No próximo dia 9 de março, será celebrado o Dia Mundial do Rim em mais de 800 localidades em todo o mundo, com o tema “Cuidar dos vulneráveis e estar preparado para os desafios inesperados”. A data tem como objetivo chamar a atenção para a necessidade de proteger e cuidar dos pacientes renais, especialmente durante eventos globais ou catástrofes locais, que aumentam a vulnerabilidade dessas pessoas.
+ Leia mais notícias no portal Amazônia Sem Fronteira
Os sistemas de saúde enfrentaram diversos desafios nos últimos anos, como a pandemia da Covid-19 e desastres ambientais, que demonstraram a importância da preparação para situações inesperadas. No Brasil, as dificuldades são ainda maiores para pacientes com doença renal crônica, especialmente aqueles que são socialmente mais vulneráveis e têm o diagnóstico em fases mais avançadas. O diagnóstico da doença renal já é um desafio inesperado para esses pacientes e suas famílias.
O Dr. Victor Jordão, nefrologista do Hospital Rede Mater Dei Santa Genoveva, alerta para a conscientização sobre as doenças renais e prevenção. De acordo com o médico, a doença renal crônica e a litíase renal (pedra nos rins) são as doenças mais comuns em seu consultório. Ele destaca a importância da prevenção, com bom controle de outras doenças de base prevalentes, como hipertensão e diabetes, além de uma boa alimentação, sobretudo pobre em sódio (sal em geral), controle de colesterol alto, obesidade e ingestão de água adequada. Não fumar também é um fator decisivo para não prejudicar mais os rins.
Os estágios iniciais da doença renal crônica são assintomáticos ou apresentam poucos sinais muito inespecíficos. Por isso, é essencial manter os exames de rotina em dia, sobretudo se tiver outras doenças associadas, como hipertensão, diabetes, problemas cardíacos, obesidade e colesterol elevado. “Recebo muito, no consultório, pessoas dizendo que os rins estão alterados, mas ‘não sentem dor’. A dor não é um sintoma da doença renal crônica. Está presente apenas nos quadros de pedra ou infecção nos rins. Quando em estágios mais avançados (rins funcionando menos de 25%), os principais sintomas são inchaço, pressão alta e de difícil controle, falta de ar, fraqueza e falta de apetite”, explica Jordão.
O médico enfatizou que a detecção precoce da doença renal crônica é o melhor tratamento, pois permite impedir sua progressão e melhorar a sobrevida e a qualidade de vida. “O ideal é um check-up anual, com exame de urina simples e hemograma, ureia e creatinina no sangue. Ao menos um ultrassom dos rins deve ser realizado na vida e, se existirem doenças associadas (principalmente hipertensão e diabetes), essa rotina deve ser mais frequente, tudo orientado pelo médico de confiança”, recomenda.
O tratamento varia desde medidas apenas preventivas, ação direta nas complicações que a doença renal avançada traz (anemia, distúrbios no osso, distúrbios na acidez do sangue do excesso de líquido), até medidas de substituição dos rins (diálise ou transplante), iniciada quando os rins, sozinhos, já não conseguem mais manter o organismo funcionando normalmente e sem sintomas.
A dieta pode afetar a saúde renal, e uma alimentação rica em frutas e verduras é a melhor maneira de cuidar dos rins. Alimentos ultraprocessados, ricos em sódio, ou o excesso de sal são prejudiciais aos rins, além de dificultar o controle da hipertensão. Por fim, o Dr. Victor Jordão alerta que os principais fatores de risco para doença renal crônica são hipertensão, diabetes e obesidade, e que não podemos evitá-los totalmente, mas podemos controlá-los com medicamentos, boa alimentação e vigilância do peso. Não fumar é vital para o bom controle dessas doenças de base e também como prevenção de doença renal.
O Dia Mundial do Rim é uma oportunidade para lembrar que a prevenção e o cuidado com a saúde renal devem ser prioridade para todos, especialmente para os mais vulneráveis. “A conscientização sobre a prevenção e detecção precoce das doenças renais é essencial para evitar complicações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, conclui o médico.