As Organizações da Sociedade Civil (OSCs) enfrentam uma luta diária para superar as limitações financeiras. O principal foco de todas elas são as parcerias com o poder público e com as iniciativas sociais de empresas privadas através de editais. Um caminho que parece óbvio, mas que não é tão fácil.
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Um estudo desenvolvido em conjunto pela Pipa e pela Phomenta, duas organizações que atuam no desenvolvimento de entidades mais periféricas do terceiro setor, mostra que há uma conexão direta entre o tamanho da OSC e o êxito em editais.
“É uma luta desigual. As OSCs maiores conseguem captar recursos via editais de maneira mais fácil do que as organizações periféricas, de menor porte. A culpa não é das OSCs médias e grandes, mas de um conjunto de fatores: desde a visão deturpada e de desconfiança que a sociedade constrói dessas entidades pequenas até à falta de estratégia para abocanhar os editais”, lamenta Tomáz de Aquino Resende, especializado em assistência jurídica voltada para entidades sem fins lucrativos e presidente da Confederação Brasileira de Fundações (Cebraf).
Em percentuais, o estudo mostra que mais de 80% das entidades de médio e de grande porte conseguiram captar recursos por meio de editais, enquanto 59% das OSCs classificadas como “nano” ficaram de fora. O relatório, elaborado entre março e julho do ano passado, também mostra que o número de pessoas dedicadas a captar recursos dentro das organizações é relativamente parecido – em geral, tanto as organizações de grande porte quanto as “mini” e “nano” possuem em média duas a quatro pessoas.
A própria pesquisa explica, então, por que as entidades de grande porte são mais bem sucedidas na participação dos editais. Enquanto as menores recorrem a serviços de voluntariado na captação, as OSCs maiores remuneram esses funcionários. “É um dado revelador, que aponta para a necessidade de investimentos das entidades nas linhas de captação de recursos. Quem investe tem maior tendência de angariar mais recursos, e quem depende puramente do voluntariado corre o risco de não ter o melhor tipo de prestação de serviço com este fim”, defende o jurista.
Tomáz de Aquino também destaca a importância de as entidades do terceiro setor buscarem a formalização como meio de atrair mais credibilidade das empresas e da própria sociedade. Esse diferencial também está presente no estudo. No grupo das entidades que não conseguiram recursos via edital nos dois anos anteriores à pesquisa, 58,33% eram coletivos ou projetos sociais não formalizados. Já entre aquelas que se saíram vitoriosas na captação, 63,87% estavam formalizadas juridicamente.
“É um processo de profissionalização pelo qual as entidades terão de passar se quiserem sobreviver. A recomendação é que busquem suporte profissional para fazer essa formalização e manter-se com credibilidade no mercado e com os financiadores. Esse procedimento é muito importante, um primeiro passo para alcançar uma imagem mais próxima de quem pode contribuir para a sobrevivência da associação”, conclui o jurista, especializado em terceiro setor.