Senador pediu à PGR que ministro deixe relatoria dos inquéritos sobre atos extremistas; Moraes mandou investigar parlamentar
Os diversos estágios que compõem as versões do senador Marcos do Val (Podemos-ES) sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado e de gravação ilegal para comprometer um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) agora incluem mais um passo: Alexandre de Moraes passou de orientador no combate a um “plano esdrúxulo” — como definiu o próprio parlamentar — a alvo de um pedido para ser afastado da relatoria dos inquéritos sobre os atos extremistas. Contudo, as diferentes histórias contadas pelo parlamentar fizeram Moraes determinar que o senador seja investigado para saber se ele mentiu.
O senador entrou com um pedido junto à Procuradoria-Geral da República (PGR), na sexta-feira (3), para impedir que Moraes continue à frente das investigações sobre os atos do dia 8 de janeiro e sobre as ações que questionam o resultado das eleições de 2022. A alegação é que o ministro não é imparcial em relação aos episódios, já que teria sido alvo de tentativa de um golpe orquestrado pelo ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Isso ocorreu após o ministro Alexandre de Moraes ter dito, em evento em Lisboa, que propôs a Do Val prestar depoimento para oficializar o que teria ouvido em reunião com Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 9 de dezembro. Moraes comentou as declarações do senador e definiu como “operação tabajara” a tentativa de gravá-lo. Do Val negou ter sido orientado pelo ministro a depor.
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Segundo o relato do senador, feito a jornalistas na manhã de quinta-feira (2), Silveira teria armado o plano porque estava “desesperado para manter sua posição, seu networking, no Congresso” e queria tentar registrar o ministro do STF “ultrapassando as quatro linhas da Constituição” com o objetivo de prendê-lo e afastá-lo da liderança de investigações.
Em um primeiro momento, na quarta-feira (1º), Do Val falou em “coação” por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas voltou atrás. Na nova versão, o senador disse que Bolsonaro se manteve calado enquanto Silveira apresentava a proposta. “O que parecia era que havia um combinado: ‘Se eu conseguir um senador para gravar, você topa?’ O entendimento que ficou foi esse, mas isso não foi dito.”
( Por: Bruna Lima, do R7, em Brasília )
Fonte: R7.COM