preparo de comidas, sejam em fornos ou fogões. Outra medida auxiliar é que se busque utilizar mais frequentemente as chamas mais distantes da frente do fogão, que são menos acessíveis, deixando sempre os cabos das panelas virados para o fundo, ficando longe do alcance das mãos das crianças”, orienta Sylverson.
Ainda de acordo com o médico, outro vilão no que diz respeito às queimaduras é o álcool líquido, pois além de inflamável, sua chama é comumente quase imperceptível, fazendo com que o contato com esse líquido incandescente cause diferentes graus de lesão térmica. “Para prevenir esse tipo de queimadura, deve-se restringir o acesso ao álcool líquido, principalmente por crianças, buscando-se utilizar produtos mais adequados para o acendimento de churrasqueiras e fogueiras”, alerta Sylverson.
Tratamentos iniciais e especializados
Em lesões cutâneas causadas por agentes externos, como a combustão de pólvora dos fogos de artifícios, o médico explica que o trauma pode ser superficial ou profundo. A depender do tipo, ele orienta lavar o local com água corrente fria, sem jatos fortes, e cobrir com um curativo ou pano limpo. “O tratamento das queimaduras é determinado pelo grau de lesão térmica produzida, que depende do tempo de contato com o fogo ou chama, superfície quente ou líquido superaquecido, mas o ideal é procurar resfriar a área imediatamente, evitando assim o aumento da extensão do dano térmico”, adverte.
Assim como as queimaduras de terceiro grau, que afetam todas as camadas da pele e possuem aspecto esbranquiçado, as que resultam de choques elétricos também demandam a ida imediata ao hospital; isso porque elas envolvem fraturas ou retração de membros, amputações associadas e até a carbonização de diferentes partes do corpo. “Existem também as queimaduras elétricas e as de vias aéreas, que podem ser mais complexas e fatais. Mais uma vez, prevenir, usando materiais isolantes e equipamentos de proteção individual, é sempre o melhor remédio capaz de evitar sequelas, que podem ser altamente estigmatizantes e de tratamento extremamente complexo”, diz o cirurgião.