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Reforma tributária deve provocar efeitos no mercado logístico brasileiro

A reforma tributária a ser realizada no Brasil impactará, em um primeiro momento, os tributos que incidem sobre a venda de mercadorias e serviços. Alterará de forma profunda a tributação sobre o consumo e a dinâmica dessas operações. Neste contexto, o segmento de logística também será severamente impactado, por conta da alteração na estrutura de custos tão relevantes para as empresas aqui instaladas.

Reforma tributária deve provocar efeitos no mercado logístico brasileiro
Reforma tributária deve provocar efeitos no mercado logístico brasileiro

No final de dezembro, o Congresso Nacional promulgou a Reforma Tributária, anunciada pelos parlamentares como uma medida para simplificar a cobrança de impostos sobre o consumo e impulsionar o crescimento econômico do país. De acordo com a Agência Senado, a Emenda Constitucional estabelece as bases para unificar os impostos sobre o consumo de estados e municípios, encerrar a guerra fiscal e aumentar a transparência nos tributos pagos.

Hoje, o imposto é recolhido na origem, fazendo com que os estados reduzam, posterguem ou isentem as empresas de impostos buscando atraí-las. O principal efeito da aprovação é a unificação, a partir de 2033, de cinco tributos — ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins — em uma cobrança única, que será dividida entre os níveis federal (Contribuição sobre Bens e Serviços) e estadual/municipal (Imposto sobre Bens e Serviços).

No final de 2023, o ILOS conduziu uma pesquisa com executivos de Supply Chain de grandes empresas no Brasil, na qual 78% dos participantes afirmaram que os fatores fiscais foram determinantes na definição das suas respectivas malhas de distribuição, com cerca de 40% do faturamento dessas empresas oriundos de centros de distribuição incentivados.

Para Patricia Bello, Supply Chain Transformation Director da Leroy Merlin, em 99% dos casos, o ganho tributário é maior do que qualquer custo de frete de transporte de locação colocado na equação. Segundo a executiva, o desenho de malha é uma equação complexa que quer balancear nível de serviço, ESG, custos e, no caso no Brasil, o aspecto tributário.

Na indústria de bebidas, por exemplo, também deve haver uma grande preocupação com a mudança da legislação. Isso porque a reforma tributária cria o Imposto Seletivo, com o objetivo de desestimular o consumo de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. Um exemplo de aplicação do IS é sobre cigarros e bebidas alcoólicas, que tem sido chamada pela imprensa de “Imposto do Pecado”. 

A proposta de equalizar impostos e eliminar a guerra fiscal é vista como um avanço para trazer transparência para o país. No entanto, há preocupações sobre a preparação do mercado e do governo para lidar com os impactos econômicos e logísticos dessa reforma. Justamente porque o Brasil é um dos poucos países onde a menor distância não é a mais barata e, consequentemente, a malha logística construída em função dos benefícios fiscais que vem de longa data.

Na avaliação de Luis Felipe Campos, especialista do mercado, embora haja discussões sobre as possibilidades e oportunidades que a reforma pode trazer, a falta de clareza sobre os detalhes concretos impede uma preparação eficaz, inclusive interferindo em investimentos exteriores, que pretendem atuar no Brasil. “É complexo ainda e envolve variáveis- como das malhas de abastecimento, que foram construídas ancoradas em benefícios fiscais pela maioria das empresas brasileiras. Além disso, é necessário tomar cuidado com as mudanças de políticas e tributos com o objetivo de não prejudicar investimentos estrangeiros no país.”

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