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SOP pode atingir até 19% das mulheres em idade reprodutiva

A Síndrome do Ovário Policístico é uma condição crônica; médico reforça necessidade de que mulheres com síndrome façam o acompanhamento e desenvolvam maneiras de amenizar os impactos da doença no dia a dia

SOP pode atingir até 19% das mulheres em idade reprodutiva
SOP pode atingir até 19% das mulheres em idade reprodutiva

Um levantamento realizado pela BBC, com base em 10 anos de dados da Gallup World Poll, envolvendo mais de 120 mil pessoas em mais de 150 países, divulgado em dezembro de 2022, apontou que as mulheres estão mais irritadas do que há uma década. O estudo indicou que, desde 2012, comparativamente aos homens, os relatos de mulheres que expressam sentimentos como tristeza, estresse, raiva e preocupação são mais frequentes, embora nos últimos anos essas queixas tenham aumentado em ambos os sexos.

Diversas patologias são elencadas como consequência de quadros de estresse, e a Síndrome do Ovário Policístico (SOP) pode ser incluída nesta lista, de acordo com um estudo realizado pela USP (Universidade de São Paulo)

Outro estudo, publicado na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, aponta que a SOP “é uma desordem endócrina heterogênea” e a prática de exercício físico, juntamente com orientação nutricional, “tem sido recomendada como estratégia de primeira linha no tratamento da oligomenorréia, hirsutismo, infertilidade e obesidade nas mulheres com SOP”. Para o médico ginecologista Rafael Lazarotto, “praticar técnicas de relaxamento, como meditação e ioga, pode ajudar a reduzir o estresse e melhorar os sintomas da SOP”.

Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Síndrome do Ovário Policístico (SOP) elaborado pelo Ministério da Saúde (MS), a SOP é uma doença que resulta da combinação de diversos fatores e é caracterizada pelo aumento dos níveis de hormônios masculinos (hiperandrogenismo) e alterações reprodutivas. Embora a resistência à insulina e a obesidade não sejam critérios diagnósticos, são bastante frequentes e acabam por intensificar as diferentes manifestações da síndrome.

“Esse desequilíbrio hormonal pode ser causado por uma resistência insulínica, que é uma condição em que as células do corpo não respondem adequadamente à ação da insulina”, explica o ginecologista Rafael Lazarotto 

O PCDT registra que a SOP é considerada a endocrinopatia mais frequente, atingindo entre 6% e 19%, dependendo do critério de diagnóstico, das mulheres em idade reprodutiva. Para diagnosticá-la é preciso pelo menos dois entre os três seguintes critérios: anovulação crônica (ciclos irregulares), hiperandrogenismo/hiperandrogenemia e múltiplos folículos (20 ou mais, mediando entre 2 e 9 mm) ou um ovário com a medida superior a 10cm..

O diagnóstico da SOP é um diagnóstico de exclusão, mas deve ser realizado através de uma avaliação clínica, laboratorial e imagem. Um ciclo menstrual irregular, acnes, obesidade, hirsutismo (aumento dos pelos no rosto e no corpo), queda de cabelo, infertilidade e depressão são sintomas apresentados por pessoas com a enfermidade.

Implicações na vida da mulher moderna 

Como uma doença crônica, a SOP é uma condição que a mulher terá durante toda a vida. “A SOP pode causar ciclos menstruais irregulares, o que pode dificultar a gravidez e a um maior risco de abortamento, além de afetar a qualidade de vida de forma negativa”, comenta Rafael Lazarotto. 

Além das irregularidades menstruais, ela pode precisar lidar com um maior risco de câncer de endométrio e a infertilidade, de acordo com diversos estudos, como o apresentado por Pedro Vinícius Duarte Fernandes, Shara Sindel Gomes Silva, Symara Abrantes A. de Oliveira Cabral na UFCG (Universidade Federal de Campina Grande).

“Caso apresente anovulação, a fertilidade da mulher estará comprometida. Isso pode ser uma fonte de estresse emocional para muitas mulheres”, lembra Lazarotto. 

A SOP também está associada a um maior risco de obesidade e síndrome metabólica, o que pode levar a problemas de saúde como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Um desconforto de autoimagem pode surgir a partir do aparecimento de acne e pelos em excesso provocado pelo hirsutismo.

O médico ginecologista Rafael Lazarotto ressalta os efeitos causados também na saúde psicológica da mulher. “A síndrome pode aumentar o risco de ansiedade, depressão e outros problemas emocionais”.

Tratamento da SOP

Existem diversos tratamentos modernos disponíveis para a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), que podem ajudar a minimizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas. De acordo com Lazarotto, mudanças no estilo de vida, como a adoção de uma dieta saudável e a prática regular de exercícios físicos, podem ajudar a reduzir os sintomas da SOP e melhorar a saúde geral. Ele pontua que a perda de peso pode ajudar a melhorar os sintomas da SOP em mulheres que têm excesso de peso ou obesidade. 

“Em alguns casos, a cirurgia bariátrica pode ser recomendada para ajudar na redução do peso e melhorar a saúde em geral, não só os sintomas relacionados a SOP”, destaca Rafael Lazarotto.

Medicamentos também podem ser usados para controlar os sintomas da SOP, como acne, excesso de pelos e irregularidades menstruais, assim como intervenção cirúrgica pode ser necessária para remover cistos em casos raros em que a síndrome causa cistos ovarianos grandes e dolorosos. Mulheres que desejam engravidar também podem se beneficiar de tratamentos para indução da ovulação.

É importante lembrar que o procedimento deve ser individualizado de acordo com os sintomas e necessidades de cada mulher. A escolha do que será realizado deve ser feita em conjunto com um médico especialista em ginecologia que pode avaliar o quadro clínico e orientar sobre as melhores opções de melhorias.

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