A edição 2022 da Pesquisa Vida Saudável e Sustentável, realizada pelo Instituto Akatu e Globe Scan, mostrou que 55% dos brasileiros se dizem dispostos a pagar mais por produtos ou marcas mais sustentáveis. A taxa se aproxima à média de consumidores (57%) de outros países que também foram ouvidos. O levantamento foi realizado em 31 países e, no Brasil, foram entrevistados mil consumidores.
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Outro dado revelado pela pesquisa é que 84% dos brasileiros declaram querer reduzir seu impacto individual sobre o meio ambiente e a natureza, contra 73% da média mundial. Os brasileiros também demonstraram ter noção de que nem sempre o que é bom para o indivíduo é bom para o meio ambiente. Pelo menos 81% dos respondentes do país concordaram com essa afirmação, contra 46% da média mundial.
A pesquisa é mais um exemplo de como consumidores estão mais atentos a produtos, serviços, marcas e empresas sustentáveis. Outra pesquisa, realizada pela consultoria Walk The Talk, questionou os respondentes sobre as principais preocupações dos brasileiros, como agem e o que esperam das empresas quando o assunto é ESG, a sigla em inglês para práticas ambientais (Environment), sociais (Social) e de governança (Governance) das organizações.
De acordo com o levantamento, que entrevistou 4.859 pessoas, entre homens e mulheres das classes A, B e C de todas as regiões do país, as principais preocupações dos brasileiros sobre questões ambientais, sociais e político-econômicas são: aquecimento global, desemprego, falta de acesso à saúde gratuita, aumento da pobreza e falta de acesso à educação gratuita.
A pesquisa mostrou também que pelo menos 20% dos brasileiros já boicotam marcas que não são sustentáveis. Atentos à essa tendência, empresas de vários nichos já iniciaram a mudança de suas práticas para atender aos critérios ESG. Com experiência de 25 anos no mercado de seguros, o corretor Leonardo Machado Dias Dowsley afirma que o tema vem ganhando cada vez mais espaço e notoriedade entre gestores de seguradoras.
“A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) publicou a circular n 666/2022, em que regulamenta e estabelece os requisitos de ESG que as seguradoras terão que cumprir. Essa regulamentação tem por finalidade implementar a apuração e mitigação de riscos ambientais, climáticos e sociais, levando em consideração o porte da empresa, suas atividades, serviços, operações e público externo, como clientes e fornecedores”, informa.
Dowsley explica que mais do que seguir regras, as seguradoras querem que as medidas para atender aos critérios ESG façam parte da cultura da empresa, de seus colaboradores, corretores, fornecedores e, também, de seus clientes (ou segurados). “As questões climáticas são prioridades dentro do mercado segurador, devido ao alto impacto que podem sofrer com sinistros, como secas e enchentes e, com isso, será cada vez mais comum as diligências ou inspeções em plantas ou projetos que tragam risco também para a saúde ou segurança das comunidades”, atesta o corretor.
O profissional ressalta que outro fato que mostra a atenção que as seguradoras vêm dando às práticas ESG é a estratégia adotada em suas carteiras de investimentos, que agora são apenas compostas por empresas que cumpram critérios de sustentabilidade, principalmente o social. “Já temos seguradora no Brasil que não aceita mais novos contratos de grupos que operem com combustíveis fosseis e de empresas que tenham relações análogas ao trabalho escravo”, acrescenta.
Profissionais terão que se adequar
Na análise do corretor de seguros Leonardo Dowsley, em um mercado que exige cada vez conhecimentos e como colocar em prática os critérios ESG, os profissionais terão que acompanhar esse novo momento. Ele lembra que o papel dos corretores será essencial, pois são o elo entre os clientes e as empresas.
“Conhecemos os dois lados. E de um lado as seguradoras vão precificar ou aceitar um risco seguindo os novos critérios de meio ambiente, sustentabilidade e governança; e do outro lado teremos empresas que contratarão apólices apenas de seguradoras com boa avaliação em ESG ”, ressalta ele, acrescentando que “os corretores de seguros com conhecimento em ESG, assim como os gestores das seguradoras, serão primordiais para evitar o aparecimento de “greenwashing”, que é o termo usado para as empresas que criam uma falsa aparência de sustentabilidade, induzindo o consumidor ao erro”.