Professor de uma escola pública de SP informou que a presença dos alunos caiu drasticamente após os recentes ataques
Os últimos ataques à Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, e ao Centro Educacional Infantil Cantinho do Bom Pastor, em Santa Catarina, nos dias 27 de março e 5 de abril, respectivamente, levantaram uma onda de medo e preocupação em pais de alunos de colégios públicos e particulares.
Essa sensação de insegurança tem feito responsáveis diminuírem a ida de seus filhos às instituições de ensino, como Adriana Stefany, mãe do pequeno Yann, de 6 anos, que estuda em uma escola pública da cidade de Caldas Novas, em Goiás.
Antes desses casos acontecerem, nunca tive medo de mandar meu filho para a escola. Na verdade, nem era algo em que eu pensava muito. Agora, depois da tragédia em Santa Catarina, eu tenho medo todos os dias. O Yann tem a mesma faixa etária das quatro criancinhas que morreram naquele dia. Eu chorei muito pensando que pudesse ter acontecido com ele. Em alguns dias nem o levei porque estava muito preocupada”, contou ao R7.
Segundo a dona de casa, a escola do filho está tentando manter uma comunicação mais próxima e clara com os pais para evitar notícias falsas sobre supostos ataques. Mesmo assim, avalia que isso não é suficiente para aumentar sua confiança na segurança.
Eles disponibilizaram um número de WhatsApp onde a gente consegue tirar dúvidas, e eles mandam comunicados sobre a vigilância dentro do colégio. Acho que isso é bom, mas não é a única coisa que deve ser feita. Concordo que precisa ter agentes de segurança dentro das escolas, detectores de metal, revista de mochilas e também psicólogos que ajudem alunos que sejam vítimas de bullying”, disse ela.
Assim como Adriana, Nycole Parreira, mãe de Heitor, de 4 anos, tem preferido manter o filho, que também estuda em escola pública, em casa por alguns dias. Ela relatou que vem recebendo mensagens sobre supostos ataques em sua cidade – Ubá, no interior de Minas Gerais – e prefere não correr o risco, embora nenhum tenha sido efetivo.
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No entanto, acredita que nada substitui o ensino dentro da sala de aula. “Quero proteger ele, mas é importante que ele conviva com outras crianças e saiba crescer em sociedade.”
Não são só os pais
Um professor de uma escola da rede estadual da zona oeste de São Paulo, próxima à escola Thomazia Montoro, e que preferiu não se identificar, disse que os comportamentos de Adriana e Nycole não são isolados. Segundo ele, a presença dos alunos em sala de aula diminuiu drasticamente.
“Houve uma queda significativa na instituição onde eu leciono. E, conversando com outros colegas, soube que isso não é só da minha região, é nacional. Nas minhas listas de chamada, geralmente, tem entre 40 e 50 alunos, mas nem 25% disso estão indo às aulas”, afirmou.
O docente explicou que esse medo não vem só dos pais. “Falei com alguns estudantes, e eles disseram que estão sofrendo com crises de ansiedade, não querem voltar para a escola porque têm medo de que algo semelhante aconteça por aqui. Para piorar, tem alarmes falsos que provocam ainda mais terror nos alunos, pais e toda a comunidade. Algo precisa ser feito nas escolas, mas também no entorno.”
O professor comenta ainda sobre os possíveis projetos em relação à segurança nos estabelecimentos de ensino. “Vejo muita gente falando sobre colocar detectores de metais nas portarias das escolas, contratar segurança, mas é muito difícil acreditar que isso irá acontecer. Eu trabalho em uma instituição pública e vejo de perto que não temos estrutura nem para o básico, como lâmpadas, que vivem quebradas”, descreveu.
Fonte: R7.COM