Um estudo financiado pelo Ministério da Saúde revelou que 36,9% dos brasileiros com mais de 50 anos sentem dores crônicas no dia a dia. Os dados preliminares fazem parte da última edição do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos (ELSI-Brasil).
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O estudo indicou que quem mais relata incômodos frequentes são: mulheres, pessoas de baixa renda, pacientes diagnosticados com artrite, indivíduos com dor nas costas ou na coluna e aqueles com histórico de quedas e hospitalizações.
De acordo com o médico ortopedista e traumatologista Fabrício Favalessa, o número preocupa e há perda de qualidade de vida para quem sofre constantemente com dores. “O impacto é expressivo, gerando impedimentos para a realização de atividades cotidianas, ausências no ambiente de trabalho, restrições na prática de exercícios físicos e até o desenvolvimento de quadros depressivos”, explica o profissional.
Dr. Fabrício Favalessa faz o alerta: o que começa como uma simples dor aparentemente inofensiva pode tornar-se um quadro crônico. O problema se agrava à medida que a pessoa não dá a atenção devida, não procura um médico e deixa de investigar a chamada “dorzinha” – termo que muitos usam, geralmente, como forma de minimizar o que sentem.
Uso de opioides
A pesquisa trouxe também a informação de que, da porcentagem de indivíduos que relatam dores crônicas, 30% faz uso de opioides, um grupo de analgésicos de extrema potência (como a morfina).
Esses medicamentos desempenham um papel importante ao permitir que a pessoa se livre da dor. No entanto, Dr. Fabrício Favalessa cita que há risco de dependência se não houver o acompanhamento correto.
“Os Estados Unidos, por exemplo, enfrentam uma séria crise de saúde pública devido ao uso indiscriminado dessas substâncias, resultando, inclusive, em numerosas fatalidades”, diz. “Isso não significa que devemos evitar o uso de opioides. Ao contrário, eles constituem excelentes opções terapêuticas quando prescritos criteriosamente e acompanhados por profissionais capacitados”, explica.
Tratamentos
Dr. Fabrício Favalessa ressalta que o tratamento da dor crônica é algo extremamente personalizado, ajustando-se à realidade e necessidade de cada paciente. Segundo o profissional, o ideal é uma abordagem multidisciplinar, que inclua a adoção de hábitos saudáveis no dia a dia. “Embora o uso de medicamentos seja parte integrante do tratamento para dor, não os considero como os únicos responsáveis pela melhora do paciente”, afirma.
Ele acrescenta que “elementos não farmacológicos, como atividade física, alimentação balanceada, sono de qualidade e o gerenciamento de estresse, ansiedade e depressão, constituem as bases fundamentais desse tratamento multidisciplinar”.
Na atividade física, as melhorias vão além do condicionamento físico e ocorre também a liberação de substâncias analgésicas que reduzem a dor. Já a retirada de determinados tipos de alimentos da dieta (como os ultraprocessados e produtos com excesso de açúcar refinado, sal e farinhas brancas) ajuda a combater a inflamação associada à dor crônica.
Há ainda diferentes técnicas e procedimentos que podem ser utilizados, como as infiltrações articulares, bloqueios na coluna, radiofrequência e neuromodulação. Este último é considerado o mais complexo e envolve a instalação de um eletrodo na coluna.
“Independentemente da técnica utilizada, é importante confiar no profissional responsável pelo enfrentamento da dor. O paciente deve estar bem orientado e consciente do procedimento, garantindo uma parceria sólida”, salienta Dr. Fabrício Favalessa.
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