O diagnóstico precoce dos casos de hanseníase é essencial para viabilizar a cura, conseguida por meio de tratamento ofertado pela Prefeitura de Manaus na rede de atenção primária à saúde. Ao começar a tomar as primeiras doses dos antibióticos o ciclo de transmissão da doença já é interrompido, mas uma das barreiras enfrentadas pelos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), que impede o diagnóstico e a adesão à terapêutica medicamentosa, é o preconceito.
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A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae, também conhecido como bacilo de Hansen. A transmissão ocorre quando uma pessoa doente, sem tratamento, elimina o bacilo por meio de secreções nasais, tosses ou espirros, transmitindo a doença para os contatos próximos por tempo prolongado.
Em um esforço para quebrar as barreiras que impedem que a terapêutica que é composta pelos medicamentos rifampicina, clofazimina e dapsona, equipes da Semsa utilizam o Questionário de Suspeição da Hanseníase (QSH), um instrumento aplicado em unidades de saúde e escolas durante ações de sensibilização e também pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs).
O subsecretário municipal de Gestão da Saúde, Djalma Coelho, explica que a partir de perguntas realizadas aos usuários é possível avaliar sinais e sintomas típicos, informações fundamentais que permitem a agilidade no tratamento.
“Nós enfatizamos muito o diagnóstico precoce, porque a partir dele podemos iniciar logo o tratamento, que tem duração de seis meses a um ano. O tratamento é essencial para evitar lesões, que são irreversíveis e causam um prejuízo físico, emocional e tem consequências na vida social desse paciente”, observa o subsecretário.
Sinais e sintomas
A técnica do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, enfermeira Eunice Jácome, explica que a ferramenta reúne um conjunto de questões que auxiliam na identificação precoce de casos suspeitos de hanseníase.
“O foco deste instrumento consiste na avaliação de sinais e sintomas típicos, como manchas na pele, dormência e fraqueza muscular. As informações coletadas permitem o encaminhamento de casos suspeitos para confirmação diagnóstica e início imediato do tratamento. A Semsa vem intensificando a aplicação do questionário pelos agentes comunitários em áreas que apresentam maior incidência de casos e recidivas da doença nos últimos três anos. Mas, é importante ressaltar que, o sigilo dos possíveis casos identificados na comunidade é garantido”, destaca a enfermeira.
Desde sua implantação, em 2022, o QSH possibilitou o encaminhamento de 130 pessoas com suspeição para o diagnóstico. Desse total, 19 foram confirmados e iniciaram tratamento para hanseníase. Este ano, um caso novo já foi diagnosticado e está em tratamento.
“O questionário é muito eficaz na busca ativa de casos para a identificação precoce da hanseníase, porque ele contribui para o controle da doença e redução do número de novos casos com incapacidades físicas, que é o que queremos evitar”, assinala a enfermeira.
Abordagem
O trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde é essencial para que o objetivo principal do questionário, que é o diagnóstico precoce, seja atingido. Os ACSs realizam entrevistas em domicílio, independentemente de haver histórico de casos na residência. Paralelamente à coleta de dados, as equipes levam informações de reforço às campanhas educativas.
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“Essas equipes participam de capacitações de modo a aprimorar essa aproximação junto ao usuário, reforçando a construção de um vínculo de confiança e respeito com os pacientes, que permeia todo o fluxo de atendimento e acompanhamento dos usuários. Essa relação de segurança abre caminho para o tratamento e é a base para o seu sucesso”, enfatiza Eunice Jacome.