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Como manter o equilíbrio entre trabalho e saúde mental?

Pesquisa da Endeavor indica: 85,6% dos empreendedores consultados relataram já terem enfrentado ansiedade em suas jornadas profissionais

Como manter o equilíbrio entre trabalho e saúde mental?
Como manter o equilíbrio entre trabalho e saúde mental?

A Endeavor Brasil divulgou, no mês passado, o estudo inédito Saúde e Performance de Pessoas Empreendedoras, em colaboração com o BID Lab, que mostra as dificuldades enfrentadas por empresários brasileiros em relação à saúde mental. Foram consultados 118 líderes de startups e scale-ups (empresas que aumentam a taxa de faturamento na faixa mínima de 20% em doze meses, ao longo de três anos seguidos).

De acordo com o levantamento, 91% dos empreendedores pesquisados conhecem alguma pessoa empreendedora que enfrentou desafios de saúde mental em sua jornada – além disso, 56% consideram a rotina de trabalho estressante ou muito estressante.

“Empreender já é um desafio e, nessa jornada, caminham juntos o medo e o desejo. Tratando-se da saúde mental de quem vive essa realidade, inicialmente, uma das maiores dificuldades consiste na sustentação dessa escolha que gera instabilidade emocional. São muitas demandas sociais e culturais exigidas de um empreendedor”, avalia Karine Pithon, psicóloga, psicanalista e empreendedora.

A pesquisa da Endeavor também apresenta um panorama sobre as condições adversas percebidas durante a trajetória empresarial, com destaque para ansiedade, burnout, depressão e ataque de pânico. O estudo aponta que 94,1% dos empreendedores participantes relataram ter vivido pelo menos uma condição adversa ao longo da trajetória – sendo a ansiedade a mais frequente, com 85,6%, enquanto 77,1% tiveram pelo menos duas condições e 38,1%, pelo menos três condições.

“O desejo desenfreado em torno do sucesso e o medo paralisante de fracassar levam a esse lugar competitivo. O excesso de trabalho e a busca pelo poder enfraquecem a mente humana e alimentam o ego. Nesse sentido, também é possível olhar em direção à falta de confiança e segurança em si mesmo, o que abre espaço para autossabotagem e procrastinação das responsabilidades”, acrescenta Karine Pithon.

Equilíbrio entre corpo e mente

Empreendedor com experiência na gestão de negócios, Marlon Freitas, fundador e CMO da Agilize Contabilidade Online, considera essencial a busca da integração entre saúde física e mental quando se fala de melhorar a performance nos negócios.

“Uma ferramenta muito importante que me ajuda no empreendedorismo é a filosofia, que representa um trabalho de autoconhecimento e a tentativa de me tornar uma pessoa melhor. Além disso, faço atividade física todos os dias, como musculação e corrida”, revela.

Essa visão é compartilhada com a psicóloga e psicanalista Karine Pithon, que enfatiza a relação próxima entre as questões físicas e mentais. “Não tem como desassociar mente e corpo. Ambos precisam estar alinhados para que o empreendedor consiga ser criativo e produtivo”, ressalta. Marlon Freitas comenta o desafio de liderar equipes na administração da companhia.

“Para manter o bem-estar e diminuir o estresse, devemos colocar a consciência no patamar mais alto que podemos alcançar. Tenho um time de 40 pessoas e preciso oferecer o melhor para que os colaboradores sejam melhores”, acrescenta o CMO da Agilize.

Estratégias para o bem-estar

Segundo a psicóloga e psicanalista Karine Pithon, a busca por um profissional da saúde mental deve surgir quando o empreendedor é uma extensão do seu trabalho, não se reconhece fora do ambiente profissional e não consegue ter uma vida pessoal.

Ainda de acordo com ela, quando o empresário desenvolve as aptidões pessoais e desconstrói as crenças limitantes, a autoconfiança domina a cena. Nessa lógica, o empreendedor estará estrategicamente voltado para si e não para o concorrente.

“É importante que o empreendedor tenha um percurso na sua terapia, tendo em vista o processo de autoconhecimento e acolhimento. Com isso, fica mais fácil estabelecer uma rotina de autocuidado por meio de um planejamento estratégico, sabendo separar as demandas de trabalho dos momentos de lazer na vida pessoal”, pontua.

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