Após 12 anos, o Brasil voltou a figurar entre as 50 economias mais inovadoras do mundo. O país passou o Chile e conquistou o primeiro lugar na América Latina, ocupando o 49º lugar no Índice Global da Inovação. O ranking é divulgado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO, na sigla em inglês), em parceria, no Brasil, com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Mobilização Nacional pela Inovação (MEI).
+ Leia mais notícias no portal Amazônia Sem Fronteira
De acordo com a CNI, as cinco posições conquistadas pelo Brasil no ranking de 2023 colocam o país entre as economias que mais melhoraram o desempenho no IGI nos últimos quatro anos.
No topo da lista, os 10 países mais inovadores do mundo são Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Singapura, Finlândia, Holanda, Alemanha, Dinamarca e Coreia do Sul. Na América Latina, o Brasil ultrapassou, pela primeira vez, o Chile (52ª posição), que costumava ser o mais bem colocado da região. Entre os países do BRICS, o Brasil ocupa a terceira colocação, à frente da Rússia (51ª) e da África do Sul (59ª).
Como um dos segmentos que vem se destacando em inovação, a construção civil tem como aliada a engenharia química, que está presente no desenvolvimento de produtos e materiais inovadores. Com mais de cinco anos de experiência em Engenharia Química, Kamilla Pontes Siqueira de Souza Carvalho Domingos explica que a área desempenha um papel significativo no desenvolvimento de tecnologias e materiais de construção mais seguros, duráveis e sustentáveis, ao mesmo tempo em que reduz o impacto ambiental.
“Novas formulações de concreto de alto desempenho, por exemplo, reforçadas com nanomateriais, polímeros e aditivos especiais, tornam o concreto mais durável e resistente. Isso significa que as estruturas construídas com esses tipos de concreto podem ter uma vida útil mais longa, resultando em menos necessidade de reparos e manutenção ao longo do tempo”, comenta.
Outro exemplo destacado pela profissional são os isolantes térmicos de alta eficiência, como aerogéis, que estão sendo desenvolvidos para reduzir a perda de calor nas estruturas, economizando energia e reduzindo as emissões de CO2. “Em regiões com variações climáticas significativas, a aplicação desses isolantes térmicos é especialmente importante, onde a expansão e contração do produto, devido às mudanças de temperatura podem causar rachaduras. Menos rachaduras significam menos custos com reparos”, diz.
Reciclagem – De acordo com Kamilla Domingos, a engenharia química desempenha ainda um papel importante na pesquisa e desenvolvimento de novos materiais de construção a partir de resíduos reciclados. Atualmente, no mercado, já é possível ter acesso a concreto, asfaltos, tijolos e outros produtos feitos a partir de materiais reciclados.
“Isso envolve a formulação de novas misturas e o ajuste das propriedades para atender aos padrões de desempenho. Como muitos desses resíduos são descartados no meio ambiente, ao aprimorar a reciclagem, isso contribui também para a sustentabilidade e meio ambiente reduzindo assim o impacto ambiental”, conclui a engenheira química.
Brasil avançou cinco posições no Índice Global em Inovação em 2023
Em comparação com 2022, quando o país figurou na 54ª posição, o Brasil avançou cinco posições, o que colocou o país entre as economias que mais melhoraram o desempenho no IGI nos últimos quatro anos. Conforme informado pela CNI, o país demonstra desempenho destacado em indicadores como serviços governamentais online (14ª posição) e participação eletrônica (11ª posição). O pais também se destaca por seus 16 unicórnios (22ª posição), que representam 1,9% do PIB nacional em 2023. Adicionalmente, o país se sobressai na categoria de ativos intangíveis (31ª posição), alcançando resultados positivos em âmbito global, tanto no que se refere a marcas registradas (13ª posição) quanto ao valor global de suas marcas (39ª posição).
Também de acordo com a Confederação, na edição anterior, o Brasil demonstrou um desempenho superior no que diz respeito ao conjunto de indicadores relacionados aos “resultados de inovação”. Essa tendência se manteve na edição deste ano, com um aumento da discrepância entre os desempenhos na categoria de insumos e na categoria de resultados de inovação, passando da 59ª para a primeira categoria e da 49ª para a segunda. Isso indica que em 2023, os agentes que compõem o ecossistema de inovação brasileiro, ou seja, pesquisadores, empresas e governo, conseguiram inovar de forma mais eficaz, mesmo diante de condições menos favoráveis em comparação ao ano anterior.
A CNI observa ainda que, em análise comparativa com os demais países em desenvolvimento que compõem o índice, o Brasil se destaca por ter um desempenho em inovação acima da média em relação ao PIB. Os destaques gerais do país no IGI são o grupo de indicadores de sofisticação de negócios, em que o país ocupa a 39ª posição geral, e resultados de criatividade – 46ª posição geral.