A participação das cooperativas de crédito vem crescendo no Brasil. Por oferecerem taxas de juros atrativas, rendimentos normalmente superiores aos do mercado e atendimento diferenciado, além dos principais serviços disponíveis nos bancos, essas instituições financeiras têm ganhado espaço entre os brasileiros, especialmente em pequenos negócios.
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Se somadas, as cooperativas de crédito representariam hoje o quarto maior banco brasileiro. Os ativos totais do SNCC (Sistema Nacional de Crédito Cooperativo) atingiram R$ 459 bilhões conforme estudo do Banco Central (BC), com crescimento de 23,5% ao ano. Essa taxa é superior à evolução do Sistema Financeiro Nacional (SFN), de 7,0%. Além disso, a carteira de crédito ativa do SNCC alcançou a marca de R$ 315 bilhões, condição que o consolidou como o segmento do SFN com maior expansão (35,9% no ano).
”Isso é explicado por que, cada vez mais, os empreendedores têm buscado alternativas menos onerosas de empréstimos, ou seja, com taxas vantajosas e atendimento personalizado”, avalia a diretora superintendente da Unicred Central Multirregional, Carolina Ramos. As cooperativas de crédito têm, em vez de proprietários, associados que se unem em torno de um objetivo em comum para proporcionar uma melhor situação financeira aos membros.
De acordo com o mais recente Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC), publicado pelo BC no final do ano passado, os associados no Brasil somaram 13,6 milhões em dezembro de 2022, com aumento da representatividade de integrantes pessoas jurídicas, que já correspondem a 15% do total. Por sua vez, a parcela da população brasileira ligada a essas organizações atingiu o patamar de 5,4%, com crescimento em todas as regiões.
De acordo com Carolina Ramos, as cooperativas de crédito representam uma opção interessante e segura para qualquer operação financeira dos associados. “As cooperativas desempenham um papel importante no desenvolvimento econômico local, principalmente em regiões onde o acesso ao crédito é limitado. Isso ocorre por que o dinheiro investido nas organizações locais tende a permanecer na comunidade. Dessa forma, girando e nutrindo a própria economia regional”, analisa.
O crescimento da participação das cooperativas também foi destacado pela 9ª edição da pesquisa “Financiamento dos Pequenos Negócios no Brasil“, realizada pelo Sebrae e publicada em dezembro do ano passado. O estudo, que analisa a maneira como empreendedores desse porte são financiados, mostrou que o crédito esteve menos concentrado nos últimos seis meses na comparação com a série histórica. Isso vale para instituições mais procuradas, assim como para aquelas que efetivamente concederam empréstimos. Apesar de os maiores bancos públicos ainda serem as fontes mais procuradas, as duas principais cooperativas de crédito do país, quando somadas, já ultrapassam a participação do Banco do Brasil no montante de pequenos negócios contemplados, o que dá a dimensão do cenário atual.
Apesar da expansão, Carolina Ramos destaca que esse movimento pode ser ainda maior, porém é necessário que as cooperativas de crédito tenham responsabilidade de gestão, de formação de lideranças e de governança corporativa. “É indubitável a importância da preparação e formação de times, diretores, presidentes, entre outras funções nas organizações. Dessa forma, cursos e treinamentos práticos on-line e presenciais são diferenciais para a entrega do serviço de excelência que buscamos”, afirma.
Uma pesquisa realizada pela PwC Brasil mostrou que representantes de 76% das cooperativas de crédito disseram ter compromissos públicos com ESG atrelados a suas estratégias, embora somente 48% trabalham com metas específicas.
As ações relacionadas às práticas ESG atraem o interesse da quase totalidade (98%) das 165 entidades brasileiras do setor de cooperativas de crédito participantes do levantamento. O percentual é resultado da soma entre os 75% muito interessados e os 24% razoavelmente interessados. Além disso, para 70%, essas práticas são muito importantes para o segmento.
“A pesquisa revelou que 51% dos entrevistados acreditam que incorporar as práticas ESG em suas cooperativas ajuda a atrair ou reter associados, constituindo uma ação positiva. Ou seja, se a pauta é importante e atrai o interesse das cooperativas, mas apenas 48% contam com metas, esse é um campo que tem muito espaço para crescer num futuro próximo”, afirma Elisa Simão, sócia da PwC Brasil e responsável pela pesquisa. “Por isso, a recomendação que fazemos é que as cooperativas incorporem os aspectos ESG em suas estratégias, usando dados para ampliar a transparência e melhorar a prestação de contas, além, claro, de elaborar planos vinculados a metas.”