A saúde mental tem se tornado cada vez mais discutida e observada, principalmente após os impactos da pandemia de Covid-19. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), quase um bilhão de pessoas no mundo vivem com algum transtorno mental, potencialmente agravado pela recente crise sanitária. O assunto que já era discutido há alguns anos, passou a contar com diversas ações e campanhas com objetivo de conscientizar as pessoas sobre o tema.
O mês de janeiro foi escolhido para representar a campanha pois, por ser o primeiro mês do ano, costuma inspirar as pessoas a fazerem reflexões sobre a vida e objetivos. Criada em 2014 e atualmente em sua 10ª edição, a campanha deste ano tem como tema o equilíbrio da saúde mental. A iniciativa é um movimento social e tem como objetivo a conscientização e construção de uma cultura para a tratativa do tema.
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Mesmo diante de ações e maior abrangência do assunto, a saúde mental no mundo tem apresentado uma piora nos últimos anos. Um resumo científico também divulgado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), apontou que só no primeiro ano da pandemia de COVID-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%. Não por acaso, foi também durante a pandemia que 60% dos brasileiros iniciaram tratamento de terapia, de acordo com uma pesquisa do Instituto FSB, encomendada pela SulAmérica.
Para Felipe Laccelva, psicólogo e CEO da Fepo, plataforma de terapias online, a campanha “Janeiro Branco” é de extrema importância: “É um momento especial para sensibilizar as pessoas sobre a importância dos cuidados da saúde mental, assim como o corpo precisa de cuidados, a nossa mente também”, afirma.
O especialista também aponta que houve um avanço no debate e na conscientização para uma melhor saúde mental: “Nos últimos anos houve um grande avanço na conscientização sobre esse tema, antigamente era comum escutar que psicólogo era apenas para quem tinha alguma doença psicológica grave, mas hoje, esse tipo de discurso é menos comum”, comenta.
Saúde mental no meio corporativo
Além de transtornos como ansiedade e depressão, a Síndrome de Burnout também tem ganhado destaque nos últimos anos. Uma matéria publicada na Associação Brasileira de Medicina do Trabalho, mostra que a pesquisa do International Stress Management Association (Isma) constatou que atualmente 30% dos profissionais brasileiros sofrem com a doença.
O Burnout, reconhecido como doença ocupacional em 2022 pela OMS, é um distúrbio emocional e possui sintomas como: exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastantes; a principal causa da doença pode ser o excesso de trabalho.
É importante ressaltar que todo e qualquer diagnóstico precisa ser feito por um médico especialista e a atenção à saúde mental deve continuar não somente em momentos difíceis. Para além do “Janeiro Branco”, o Conselho Federal de Psicologia também divulgou recentemente a campanha “De janeiro a janeiro” com objetivo de reforçar a necessidade de um cuidado contínuo e integral para a saúde mental.
Laccelva conclui que mesmo diante do cenário pandêmico, as pessoas têm se mostrado mais receptivas aos cuidados. “Apesar de todas as dificuldades que a pandemia causou, ela também ajudou as pessoas a ressignificarem a importância dos cuidados da saúde mental e hoje aparenta ter um espaço muito maior na sociedade”, finaliza.