A invasão russa da Ucrânia já causou horrores e prejuízos diretos enormes, matando milhares e desalojando milhões, mas também fez outro tipo de estrago: acabou com as experiências normais de adolescentes como esses em Sloviansk, que moram perto das zonas de combate
A cratera imensa, aberta por um míssil russo e cheia de água, dificultava o trânsito em uma das ruas da cidade. O pequeno grupo de adolescentes que passava por ali achou o detalhe curioso. “Olha só, ganhamos um lago! Dá até para nadar”, exclamou Denys, de 15 anos.
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De moletom largo, mochila pendurada sobre um ombro, os jovens caminhavam pelo centro de Sloviansk, cidadezinha na linha de frente do leste da Ucrânia, por pura falta de ter o que fazer em uma tarde de primavera.
Passaram por soldados uniformizados e prontos para o combate, armados com fuzil, seguindo para as trincheiras a pouco mais de 30 quilômetros dali, e viram a movimentação dos caminhões militares, levantando nuvens de poeira. Estão vivendo o período da adolescência em compasso de espera por causa da guerra que os cerca — sem baile nem cerimônia de formatura, sem cinema, festas nem esportes.
A invasão russa da Ucrânia já causou horrores e prejuízos diretos tremendos — matou milhares e desalojou milhões, mas também fez outro tipo de estrago: acabou com as experiências normais de adolescentes como esses em Sloviansk, que moram perto das zonas de combate, tendo de viver em cidades arrasadas, frequentemente atingidas por foguetes. “Eu só queria ter uma vida normal. Passo os dias jogando no meu quarto ou zanzando por aí com meus amigos. Já percorremos a cidade toda, conhecemos cada esquina de cor. Perdeu a graça”, disse Mykyta, de 16 anos.
Durante uma dessas incursões pelo centro, seis jovens falaram com humor de como lidam com as dificuldades impostas pela guerra e com o medo dos ataques russos, fazendo graça com tudo, inclusive uns com os outros. Foram identificados apenas pelo primeiro nome por causa da idade.
Fonte: R7.COM