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Cresce participação feminina no cooperativismo brasileiro

Em entrevista ao Instituto Fenasbac, jovem líder do cooperativismo financeiro avalia o cenário e aponta desafios de diversidade e equidade a serem vencidos no setor

Cresce participação feminina no cooperativismo brasileiro
Cresce participação feminina no cooperativismo brasileiro

Segundo dados do Anuário do Cooperativismo 2023, feito pelo Sistema OCB, houve crescimento da participação feminina no cooperativismo em 2022, com as mulheres representando 41% dos mais de 20 milhões de cooperados no Brasil. Em 2020 e 2021, esse percentual permaneceu estável em 40%.

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Também houve aumento da participação feminina em cargos de liderança nas cooperativas. Em 2021, 20% dos dirigentes de cooperativas eram mulheres. No ano seguinte, esse número subiu para 22%, sendo o segmento de crédito um dos que mais contribuíram para esse aumento.

No estado do Ceará, a participação feminina chegou a superar a masculina, atingindo 58%. Os setores do cooperativismo com maior presença de mulheres cooperadas são, segundo o Anuário, consumo, crédito, saúde e trabalho, e produção de bens e serviços.

“É difícil alcançar cargos mais altos em um ambiente que é majoritariamente masculino e pouco jovem, pois são muitas barreiras e etapas a serem vencidas”, afirma a líder cooperativista Karen de Lucena Cavalcanti, de 35 anos, que é presidente do Sicoob Central Nordeste, tendo ingressado no sistema há mais de 13 anos como estagiária, em entrevista concedida ao Instituto Fenasbac.

Outro dado do Anuário que levanta a questão da equidade de gênero no cooperativismo é a porcentagem de empregados homens e mulheres nas cooperativas. Em 2022, houve um aumento de 15% da participação feminina em relação a 2021, com o número de colaboradoras atingindo 51% da força de trabalho cooperativa e ultrapassando a participação masculina.

“Eu acredito que o cooperativismo já tem esse ambiente muito favorável à igualdade de gênero, porque faz parte da cultura do cooperativismo a valorização das pessoas e esse viés de diversidade”, explica Karen. A líder acrescenta que o movimento tem sido em direção à necessidade de sucessão, com maior participação das mulheres na liderança. “Precisamos participar cada vez mais de cargos de alta liderança”, completa.

Cooperativismo jovem e diverso

Outro dado destacado pelo Anuário é o quão “madura” é a liderança das cooperativas brasileiras. Segundo os dados do estudo, 60% dos homens líderes de cooperativas têm mais de 50 anos, enquanto, entre as mulheres líderes, o percentual é de 44%.

“Um dos grandes desafios das cooperativas financeiras hoje é renovar sua base de cooperados, concorrendo com grandes bancos tradicionais e fintechs, muito populares entre o público jovem”, diz Karen. “Com a tecnologia quebrando barreiras, começamos a perceber que é um público em potencial para ingressar no cooperativismo, mas ainda não conseguimos nos comunicar de forma eficiente com ele”.

“Apesar deste desafio, estamos tomando medidas para alcançá-lo, apresentando o cooperativismo financeiro como uma alternativa sustentável”, complementa.

Mais de 80% do total de líderes no cooperativismo tem mais de 40 anos. Segundo o estudo, isso indica a importância de traçar planos de sucessão para garantir o sucesso e a continuidade das cooperativas.

Karen ressalta a importância da diversidade em todas as “bases da pirâmide” das cooperativas. “Se, no topo das organizações, há baixa diversidade entre os tomadores de decisões, fica difícil conseguir acertar o ponto de atrair públicos diversos para o cooperativismo, de modo que essas pessoas se sintam, de fato, participantes do negócio”. Para ela, quando não há diversidade, os grupos não se sentem representados por quem está na alta liderança.

A presidente e diretora executiva da Sicoob Central Nordeste vai além e afirma que a luta pela equidade de gênero não se dissocia da necessidade de abrir espaço aos jovens. “Precisamos fazer com que as pessoas acreditem que uma força de trabalho feminina e jovem é positiva, bem-sucedida e gera resultado”, diz a gestora.

Por fim, Karen avalia que o cooperativismo “é para todo mundo” e que isso precisa estar refletido dentro da cultura e gestão das cooperativas financeiras. “Temos avançado bastante nisso, mas ainda há um longo caminho a percorrer”, pontua. “Quando falamos que cooperativismo é para todo mundo, precisamos, primeiro, aprender a nos comunicar com esses grupos para fazer isso chegar de forma simplificada e acessível para todos os interessados pelo modelo”.

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